O Cine Teatro Padre José Zanelli, de Ibiporã, celebra 34 anos no mês de agosto como o maior palco das artes e da cultura no município. Inaugurado em 1988, seu aniversário será celebrado nesta quinta-feira (11), a partir das 19h30, pela administração municipal, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo (SMCT). O evento "Memórias de um Diamante” conta com depoimentos na tela do cinema, trechos de um musical que marcou época em 1958 e foi remontado em 1988, na inauguração do cine teatro, além da apresentação especial da Big Band de Arapongas ao final.

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O tema “Memórias de um Diamante” remete ao fato de que o teatro é um dos “diamantes” de Ibiporã, que está celebrando este ano seu Jubileu de Diamante, ao completar 75 anos de emancipação política (1947-2022).

Por este palco já passaram atores e atrizes como Antônio Fagundes, Tarcísio Meira e Glória Menezes, companhias internacionais que vieram para o FILO - Festival Internacional de Londrina - músicos como Ney Matogrosso, Hermeto Pascoal, Sá e Guarabira, Kleiton e Kledir, Almir Sater e outros, além de orquestras sinfônicas e companhias de dança, como o ballet da Bielorrúsia e a Escola do Teatro Bolshoi. Sem falar na revelação de talentos de Ibiporã em várias áreas e nos festivais anuais - de teatro, de corais e de dança - que atraíam e ainda atraem para Ibiporã grupos de todo o Brasil.

REVIVENDO “FLOR DE LÓTUS”

Para o evento foram confeccionados painéis fotográficos que contarão parte dessa história no jardim de entrada do teatro. No interior, toda a ambientação e o figurino dos atores remeterá à opereta japonesa “Flor de Lótus”, que marcou as famílias de Ibiporã em dois momentos: primeiro em 1958, quando foi dirigida e adaptada para o português pelo padre italiano José Zanelli (que havia chegado à cidade em 1948) e foi apresentada no Salão Pio XII, ao lado da Igreja Matriz.

São dessa época, por exemplo, as pioneiras Maria Ivone Peretti Bigati e Maria Rossato, que se reapresentaram depois em 1988, na programação de inauguração do Cine Teatro, que teve dois meses de espetáculos, então em nova montagem, dirigida por Rossato e por padre Bruno Turato, com a participação de músicos da Orquestra Sinfônica da UEL. Com direção musical de Marcos Pelisson e Ina Rossi Scmidt, o espetáculo mobilizou as escolas e famílias da cidade na época, sendo encenada por mais de 50 pessoas.

“Foram várias apresentações no ano, inclusive uma delas no Teatro Ouro Verde, em Londrina”, recorda a secretária de Cultura de Ibiporã, Lourdes Narcizo, que acompanhou os espetáculos. Uma de suas filhas, Laurisa, era uma das vozes e personagens do musical. “Todos os que participaram da montagem e também a comunidade japonesa, representada pela ACEI, estão sendo convidados para relembrar esse momento histórico," acrescentou.

Haverá uma esquete teatral relembrando a peça; depois, na tela do cinema, memórias de alguns personagens da época, seguida de trechos do musical ao vivo. E para fechar a noite, a Big Band trará um repertório especial para celebrar os 34 anos do Teatro.

ESPAÇO HISTÓRICO

A construção do Cine Teatro Municipal de Ibiporã foi algo marcante para a cidade na época (1986-1988) e um divisor de águas, pois havia aqueles que consideravam a obra um artigo de luxo e que atenderia basicamente uma elite cultural.

Do outro lado, havia a determinação de um prefeito fortemente influenciado pelas artes desde a infância, pelo padre José Zanelli, e havia sido também ator com Henrique de Aragão, artista de grande influência na região. Daniel Pelisson, prefeito de 1983 a 1988, sentia a demanda por um espaço para as artes, pois Ibiporã tinha um movimento cultural crescente desde a década de 1970. Somada a essa necessidade, quis que o lugar também fosse um cinema.

O Cine Teatro Padre Zanelli lotado no dia de sua inauguração em13 de agosto de 1988
O Cine Teatro Padre Zanelli lotado no dia de sua inauguração em13 de agosto de 1988 | Foto: Divulgação

Os projetos foram iniciados em 1986 por uma equipe de estagiários de Arquitetura da Prefeitura de Ibiporã: Marcos Pelisson, Osvaldo Canizares, José Ângelo de Assis e Herbert Keller. Devido à complexidade da obra, a execução levou dois anos, pois o projeto teve que ser levado a técnicos e artistas, que deram sugestões sobre palco, urdimentação e acústica. O projeto acústico foi de Solange Boligian, com assessoria de profissionais como Carlos Cur, do Teatro Guaíra, de Curitiba.

Outra contribuição valiosa foi do maestro Othonio Benvenuto, da Orquestra da UEL, que sugeriu a construção de um balcão superior para 150 pessoas, para que o teatro tivesse pelo menos 500 lugares. Mais tarde, ele voltou para a inauguração, no dia 13 de agosto de 1988, para dirigir a OSUEL no concerto de abertura.

O engenheiro responsável foi Elcio Verceze e o mestre de obras, o Sr. Benedito da Silva, popular “Baianinho”. As poltronas foram adquiridas do antigo Cine Bandeirantes e restauradas por adolescentes do extinto CEMIC.

A noite de abertura foi um evento que lotou o espaço com pessoas de todas as classes sociais. “Deixei claro que o teatro não era para a elite, mas para o povo”, disse Daniel Pelisson. Tanto que nos anos que se seguiram, na primeira gestão de José Maria Ferreira (1989-1992), todas as escolas, creches e entidades sociais puderam visitar o espaço em atividades que existem até hoje e integram a cidade.

(Com assessoria de imprensa)