Modo artesanal de produção é algo de respeito. Em tempos de materiais pasteurizados e produzidos sob encomenda express, conhecer um produto feito com sentimento, tempo e sem pressa de atingir sua excelência aguça os sentidos. Assim é a obra de estreia do artista el escama, álbum homônimo que reúne 10 faixas.

El Scama revela "manual de instruções da alma"em disco de estreia
El Scama revela "manual de instruções da alma"em disco de estreia | Foto: Ricardo Marchetti/ Divulgação

No melhor modo slow de consumo, o produto final artístico é para apreciar sem moderação - ouvir, sentir, ouvir de novo, outra vez e novamente. Produzido por Julio Anizelli, no Plugue Estúdio, em Londrina, as composições são der el escama, exceto "Error", composta em conjunto com Ian, e Razão, que também ganhou composição conjunta ao lado de Paulo Argollo.

"O disco foi feito com cautela, no tempo do autor: "A ideia era gravar uma música por vez, então quando rolava um feriado prolongado, eu viajava pra lá (Londrina) e gravava uma música. Sempre uma por vez. Sem pressa. Pra aproveitar". O cantor soube curtir cada etapa do processo de construção da obra, "Antes de cada viagem, outro pequeno prazer: a elaboração da minha própria ficha técnica. Ou seja, pensar em como as músicas deveriam soar e convocar os músicos ideais para transformar isso em realidade."

O álbum conta com participação de Carlos Maltz (Engenheiros do Hawaii) e Cluster Sisters (Superstar). Nascido em São Paulo, el escama compõe e toca desde jovem. Continuamente imerso em pesquisas musicais, coleções de discos e trabalhado por anos em um estúdio de gravação em Londrina, sentiu o desejo de dar vida a um projeto autoral.

Para tal, o artista retornou a São Paulo, onde começou a dar forma ao seu primeiro disco, com uma regra auto imposta: convidar apenas amigos para a ficha técnica. Dentre eles, Carlos Maltz, baterista do Engenheiros do Hawaii, contribuindo em Error e Amores Inúteis, e as Cluster Sisters, que foram destaque na primeira edição do reality show Superstar, na Rede Globo, colorindo os vocais de Vale Um Segredo. Produção, gravação, mixagem e masterização: Julio Anizelli no Plugue Estúdio em Londrina.

Para el escama, o álbum é uma celebração à vida. O compositor escreve músicas desde criança e sentia uma certa cobrança interna em registrá-las de uma forma mais caprichada. "O disco me soa como um alívio nesse sentido. Mesmo com os times diferentes tocando em cada música, percebo uma unidade ali. Talvez pelo fato do meu violão permear todos os momentos ou, simplesmente, por todas as músicas serem filhotes de um mesmo autor”, descontrai.

Segundo o artista, as canções são um punhado de observações sobre peculiaridades e manias humanas numa pegada folk-indie-pop-rock. Muitas faixas são sobre a passagem do tempo e o amadurecimento. Nem sempre com uma visão otimista. "O sarcasmo é uma linguagem frequentemente utilizada, mas no fim há leveza mesmo nos temas mais pesados", afirma. "Por fim, o álbum é uma espécie de manual de instruções da alma de el escama", define. Produção, gravação, mixagem e masterização: Julio Anizelli no Plugue Estúdio em Londrina.

Conheça um pouco mais o artista

Qual seu nome de batismo e o significado de scama, como se deu a sua escolha?

Meu nome de batismo é Victor Emmanuel de Paula Machado (Victor Machado). Assumi definitivamente el escama quando morei em Londrina, mas a origem dele está nos primórdios da internet. Era o meu nickname nos chats do Mirc, um programa de bate-papo on-line da década de 1990. Na verdade, naquela época era só Escama. Mas, por ser uma palavra assexuada, ninguém sabia se eu era O Escama ou A Escama. Assim, eu acabava tomando muita cantada dos caras! Então acrescentei o “el” que é a versão castelhana do nosso carismático artigo definido masculino conhecido como “o”. Optei pelo “el” porque acho que passa um lance mais misterioso, sombrio. Muito tempo depois, já em Londrina, comecei a desenvolver projetos gráficos pra algumas bandas importantes da cidade como Mama Quilla, Base 2 e Cluster Sister (o disco conta com participações de integrantes dos três grupos) e resolvi assiná-los como el escama. Em letras minúsculas por pura frescura de designer, sabe? Aí o apelido pegou de vez!

Conte um pouco sobre as suas influências artísticas nacionais e internacionais.

Pesquiso e me encanto com a cena alternativa da música brasileira há pelo menos 20 anos. Então consumo muito material dessa fonte além da música popular dos anos 70 e do rock dos anos 80, 90 e 2000. De fora, sou um grande tarado nas bandas dos anos 60. Amo as harmonias vocais e o experimentalismo que começou ali e depois virou loucura nos 70. Também ouço muito folk e indie rock, especialmente o que aparece a partir dos anos 90.

Você é formado em música?

Não e nem sei tocar direito! Mas tenho uma quilometragem respeitável como ouvinte de música e essa fome de descobrir novos artistas. Como esse consumo rola numa escala consideravelmente alta, ele acaba fornecendo as referências necessárias pras minhas composições. Porém, entre os diversos e excelentes músicos que contribuem com seu talento para as canções do meu disco, tem alguns formados aí de Londrina como Diogo Burka, Pedro Mello, Sara Delallo e Filipe Barthem.

Pintura da capa segue modo artesanal da produção do álbum
Pintura da capa segue modo artesanal da produção do álbum | Foto: Paulo Argollo

Serviço:

Lançamento do "el escama"

Artista: el escama

Produção: Julio Anizelli, Plugue Estúdio

Para ouvir acesse aqui: aqui