No embalo da espera de enquanto seu lobo veloz e furioso não vem (hoje, a estreia mundial) agora pela décima vez, o exibidor vai preenchendo a programação com títulos de atração duvidosa, mas não fatal. “Love Again”, ou “O Amor Mandou Mensagem” está nessa lista, à procura da zona de conforto entre os caçadores de comédias românticas.

Neste gênero ocorre o mesmo que o terror, a ficção científica ou o cinema de ação: excluindo alguns filmes importantes (mas também nem tanto), a grande maioria é feita de um somatório de clichês que recorrem à fórmula mais idônea para contentar os espectadores desse nicho. Isto não é bom nem ruim, apenas parte do negócio cinematográfico, que assume riscos com determinadas produções mais ambiciosas; mas as outras, as mais modestas, são as que tentam oferecer a dita idoneidade que no fundo é a sustentação da indústria.

LEIA TAMBÉM: https://www.folhadelondrina.com.br/folha-2/a-invencao-do-passado-3232133e.html?d=1


“Love Again” é um desses filmes, do primeiro ao último minuto. O longa é protagonizado por duas pessoas, ali pela faixa dos 30, ambos superando diferentes traumas existenciais diante de um futuro em solidão enquanto seu entorno os empurra à mudanças. Nesta trama improvável, Mira (a indiana Priyanka Chopra Jonas) , após a morte do namorado, cria hábito estranho: mandar mensagens ao celular do falecido sem saber que o número foi transferido para o repórter musical Rob Burns. Entre intrigado e fascinado, ele pede conselhos a...Celine Dion, a própria, sobre quem está escrevendo um perfil. A cantora vira espécie de guru-cupido e passa instruções a ele. Ela, claro, canta canções românticas.


Décadas atrás, esse tipo de filme congestionava bilheterias e boas memórias podem citar vários títulos que marcaram época. “Love Again” é bem mais modesto, mas até que sincero nas intenções, fórmula para lotar o inferno.

Há um tom ameno naquele sentido de imperdoável, coadjuvantes mais ou menos divertidos, momentos de ternura, desentendimentos e, por fim, as licenças que são permitidas (toleradas) nessas velhas tramas às quais deve ser conectado “O Amor Mandou Mensagem”.

Não importa se alguém sai do trabalho de um dia para o outro sem avisar, se coincidências improváveis acontecem com eles, ou perdoam o imperdoável por amor. Porque quem assiste ao filme não o fará para julgá-lo, mas para apreciá-lo. Isso influencia o fato de que um produto (pode ser chamado assim) desse tipo também é rapidamente esquecido. Mesmo seus protagonistas são um pouco cinzentos. Apenas a anedota do aparecimento de Celine Dion pode ser lembrada.


Até se poderia descrever o enredo com mais detalhes, mas isso realmente não importa. “Love Again” está passando em branco nas salas (dos multiplex) e é provável que funcione melhor via streaming na sala (de sua casa), pois está bem mais próximo de um desses filmes semanais que as plataformas estão lançando indiscriminadamente. Algumas vezes com sucesso imprevisível durante alguns dias.