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Folha 2 5m de leitura

O que esperar da Cultura nos próximos quatro anos?

Artistas e produtores culturais de Londrina falam sobre as expectativas para o setor com a troca de governo a partir de 2023

ATUALIZAÇÃO
25 de novembro de 2022

Marcos Roman - Grupo Folha
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Mundialmente reconhecido pela riqueza cultural marcada pela diversidade e exuberância, o Brasil ainda tem muitos desafios a vencer nesse setor. Apesar de a Constituição Federal determinar no artigo 215 que “O Estado apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”, muitas vezes não é isso o que se vê na prática. Debates sobre mudanças que precisam ser implementadas com urgência na área têm ganhado os holofotes nesta fase de transição de governo.  

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Dentre as expectativas para o novo mandato que se inicia em 2023 está a recriação do Ministério da Cultura, que foi reduzido a uma secretaria na gestão atual. Também são aguardadas reestruturações em vários órgãos, como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,  e a Agência Nacional do Cinema (Ancine), além do aprimoramento das leis Rouanet, Aldir Blanc e Paulo Gustavo. 

Para atender essas e outras demandas urgentes, espera-se que seja nomeado para Ministro da Cultura um nome de peso, a exemplo de Gilberto Gil, que assumiu o cargo entre 2003 e 2008, durante partes dos dois mandatos do ex-presidente Lula. Por enquanto, as especulações giram em torno de Daniela Mercury, Chico César, Lucélia Santos, Flora Gil, Danilo Miranda (diretor do Sesc em São Paulo) e Elaine Costa (que atuou no Departamento Cultural da Petrobras).  

Para saber quais são as expectativas de artistas e produtores de Londrina em relação à Cultura no país nos próximos quatro anos, a FOLHA conversou com profissionais que atuam em diversas frentes culturais.  

 

“Creio que iremos presenciar um renascimento geral das artes no Brasil. Primeiro porque há uma demanda reprimida, pois muitos projetos e ações acabaram sendo paralisados e desmobilizados nos últimos quatro anos. E, depois, porque os artistas vivenciaram desafios de sobrevivência material, pandemia, uma sociedade que se tornou complexa, e eles certamente irão expressar tudo isso em espetáculos, obras, projetos que demandarão fomento público”.  

Maurício Arruda Mendonça, poeta e dramaturgo 

 

 “Estamos vivendo um tempo de esperança. Esperança de melhores dias para a arte e a cultura de nosso país. A expectativa é a de que importantes programas como o Cultura Viva sejam retomados e que a tão esperada e necessária revisão da Lei Rouanet seja finalmente realizada. Que nossos esforços para manter a diversidade das manifestações culturais de nosso povo reverberem. Que a descentralização e o acesso sejam efetivos e que tenhamos de volta a nossa casa: o Ministério da Cultura”. 

Maria Fernanda Coelho, produtora cultural independente e atriz 

 

“Acredito que o grande desafio é, não só o reestabelecimento do Ministério da Cultura, mas a criação do Sistema Único de Cultura com a transferência fundo a fundo dos recursos das leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, que só no Paraná deve injetar no ano que vem 300 milhões de reais. Esse dinheiro tem que ser distribuído de maneira equânime para todos os municípios e ele deve ser usado na construção e na consolidação do nosso modelo público de cultura como política pública, fazendo chegar os benefícios da Cultura para toda a população”. 

Bernardo Pellegrini, cantor, compositor, músico e atual secretário municipal de Cultura de Londrina 

 

“Em primeiro lugar que volte a existir o Ministério da Cultura (hoje Ministério do Turismo) regulando as possibilidades como a Lei Federal de Incentivo à Cultura - Lei Rouanet - e Lei Aldir Blanc instalada como auxílio emergencial em tempos de Coronavírus. Uma organização transparente e ágil junto à Comissão do Salic/Pronac, (que aprova os projetos) Ancine, Funarte e Bibliotecas Municipais e Estaduais. Regularizar um teto para evitar projetos aprovados de 500 mil ou mais  para duplas sertanejas e artistas consagrados. 

Marco Antonio de Almeida, pianista, diretor artístico do Festival Internacional de Música de Londrina e Presidente da Associação de Amigos do Festival 

“Retomar a sensibilidade, a empatia e o respeito entre os brasileiros deve ser o primeiro passo do governo para nos reerguer da ruína de ódio e de truculência institucionalizada dos últimos tempos. A arte, com sua dimensão de afeto, tem papel importante nesse processo – e o Presidente Lula sabe disso. Esperamos a restauração do Ministério da Cultura, o fortalecimento da Funarte, a retomada das Conferências e o diálogo com as bases, com os trabalhadores que estão na lida diária e com os produtores que tenham conhecimento técnico. E que o Paraná reverbere a ideia recriando a Secretaria e dirigindo um olhar atento ao interior do Estado. A cultura deve ser entendida como motor de desenvolvimento humano, mas também econômico e de geração de renda. Nesse sentido, é imprescindível o investimento em editais de criação e em políticas de circulação nacional e internacional para as artes”. 

Renato Forin Jr., escritor, curador e coordenador de comunicação do Festival de Dança de Londrina   

 

“Como músico e professor nascido em Londrina, após 20 anos vivendo e trabalhando na Europa, em minha volta ao Brasil, já vivenciei a administração cultural do governo Lula. Espero que dessa vez seja melhor em todos os sentidos e que especialmente, a nossa cidade tenha finalmente a oportunidade de ter o nosso tão esperado Teatro Municipal de Londrina, onde já foram enterrados milhares de reais e o mesmo se encontra ainda como um cadáver jogado ao céu aberto.” 

Roney Marczak, maestro, violinista, diretor da Escola de Música Sol Maior

 

“Espero que a Cultura volte a ter o status de Ministério como vem sendo anunciado. A Cultura foi colocada na Cidadania e depois no Turismo sem nunca ter uma estrutura que desse conta do trabalho necessário para mitigar o impacto da pandemia e depois na volta das atividades culturais. No caso do audiovisual, espero que o ministro da cultura consiga abrir um diálogo com a Ancine para que os recursos do FSA sejam devidamente aplicados anualmente, segundo a lei”. 

Guilherme Peraro, cineasta, sócio da Kinopus 

  

“Nestes últimos anos tivemos uma desvalorização da arte em geral, mesmo sabendo que a cultura é um dos pilares para que uma grande sociedade se mantenha em pé. Com o novo presidente eu acredito que teremos, sim, uma valorização da cultura no país novamente, algo que já vimos em outro tempo com o próprio presidente Lula. Estou muito esperançoso com tudo isso”.  

Tadeu Roberto Fernandes Lima Júnior - "Carão", grafiteiro 

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