A distância geográfica é imensa, continental mesmo. Mas os acreanos chegaram sem armas, surpreendentemente com respeitável bagagem de talento e faturaram com inteira justiça prêmios importantes na derradeira noite do 50º Festival de Cinema de Gramado. “Noites Alienígenas”, além de eleito o melhor filme brasileiro da mostra, levou três outros Kikitos – melhor ator (o rapper Gabriel Knoxx), melhor ator coadjuvantes (o veterano Chico Diaz) e atriz coadjuvante (Joana Gatis).

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O diretor Sergio Carvalho adaptou o livro homônimo de sua autoria, que aborda temas como a periferia da Amazônia urbana, as fronteiras agora violentas entre floresta e cidade. Ele agradeceu a premiação e comemorou, lembrando uma frase da jornalista Maria do Rosário Caetano durante o debate sobre o filme: “Foi um filme OVNI que aterrissou em Gramado, e foi uma grande surpresa”.

Fim de festa em Gramado: os vencedores do festival com os kIkitos mão na noite de sábado (20)
Fim de festa em Gramado: os vencedores do festival com os kIkitos mão na noite de sábado (20) | Foto: Edison Vara/ Pressphoto/ Divulgação

A paraibana Marcélia Cartaxo repetiu o feito de 2019, quando levou o premio de melhor atriz pela comédia “Pacarrete”. Desta vez ela foi fundo no drama, vivendo o personagem–título em “A Mãe”. O longa ainda garantiu outras duas estatuetas: melhor direção, de Cristiano Burlan, e melhor desenho de som, para Ricardo Zollmer.

Entre os longas estrangeiros, o júri oficial considerou o uruguaio “9” o melhor. Abordando o papel do futebol na sociedade, a desumanização do jogador e a relação entre realização material e felicidade pessoal, o filme, dirigido pela dupla Martín Barrenechea e Nicolás Branca, levou ainda os Kikitos do júri da crítica e de melhor ator para Enzo Vogrincinc, que faz o jovem craque Ronaldo, preso numa prisão dourada administrada por seu pai-patrão.

O prêmio especial do júri foi para o belo e afetuoso mineiro “Marte Um”, contrariando muitas expectativas que já o consideravam o vencedor da edição de 2022. Mas o filme obteve dois Kikitos: roteiro (do próprio diretor, Gabriel Martins) e melhor filme, segundo o júri popular.

A mistura de atores com não atores, e de ficção com depoimentos reais foi a abordagem que o curta brasileiro utilizou para abordar a precarização do trabalho dos entregadores de aplicativos em “Fantasma Neon”. O filme de Leonardo Martinelli ficou com quatro Kikitos: filme, direção, ator e júri da crítica.

Na mostra de longas-metragens gaúchos, o destaque foi “5 Casas”. Se estivesse na mostra nacional de longas brasileiros, o filme de Bruno Gularte Barreto teria dado imenso trabalho ao júri, dada sua alta qualidade artística. A obra, que mostra cinco casas e cinco histórias interligadas, levou também a premiação em direção e montagem

A mostra oficial de documentários, novidade no ano do cinquentenário, foi competitiva e premiou “Um Par Pra chamar de Meu”. A diretora Kelly Spinelli foca sua história na própria mãe e em quatro outras mulheres, que saem com “personal dancers” para discutir solidão, sexualidade e privilégios entre mulheres na terceira idade.

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