“A força, a beleza, a presença, a bondade, o amor, a generosidade, a entrega, a luta, a dança, o cuidado, a vontade, a coragem e a vida, ainda não conseguiram vencer o machismo.”

O texto forte descreve em um vídeo as qualidades da Bailarina de Maringá Maria Glória Poltronieri Borges, a Magó, vítima de feminicídio na cidade de Mandaguari no dia 25 de janeiro. “Qualificar a Magó no vídeo é dizer que mesmo com tudo o que ela era não conseguiu vencer o machismo” conta o pai, Maurício Borges.

O trabalho audiovisual foi desenvolvido pela própria família, criado pelo pai, produzido pela irmã, Ana Clara Borges, com imagens e edição de Max Miranda, amigo e quem mais registrou a bailarina em fotos e vídeos em 2019. A ideia surgiu com o interesse da Rede Cineflix em homenagear a jovem, a família aceitou o proposta e rapidamente criou o VT de 1 minuto que está sendo exibido junto aos trailers em todos os cinemas da franquia desde domingo (08), Dia Internacional das Mulheres, seguindo até o dia 15, quando completa uma semana.

Magó: bailarina que perdeu a vida em mais um ato de violência contra a mulher será homenageada em vídeo, nos cinemas, até o dia 15
Magó: bailarina que perdeu a vida em mais um ato de violência contra a mulher será homenageada em vídeo, nos cinemas, até o dia 15 | Foto: Maurício Borges / Arquivo Pessoal

Nas imagens Magó aparece quase sempre dançando. O vídeo sensível lembra, ainda mais na Semana da Mulher, que quando a vida de uma mulher é tirada uma ferida é reaberta, a mesma ferida, que não se cura e na qual não se cola um curativo. “O primeiro consenso era de que a gente não podia fazer uma simples homenagem, que neste momento precisávamos de algo mais contundente e que deixasse a mensagem de que essa realidade tem que mudar” explica Maurício Borges.

Ao celebrar a vida as imagens despertam para a luta e para a certeza de que não podemos mais perder nenhuma mulher, uma corrida contra os números que não param de subir. De acordo com os Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha a cada 2 segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal, no Paraná a cada 24 minutos um caso de violência é registrado. Em 2019 do total de 3.739 homicídios dolosos de mulheres, 1.314 foram feminicídios, o maior número já registrado. “Esse caso mexeu muito com a cidade de Maringá, todo mundo conhecia direta ou indiretamente a Magó. A divulgação do vídeo aconteceu de uma forma muito natural. Este é um momento de conscientização” comenta Juliano Tortelli, diretor de marketing da rede Cineflix.

Os atos em lembrança de Magó e em combate ao machismo e feminicídio ultrapassaram as fronteiras até mesmo do Brasil, chegando à Itália e ao Chile. Nesta semana, os vereadores de Curitiba aprovaram que uma minipraça, uma jardinete, receba o nome da Magó. A votação foi na terça-feira (10). “É algo bem a cara dela, uma pracinha com verde, natureza, algo que ela gostava muito,” comenta Maurício Borges.

Imagem ilustrativa da imagem Cinemas exibem vídeo que homenageia Magó
| Foto: Maurício Borges / Arquivo Pessoal

O vídeo também tem alcançado bastante visibilidade, além da veiculação pela rede Cineflix, os compartilhamentos nas redes sociais não param e emissoras de televisão também já demonstraram interesse de divulgar o VT. “Conhecendo a Magó, aonde ela estiver, deve estar muito feliz com essa visão de não ser só a Magó, mas de ser a luta contra o feminicídio e o machismo. Ela acabou sendo uma catalisadora de emoções positivas para a mudança e não podemos perder esta oportunidade” destaca o pai.

Vídeo foi produzido pelo pai de Magó, Maurício Borges e sua irmã Ana Clara
Vídeo foi produzido pelo pai de Magó, Maurício Borges e sua irmã Ana Clara | Foto: Maurício Borges / Arquivo Pessoal

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