Captar a essência do cotidiano e descrevê-la por meio de uma gravura requer habilidades especiais. O artista plástico João Werner tem uma concepção rica da paisagem urbana e a sua exposição conta um pouco sobre isso. A lavadeira que bate a roupa no tanque e usa da força braçal para tornar alva a veste que também conhece a labuta. A mãe que agarra no braço da criança em meio ao trânsito rumo à condução. Os amigos que sabem quem são e, entre um gole e outro, fazem do boteco, confessionário.

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Essas são algumas das gravuras que estão em exposição na cafeteria do Hotel Cristal em Londrina. Coloridas e reflexivas, as personagens e suas cenas, ainda que sem textos, mas de textura, invocam o observador graças aos detalhes. Os corpos falam, com seus movimentos e, ainda que congelados, saem e nos tiram do lugar.

Considerara um "pocket" pelo autor, dado o número diminuto de trabalhos, o Werner explica que o objetivo é não somente apresentar sua a arte para os frequentadores do café mas, também para os hóspedes do hotel. "As obras expostas são da série de gravuras urbanas, vida simples, cotidiana da cidade, trabalho e diversão barata. Gente trabalhando, bebendo e se divertindo", resume.

João Werner: "As obras expostas são da série de gravuras urbanas, vida simples, cotidiana da cidade, trabalho e diversão barata"
João Werner: "As obras expostas são da série de gravuras urbanas, vida simples, cotidiana da cidade, trabalho e diversão barata" | Foto: Sérgio Ranalli - Editor

"Estamos planejando realizar estas pequenas intervenções estéticas em outros locais da cidade e muito felizes, pois o Crystal e sua direção sempre valorizam a cultura, a presença na fachada do relevo em cimento do mestre Poty Lazaroto é um expoente disso", pontua o marchand do artista, Antunes Savas.

RECONHECIMENTO A HENRIQUE ARAGÃO

Sua jornada não poderia ser melhor, começou no atelier do artista sacro Henrique Aragão em Ibiporã (PR), onde aprendeu todas as técnicas de escultura e de pintura tradicionais. Em arte digital, realizada com softwares em um computador, deu o primeiro passo em 2006 como autodidata. "Trabalhei por 10 anos como professor universitário para os cursos de Arquitetura e Urbanismo e Publicidade e Propaganda", diz.

“Trabalho desde 1982 tanto com pinturas quanto com esculturas. Comecei como entalhador de madeira e depois fui aprendendo as diversas técnicas, especialmente a escultura com o cimento e o óleo sobre tela. Embora muito diferentes em sua expressão, sinto-me à vontade com ambas", divide. Ao visitar toda a trajetória de Werner, é possível reconhecer suas referências a Cândido Portinari, Van Gogh, Anita Malfatti, Flávio de Carvalho, exponentes como Rembrandt e a todos aqueles que deram vida ao movimento de vanguarda Dadaísta.

Recentemente, passou a experimentar a arte digital, realizada diretamente com softwares em um computador e a considera expressivamente similar às técnicas tradicionais de pintura. "Meu trabalho é todo baseado em como imagino e intuo o ser humano. Embora meus quadros pareçam dizer o contrário, não faço arte de denúncia social. Defino a obra que faço como resultado de imaginação comovida, isto é, como o fruto da atenção que dedico ao fluxo de imagens que me percorre, emocionalmente tingidas pelas situações mais comuns da vida.

Obras de João Werner retratam o cotidiano de forma comovente
Obras de João Werner retratam o cotidiano de forma comovente | Foto: Divulgação

SERVIÇO:

Exposição de gravuras de João Werner

Quando: até 20 de novembro

Onde: Hotel Crystal - Rua Quintino Bocaiúva, 15 Londrina

Saiba mais no site de João Werner