“The Lost City”, lançamento nesta quinta-feira (21) em todo o país, é o tipo de filme destinado a descansar sobre os louros do poder das estrelas. Não apenas de Sandra Bullock, mas também de seus colegas imediatos do elenco. O filme – que escaneia como um descarado e inferior cosplay o enorme sucesso de “Tudo por Uma Esmeralda” (Robert Zemeckis, 1984) , mas atualizado para o momento atual – é aquela espécie de aventura romântica que não vemos há décadas. E sem perda de tempo.

Em 92 rápidos minutos, o filme mergulha numa história sobre Loretta Sage (Bullock), novelista de grande sucesso cuja vida foi definida pela solidão desde a morte do marido. O aparente conhecimento de uma cidade perdida – refletido em seu mais recente livro – faz com que ela seja sequestrada por um bilionário maluco e descontente (Daniel Radcliffe/Harry Potter, quem diria, das figurinhas inocentes ao mundo do crime) que acredita que ela pode localizar o tesouro fabuloso que ele quer encontrar, não importa a fortuna que isso custe. Loretta prova ser mais capaz do que seus sequestradores imaginam. E ela não está sozinha - o bonitão que enfeita suas capas, Alan (Channing Tatum), sai para salvá-la e a carrega a grandes travessuras. E, pelo menos teoricamente, a faíscas românticas. contra o pano de fundo de uma selva perigosa

em uma ilha esquecida.

O filme vem com um conjunto adicional de apostas específicas para o futuro pós pandemia de Hollywood, onde os atores não têm superpoderes além de carisma de primeira linha. E aqui está um problema. “A Cidade Perdida” pode ter bons atores em cena, mas não possui o ofício necessário para destacar suas habilidades. O público não deve ser culpado se for frio com o filme. Como se pode esperar que o público responda a filmes adultos como esse se eles não têm o charme dos gêneros que estão imitando em busca de inspiração?

"A Cidade Perdida": filme tem bons atores, mas a direção não soube o que fazer com eles
"A Cidade Perdida": filme tem bons atores, mas a direção não soube o que fazer com eles | Foto: Divulgação

“A Cidade Perdida” não é terrível, digamos que é apenas agressivamente medíocre. É o tipo de filme que você coloca em segundo plano depois de assisti-lo em uma sessão em tarde de feriado. Como hoje. Na verdade, “The Lost City” evidencia não a falta de estrelas, mas uma persistente incapacidade da parte desta Hollywood contemporânea de saber o que fazer com elas.

A ideia de reformular “Tudo por Uma Esmeralda” com uma máscara fina, vestindo uma atriz mais velha (Bullock tem 57.

Kathleen Turner tinha 30 em 1984) cuja característica definidora é sua inteligência – que irradia calor, romance e aventura de forma inata – é muito boa. Mas os criadores de “The Lost City” acharam que apontar uma câmera para ela seria o suficiente. Eles não souberam capturar o calor necessário para fazer o par romântico (Bullock/Tatum) funcionar. E aqui está outro problema.


FALTA QUÍMICA

Talvez a questão mais gritante seja esta falta da química adequada entre Bullock e Tatum. Não existe um fator “é isto !” Vocês sabem, aquele chama inegavelmente potente entre os atores. Para um filme sobre uma romancista que está tentando existir dentro de um cânone muito específico de filmes de aventura, há uma impressionanre falta de sensualidade. Então, quando os dois finalmente se beijam no final do filme, parece superficial – como se surgisse na tela um cartaz para alertar: “Vejam, é claro que eles tinham alguma conexão fisica”.

Bullock tem uma ligação bem mais intrigantes com o personagem de Brad Pitt, um ex-marine, durão em tempo integral. A participação dele é, mas é a que deixa a impressão mais intensa. Pitt sabe do que o filme precisa e como fazer valer sua própria imagem. Quando Loretta flerta com ele e pergunta por que diabos ele é tão bonito, ele responde: “Meu pai era meteorologista”. É o tipo de élan que falta ao resto do filme.

“A Cidade Perdida” pretende ser uma comédia perspicaz, vertiginosa. Um deleite leve. É principalmente inofensivo, exceto por um problema, este sim, indiscutivelmente maior: o colonialismo estranho à espreita na história e o retrato condescendente dos povos indígenas que habitam a ilha de faz de conta em que a ação principal ocorre. É um aspecto que não é novo em “The Lost City”, evidente nesses filmes de aventura e romance focados em pessoas brancas encontrando o amor em um cenário de chamado exotismo. Depois de notar esse aspecto irritante, você não pode deixar de se contorcer.

O desconforto não é ajudado pelos diretores e cinegrafistas, que não conseguem capturar a admiração do ambiente natural ou iluminar os atores de maneira que realmente realcem a beleza de seus corpos.

Com um roteiro lamentavelmente curto em energia, também nada ajuda que Daniel Radcliffe não consiga preencher com magia a lacuna entre seu charme fofinho e a suposta malevolência do personagem. É como se Shirley Temple tivesse sido escalada como vilã em 1960...

LEIA MAIS

'Animais Fantásticos': diversão garantida em vários cinemas

...

Receba nossas notícias direto no seu celular, envie, também, suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link