Os melhores filmes de 2023, segundo os críticos e jornalistas
Confira os melhores filmes do ano que termina, são produções nacionais e internacionais escolhidas por quem entende de cinema
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
Confira os melhores filmes do ano que termina, são produções nacionais e internacionais escolhidas por quem entende de cinema
Folhapress
SÃO PAULO, SP - Neste ano, as megaproduções "Barbie", de Greta Gerwig, "Oppenheimer", de Christopher Nolan, e "Super Mario Bros.: O Filme", de Aaron Horvath e Michael Jelenic, foram os responsáveis por alavancar as bilheterias dos cinemas aos níveis pré-pandêmicos.
Enquanto a Marvel não emplacou nenhum título como o esperado, outros filmes ganharam merecido destaque em 2023 - alguns depois de passar por festivais internacionais como Cannes, Berlim e Veneza, enquanto outros rodaram pelo circuito nacional.
A Folha de S.Paulo reuniu sete profissionais envolvidos com a cobertura de cinema para indicar, cada um deles, cinco dos melhores filmes lançados neste ano.
A seleção levou em conta filmes que foram exibidos também em festivais e mostras ao longo do ano no Brasil, alguns deles entrando em circuito no começo do próximo ano.
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Henrique Artuni - Editor-assistente da Ilustrada
Anatomia de uma Queda
Direção: Justine Triet (Estreia em 22 de fevereiro)
Muitas coisas caem nesse filme, desde uma bolinha e um corpo até a nossa crença no mundo visível. Além de todos os aspectos que já foram ditos sobre o enredo do filme, é mais uma prova da versatilidade de Justine Triet, novamente com uma obra de gênero que vai muito além da superfície --e dá um pouco de dignidade ao cinema francês contemporâneo.
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Batem à Porta
Direção: M. Night Shyamalan. (Disponível no Globoplay)
Antes de Justine Triet, Shyamalan é o cronista das quedas. Tudo que cai nos seus filmes ganha contornos sublimes, e, dessa vez, as dúvidas e truques tão característicos do seu cinema põem todo o mundo à prova com pouquíssimos atores e cenários. Um filme sobre apocalipses íntimos disfarçado de suspense.
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Bom dia à Linguagem
Direção: Paul Vecchiali
A cerimônia do adeus de Paul Vecchiali. Um filme simples, banhado na simplicidade da vida e da morte, pela história de um pai e seu filho, ecoando trechos de obras anteriores desse mestre menos lembrado. É a resposta ao pessimismo de Jean-Luc Godard, ao mesmo tempo em que reverencia sua memória.
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Na Água
Direção: Hong Sang-Soo
Hong Sang-Soo segue surpreendendo, agora com um filme-míope, propositalmente fora de foco. Se o cineasta coreano já tinha entendido o mistério das situações e diálogos que se repetem, agora tudo se dá no nível da imagem --cada vez mais parece um sucessor não só de Jean Renoir, o cineasta, como do pintor Pierre-Auguste.
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A Maravilhosa História de Henry Sugar
Direção: Wes Anderson (Disponível na Netflix)
Difícil não reconhecer a evolução de Wes Anderson a partir das obras que lançou em 2023. Além do belo "Asteroid City", grande filme sobre tudo e nada, esse "Henry Sugar", ao lado dos outros curtas lançados na Netflix, é uma celebração da palavra, da imaginação e do que faz a boa literatura infantil tão profunda.
Inácio Araujo - Crítico da Folha
Capitu e o Capítulo
Direção: Julio Bressane
Talvez o grande achado do filme tenha sido Júlio Bressane desdobrar Capitu em dois corpos, dois olhares, dois modos de estar no mundo. A ambiguidade de Dom Casmurro se materializou na imagem das duas Capitolinas e na trama de fragmentos que tecem o relato.
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Propriedade
Direção: Daniel Bandeira (Em cartaz nos cinemas)
O Nordeste da luta entre camponeses e senhores da terra já acabou nos anos 1960. Volta agora no filme de Daniel Bandeira, mas como retorno do reprimido. Não mais como luta de classes, mas terror: uma revolta dos mortos-vivos do sertão. Ou, se se preferir, como vingança dos cavalgados contra os Cavalcanti.
