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Folha 2 5m de leitura

Os melhores filmes de 2023, segundo os críticos e jornalistas

Confira os melhores filmes do ano que termina, são produções nacionais e internacionais escolhidas por quem entende de cinema

ATUALIZAÇÃO
27 de dezembro de 2023

Folhapress
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SÃO PAULO, SP - Neste ano, as megaproduções "Barbie", de Greta Gerwig, "Oppenheimer", de Christopher Nolan, e "Super Mario Bros.: O Filme", de Aaron Horvath e Michael Jelenic, foram os responsáveis por alavancar as bilheterias dos cinemas aos níveis pré-pandêmicos.

Enquanto a Marvel não emplacou nenhum título como o esperado, outros filmes ganharam merecido destaque em 2023 - alguns depois de passar por festivais internacionais como Cannes, Berlim e Veneza, enquanto outros rodaram pelo circuito nacional.

A Folha de S.Paulo reuniu sete profissionais envolvidos com a cobertura de cinema para indicar, cada um deles, cinco dos melhores filmes lançados neste ano.

A seleção levou em conta filmes que foram exibidos também em festivais e mostras ao longo do ano no Brasil, alguns deles entrando em circuito no começo do próximo ano.

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Henrique Artuni - Editor-assistente da Ilustrada

Anatomia de uma Queda

Direção: Justine Triet (Estreia em 22 de fevereiro)

Muitas coisas caem nesse filme, desde uma bolinha e um corpo até a nossa crença no mundo visível. Além de todos os aspectos que já foram ditos sobre o enredo do filme, é mais uma prova da versatilidade de Justine Triet, novamente com uma obra de gênero que vai muito além da superfície --e dá um pouco de dignidade ao cinema francês contemporâneo.

Anatomia de uma Queda, dirigido por Justine Triet, esteve em cartaz em Londrina no Festival Varilux de Cinema Francês
 

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Batem à Porta

Direção: M. Night Shyamalan. (Disponível no Globoplay)

Antes de Justine Triet, Shyamalan é o cronista das quedas. Tudo que cai nos seus filmes ganha contornos sublimes, e, dessa vez, as dúvidas e truques tão característicos do seu cinema põem todo o mundo à prova com pouquíssimos atores e cenários. Um filme sobre apocalipses íntimos disfarçado de suspense.

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Bom dia à Linguagem

Direção: Paul Vecchiali

A cerimônia do adeus de Paul Vecchiali. Um filme simples, banhado na simplicidade da vida e da morte, pela história de um pai e seu filho, ecoando trechos de obras anteriores desse mestre menos lembrado. É a resposta ao pessimismo de Jean-Luc Godard, ao mesmo tempo em que reverencia sua memória.

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Na Água

Direção: Hong Sang-Soo

Hong Sang-Soo segue surpreendendo, agora com um filme-míope, propositalmente fora de foco. Se o cineasta coreano já tinha entendido o mistério das situações e diálogos que se repetem, agora tudo se dá no nível da imagem --cada vez mais parece um sucessor não só de Jean Renoir, o cineasta, como do pintor Pierre-Auguste.

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A Maravilhosa História de Henry Sugar

Direção: Wes Anderson (Disponível na Netflix)

Difícil não reconhecer a evolução de Wes Anderson a partir das obras que lançou em 2023. Além do belo "Asteroid City", grande filme sobre tudo e nada, esse "Henry Sugar", ao lado dos outros curtas lançados na Netflix, é uma celebração da palavra, da imaginação e do que faz a boa literatura infantil tão profunda.

Inácio Araujo - Crítico da Folha

Capitu e o Capítulo

Direção: Julio Bressane 

Talvez o grande achado do filme tenha sido Júlio Bressane desdobrar Capitu em dois corpos, dois olhares, dois modos de estar no mundo. A ambiguidade de Dom Casmurro se materializou na imagem das duas Capitolinas e na trama de fragmentos que tecem o relato.

Capitu e o Capítulo, dirigido por Julio Bressane, levou a história de amor do livro Dom Casmurro para as telas
 

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Propriedade

Direção: Daniel Bandeira (Em cartaz nos cinemas)

O Nordeste da luta entre camponeses e senhores da terra já acabou nos anos 1960. Volta agora no filme de Daniel Bandeira, mas como retorno do reprimido. Não mais como luta de classes, mas terror: uma revolta dos mortos-vivos do sertão. Ou, se se preferir, como vingança dos cavalgados contra os Cavalcanti.

