Autor de centenas de capas de discos dos maiores nomes da Música Popular Brasileira, o artista gráfico paranaense morreu em São Paulo, na manhã desta terça-feira (29), aos 76 anos, vítima de infarto. O falecimento foi informado através das redes sociais pelo dramaturgo Elias Andreato, irmão dele.

"O meu irmão criador de tantas maravilhas era também um anjo desenhador, que veio a este mundo para colorir nossas vidas e pintar nossos sonhos de amor”, escreveu Elias ao comunicar a morte do irmão. A notícia do falecimento do artista gráfico foi lamentada por diversos artistas, entre eles a apresentadora Adriane Galisteu e as atrizes Letícia Sabatella e Beth Goulart. "Aquele que melhor ilustrou a alma brasileira, foi agora para junto das estrelas e de lá seguirá nos inspirando. Porque a vida tem que ser bonita sim e é pra isso que a arte existe! Obrigado mestre. Que a terra lhe seja leve!”, escreveu o cantor Emicida.

Nascido em Rolândia, em 22 de janeiro de 1946, Elifas Andreato. Ainda na adolescência começou a produzir pequenas esculturas com materiais que encontrava no lixo. Após a mudança da família para São Paulo, trabalhou como operário em uma fábrica de fósforos, período em que passou a fazer caricaturas e a pintar murais. Anos mais tarde foi contratado pela Editora Abril, onde ganhou destaque por ter feito, em 1970, a coleção de fascículos História da Música Popular Brasileira. Em quase cinco décadas de trajetória artística, assinou ilustrações de mais 300 capas de discos de artistas como Chico Buarque, Elis Regina, Adoniran Barbosa, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Toquinho e Vinicius de Moraes.

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Alguns dos icônicos trabalhos do artista gráfico foram expostos durante a 34ª Mostra Afro Brasileira Palmares Londrina, realizada em novembro de 2019. Na ocasião, Elifas conceceu uma entrevista exclusiva à FOLHA na qual comentou episódios importantes de sua trajetória. “Sempre tive sorte, porque se pegar minha biografia vai ver que a chance de dar certo era zero. E mesmo assim acabou dando certo”, afirmou ao lembrar sua trajetória como artista nascido em família pobre e cuja formação se deu de maneira totalmente autodidata. “Nunca estudei desenho. Minha única formação escolar foi no curso de alfabetização para adultos”, contou.

icon-aspas Trabalhos do artista foram expostos na 34ª Mostra Afro Brasileira Palmares Londrina

Andreato também revelou os bastidores das revolucionárias capas de disco que criou. “A Editora Abril criou um fascículo com a trajetória de grandes compositores e que vinha acompanhado por um LP com oito faixas. Eu criei um projeto gráfico considerado revolucionário para a época e saia junto com os repórteres que faziam entrevistas com artistas. Sempre fui um bom ouvinte. Ouço com atenção o que os artistas pretendem dizer naquele álbum e procuro sintetizar a ideia através dos meus desenhos. A base que uso para isso é acrílico sob tela, mas já fiz uso de patchwork, bordado, revelo e vários outros recursos, pois acredito que a técnica tem que se adequar à ideia e não o contrário”.

Além de ter produzido capas para grandes nomes da MPB, Elifas também assinou cenografias e cartazes de importantes produções teatrais. O artista gráfico deixa dois filhos e três netos.

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