A história e a geografia ensinadas a partir de alguns lugares da cidade. Essa é a proposta do projeto Conhecer Londrina que tem uma dimensão teórica e prática que compreende estudo de campo, aula de campo, estudo da cidade - e se aprofunda em abordar como a história e a geografia estão presentes no estudo da cidade de Londrina.

De acordo com a responsável pelo Apoio Pedagógico de História e Ensino Religioso da Secretaria de Educação de Londrina, Eliane Candoti, o professor passa por uma formação que inclui o estudo teórico e as visitas aos lugares a serem estudados pelos estudantes- com ênfase nos aspectos históricos e geográficos presentes em cada ponto do roteiro. "O projeto tem mais de 30 anos e ora é feito com transporte do município, ora custeado pelas escolas para que a criança possa não só explorar o entorno da sua escola, mas aprender sobre a cidade a partir dos lugares", explica.

André Oliveira: "O cinema é uma ferramenta que une a pedagogia o entretenimento."
André Oliveira: "O cinema é uma ferramenta que une a pedagogia o entretenimento." | Foto: divulgacao

Candoti considera que a vivência sempre representa uma experiência mais rica. "Por meio da oportunidade de constatar, presencialmente, em campo, os conteúdos oferecidos em sala de aula". A professora reforça que a grande lousa do professor é a paisagem. "E aí o professor vai agregando as informações porque a criança tem a necessidade de tocar. O paralelepípedo, presente no Centro Histórico, o basalto usado no barrado da construção, os frisos da arquitetura dos anos 40, relevos que decoram as paredes, as xilogravuras do Memorial do Pioneiro, o contato com a peroba no bosque", cita.

Um dos resultados das visitas vem de uma constatação do Museu Histórico. "Nos finais de semana, vários alunos que estiveram no museu retornam para visitar o museu com seus pais, como devem fazer com outras experiências do percurso", comenta. "Chegam em casa tão entusiasmados que contagiam os familiares e isso significa que a experiência é dividida com a comunidade", afirma.

Lugares para conhecer a história de Londrina e seu povo

Tendo como ponto de partida a história da própria escola e o bairro onde está construída, o roteiro prevê pontos que descrevem a relação de Londrina com seus habitantes e também como a trajetória dos dias do passado ainda se faz presente e relevante de estudo nos dias de hoje. O Marco Zero, o Monumento “O Passageiro”, a Rodoviária, a Praça do Viajante, o Relógio do Sol, a Cerâmica e Serraria Mortari e as construções antigas da Avenida Duque de Caxias são alguns exemplos. "Temos o currículo embasando essa prática porque o Estudo das Cidades aparece com diferentes recortes e com isso estamos trazendo os conteúdos trazidos na BNCC - Base Nacional Comum Curricular."

Nesse ponto, a peroba rosa 
 no bosque, o Colégio Mãe de Deus e a Igreja Metodista
Nesse ponto, a peroba rosa no bosque, o Colégio Mãe de Deus e a Igreja Metodista | Foto: Divulgação

Ao priorizar o aprendizado sobre o município, patrimônios históricos culturais materiais e imateriais, o projeto é destinado aos estudantes do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA), podendo ser estendido a outros anos e também ao público interessado em conhecer aspectos históricos e geográficos da cidade de Londrina. Ainda despertam muito interesse a Concha Acústica, a Casa da Criança - Secretaria de Cultura e Biblioteca Infantil (O Painel de azulejo da Casa da Criança), a Igreja Matriz – Catedral, a antiga Estação Ferroviária, a Maria Fumaça e O Cafeeiro e as exposições do Museu Histórico de Londrina.

Projeto escolar leva famílias a reviver patrimônio histórico cultural de Londrina

Uma outra proposta que tem atraído famílias para o centro histórico de Londrina é o projeto “Eu, o Outro e o Meio”, idealizado pelos professores do Colégio Marista de Londrina André Oliveira, de geografia e Thiago Garcia, Ensino Religioso. A ideia é que os estudantes conheçam o cinema de rua e possam reviver antigas memórias com os pais e avós.