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Monster

Direção: Hirokazu Kore-eda

Um menino machucado, um professor agredido, uma mãe histérica, uma escola incapaz de responder às delicadas e intrincadas questões contemporâneas, envolvendo de bullying a irrupção da sexualidade, amizade e mal-entendidos. Questões que o filme de Kore-eda desenrola com maestria.

Confira o trailer de Monster:

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Mato Seco em Chamas

Direção: Joana Pimenta, Adirley Queirós (Disponível para compra e aluguel no Apple TV e Google Play)

Quem diz que em Brasília não existe petróleo? Existe e está no filme de Adirley Queirós e Joana Pimenta. Existe, porque a gangue de mulheres que se apropria dele o inventa e com ele incendeia a região: refratárias à ordem que as marginaliza, inventam, vivem e subvertem enquanto podem.

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Barbie

Direção: Greta Gerwig (Disponível no HBO Max)

Da boneca para o filme: quem é Barbie, a boneca, depois que tanto mudou a condição feminina no mundo? Greta Gerwig respondeu bem à questão e, sobretudo, encheu os cinemas. Quando as salas andavam vazias, todo mundo com medo de pegar Covid, "Barbie" mostrou que dava para ficar na fila e depois na sala cheia e sobreviver.

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Menção Honrosa

O Mestre da Fumaça

Direção: André Sigwalt e Augusto Soares.

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Leonardo Sanchez - Repórter

Assassinos da Lua das Flores

Direção: Martin Scorsese (Disponível em plataformas de vídeo sob demanda)

Um dos melhores trabalhos de Scorsese, que mostra controle total na direção, prova por que ele é o maior cineasta americano vivo.

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Confira o trailer de Assassinos da Lua das Flores

Monster

Direção: Hirokazu Kore-eda (Em cartaz nos cinemas)

Filmado com a delicadeza ímpar de Hirokazu Koreeda, surpreende e emociona com uma trama costurada cuidadosamente.

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Vampira Humanista Procura Suicida Voluntário

Direção: Ariane Louis-Seize

Uma daquelas gratas surpresas da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, abocanha o espectador com uma trama leve, despretensiosa e hilária.

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Segredos de um Escândalo

Direção: Todd Haynes (Estreia em 18 de janeiro)

Com sua afetação deliciosa, faz o espectador rir até perceber o tamanho da tragédia à sua frente.

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A Cozinha

Direção: Johnny Massaro (Disponível no Globoplay)

Ótima estreia na direção para um longa que combina a delicadeza e a brutalidade que o tema merece.

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Lúcia Monteiro - Crítica de cinema

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Nossos Corpos

Direção: Claire Simon

Realizado em um hospital de Paris que se dedica ao cuidado com as mulheres nas diferentes fases da vida, é um primor do documentário de observação - com uma revelação que surge no final e que Claire Simon aborda com delicadeza e precisão.

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Mato Seco em Chamas

Direção: Joana Pimenta, Adirley Queirós  (Disponível para compra e aluguel no Apple TV e Google Play)

A mistura peculiar de documentário e ficção que caracteriza o trabalho do cineasta do Distrito Federal ganha contornos ainda mais espetaculares nesta trama sobre as mulheres que comandam uma refinaria clandestina de petróleo.

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Pedágio

Direção: Carolina Markowicz (Em cartaz nos cinemas)

A relação precisa entre os personagens e a paisagem industrial de Cubatão já coloca o filme entre as melhores realizações do ano. Para completar, tem atuações magistrais e consegue tratar com humor e firmeza os absurdos da "cura gay".

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Para'í

Direção: Vinicius Toro

Com simplicidade, a história de duas crianças que tentam plantar o milho colorido ancestral dos guarani serve de pretexto para abordar a luta pela terra e o avanço da religião na aldeia.

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Eami 

Direção: Paz Encina (Disponível no Filmicca)

É uma história de luto e de luta, que a realizadora paraguaia filma junto aos ayoreo, aproximando-se do olhar e da memória dos indígenas do Chaco.

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