Quem lê, percebe a vida com diferentes nuances, se atenta aos detalhes e aguça o processo criativo e a comunicação. Quando isso é despertado desde a infância, os benefícios são ainda mais expressivos.

Um estudo do Instituto Alfa e Beto em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, revelou que ler para crianças pequenas aumenta a estimulação fonológica, o que é importante para a alfabetização, melhora o comportamento em 25% e aumenta o vocabulário (14%) e a memória de trabalho (27%).

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Os pesquisadores avaliaram 660 famílias de 22 Casas-mãe de Boa Vista (RR), entre 2014 e 2015. Os resultados foram publicados pela Pediatrics, uma das mais importantes revistas científicas no mundo na área de desenvolvimento infantil.

E outra boa notícia é que o registro de leitura por crianças do 1° ao 9° ano (fundamental I e II), aumentou de 2011 para 2015, de acordo com o levantamento "Retratos da Leitura no Brasil", realizado e divulgado pelo Instituto Pró-Livro, em 2016.

Os dados revelam que a média de livros lidos nos últimos três meses, subiu 60,8%, ou seja, de 1,71 passou para 2,75 em quatro anos nessas faixas etárias. Esses números refletem também no mercado nacional de livros.

O SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) aponta que em relação ao ano passado, o faturamento com livros infantis, juvenil e educacional foi maior em 2018, passando de 26,36% para 27,48%. A constatação é do Painel das Vendas de Livros no Brasil.

Os dados reforçam a análise da autora de livros infantis, Maria Helena de Moura Arias, ao afirmar que as crianças estão lendo mais hoje. "Diferente da minha época, acho que as escolas têm incentivado muito a leitura, e mesmo que alguns pais fujam disso, muitos estão exercendo esse papel", diz.

Arias lembra que não teve livros infantis em casa, quando era criança. "Não era algo acessível como hoje. Na minha casa tinha o jornal, que me lembro bem ser a Folha de Londrina, e o rádio, por onde eu ouvia histórias de um programa infantil", conta.

Novello acrescenta que Londrina está à frente em termos de educação literária por meio de projetos, como o "Bibliotecas Escolares Palavras Andantes", implantado na rede municipal há 16 anos e que já foi destaque nacional.

"É uma cidade antenada com questões de leitura e literatura. Temos ainda hoje, localidades que sequer tem biblioteca. Apesar de parecer um trabalho de formiguinha, estimular a leitura na infância é uma missão, dia por dia, livro por livro, aluno por aluno", finaliza. (M.O.)