Tampa do Bueiro - Escoamento de Água Centro De Saúde - UBS Centro
Tampa do Bueiro - Escoamento de Água Centro De Saúde - UBS Centro | Foto: Divulgação

Do ponto de vista dos professores, viver a nossa história é entender como eram a cidade e os costumes nas décadas passadas e isso representa uma vivência muito rica. "Por isso, devemos preservar patrimônios históricos da cidade. Melhor ainda é ouvir as histórias de nossos familiares sobre momentos vividos ali”, explicam.

Por meio do projeto “Sessão Marista Villa Rica”, as famílias dos estudantes do sétimo ano do Ensino Fundamental assistiram ao clássico “O Rei Leão”, no Espaço Villa Rica, antes Cine Vila Rica. Nas duas sessões realizadas recentemente, Oliveira considera que a ação alia a história local, a relação entre a comunidade e seu patrimônio histórico. Ao todo, 200 pessoas participaram do evento.

Segundo André Oliveira, a escolha do longa foi feita com base no sucesso do clássico. Lançada em 1994, a animação “O Rei Leão” foi vista, na época, por crianças que hoje são pais e podem viver a mesma experiência com seus filhos. Oliveira é mestrando em Ensino e Geografia pela UEL (Universidade Estadual de Londrina) e também atua como programador de filmes no Espaço Villa Rica.

O Cine Villa Rica é um recorte de seu trabalho de mestrado. "O principal conceito trabalhado é o de lugar, que é algo abstrato e para que tenha significado precisa ter uma relação com o sujeito, um vínculo e um senso de pertencimento. Os estudantes do projeto não conhecem o cinema de rua que fez parte da vivência de seus pais e avós, então essa apresentação é uma forma de valorizar a memória da cidade", expõe.

Quando aborda o cinema de rua de Londrina, Oliveira destaca que há uma série de elementos desse tempo, desde a sua inauguração, em 1968, até o encerramento das atividades, em 2001. "O bosque e as atrações com os animais e parquinho, que era onde as pessoas tinham lazer; o sorvete italiano e situações não conhecidas nos dias de hoje como ficar na fila que dobrava a esquina, descobrir que a sessão estava lotada e ir passear no Calçadão para garantir o programa na próxima", lembra.

Por trás da história do Villa Rica, um programador na ativa

É com entusiasmo, conhecimento e vivência que André Oliveira fala sobre cinema e sobretudo sua experiência com o cinema de rua. Sua primeira anotação na carteira de trabalho foi feita em 1999, quando foi contratado para trabalhar no Vila Rica. "Fiquei até 2001, fui o último operador de filme, à época 'Um homem de família', com Nicolas Cage".

André Oliveira
André Oliveira | Foto: Walkiria Vieira - Grupo Folha

Um registro fotográfico documentou o encerramento das atividades. Lá estava André, retirando o cartaz. "Quando virou cursinho Vetor, vim estudar aqui." Em 7 de abril, foi a vez de o programador entrar em cena novamente e exibir o primeiro filme para o público aberto, Belfast, única sala de Londrina a oferecer o título. "Eu dou aulas há 16 anos, quando o cinema aqui fechou, fui trabalhar no cinema do shopping e me tornei conhecido pelos alunos e seus responsáveis como o 'tio do cinema' e penso que usar a cultura para despertar o conhecimento é uma ferramenta."

O elo de Oliveira com a telona é uma evidência em total exibição. "Os alunos podem aprender e se divertir em atividades como o cinema, e é importante destacar que a escola não é somente para ser acadêmica, ela pode propiciar vivência e, a partir do momento, em que os alunos se deparam com essa possibilidade, podem encontrar em si um cinéfilo, um apreciador de cultura e ainda um referencial da família por esse gosto que desenvolveu", afirma.

Em suas práticas, o professor explica que um programa de cinema envolve toda uma cadeia produtiva. "Você assiste a um filme onde trabalharam pessoas do mundo todo e em duas horas de entretenimento tem várias experiências como comer uma pipoca que foi estourada em uma máquina fabricada nos Estados Unidos, comprada em Curitiba, com um milho plantando em uma cidade, beneficiado em outra e servido em uma embalagem personalizada", encanta-se.

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