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Monster
Direção: Hirokazu Kore-eda
Um menino machucado, um professor agredido, uma mãe histérica, uma escola incapaz de responder às delicadas e intrincadas questões contemporâneas, envolvendo de bullying a irrupção da sexualidade, amizade e mal-entendidos. Questões que o filme de Kore-eda desenrola com maestria.
Confira o trailer de Monster:
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Mato Seco em Chamas
Direção: Joana Pimenta, Adirley Queirós (Disponível para compra e aluguel no Apple TV e Google Play)
Quem diz que em Brasília não existe petróleo? Existe e está no filme de Adirley Queirós e Joana Pimenta. Existe, porque a gangue de mulheres que se apropria dele o inventa e com ele incendeia a região: refratárias à ordem que as marginaliza, inventam, vivem e subvertem enquanto podem.
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Barbie
Direção: Greta Gerwig (Disponível no HBO Max)
Da boneca para o filme: quem é Barbie, a boneca, depois que tanto mudou a condição feminina no mundo? Greta Gerwig respondeu bem à questão e, sobretudo, encheu os cinemas. Quando as salas andavam vazias, todo mundo com medo de pegar Covid, "Barbie" mostrou que dava para ficar na fila e depois na sala cheia e sobreviver.
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Menção Honrosa
O Mestre da Fumaça
Direção: André Sigwalt e Augusto Soares.
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Leonardo Sanchez - Repórter
Assassinos da Lua das Flores
Direção: Martin Scorsese (Disponível em plataformas de vídeo sob demanda)
Um dos melhores trabalhos de Scorsese, que mostra controle total na direção, prova por que ele é o maior cineasta americano vivo.
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Confira o trailer de Assassinos da Lua das Flores
Monster
Direção: Hirokazu Kore-eda (Em cartaz nos cinemas)
Filmado com a delicadeza ímpar de Hirokazu Koreeda, surpreende e emociona com uma trama costurada cuidadosamente.
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Vampira Humanista Procura Suicida Voluntário
Direção: Ariane Louis-Seize
Uma daquelas gratas surpresas da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, abocanha o espectador com uma trama leve, despretensiosa e hilária.
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Segredos de um Escândalo
Direção: Todd Haynes (Estreia em 18 de janeiro)
Com sua afetação deliciosa, faz o espectador rir até perceber o tamanho da tragédia à sua frente.
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A Cozinha
Direção: Johnny Massaro (Disponível no Globoplay)
Ótima estreia na direção para um longa que combina a delicadeza e a brutalidade que o tema merece.
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Lúcia Monteiro - Crítica de cinema
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Nossos Corpos
Direção: Claire Simon
Realizado em um hospital de Paris que se dedica ao cuidado com as mulheres nas diferentes fases da vida, é um primor do documentário de observação - com uma revelação que surge no final e que Claire Simon aborda com delicadeza e precisão.
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Mato Seco em Chamas
Direção: Joana Pimenta, Adirley Queirós (Disponível para compra e aluguel no Apple TV e Google Play)
A mistura peculiar de documentário e ficção que caracteriza o trabalho do cineasta do Distrito Federal ganha contornos ainda mais espetaculares nesta trama sobre as mulheres que comandam uma refinaria clandestina de petróleo.
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Pedágio
Direção: Carolina Markowicz (Em cartaz nos cinemas)
A relação precisa entre os personagens e a paisagem industrial de Cubatão já coloca o filme entre as melhores realizações do ano. Para completar, tem atuações magistrais e consegue tratar com humor e firmeza os absurdos da "cura gay".
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Para'í
Direção: Vinicius Toro
Com simplicidade, a história de duas crianças que tentam plantar o milho colorido ancestral dos guarani serve de pretexto para abordar a luta pela terra e o avanço da religião na aldeia.
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Eami
Direção: Paz Encina (Disponível no Filmicca)
É uma história de luto e de luta, que a realizadora paraguaia filma junto aos ayoreo, aproximando-se do olhar e da memória dos indígenas do Chaco.
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