EDITORIAS 
O advogado do Londrina Esporte Clube, Eduardo de Vargas Neto, entrará com processo em várias esferas contra o Brusque e a pessoa que teria proferido ofensas raciais ao jogador Celsinho. “Nós estamos trabalhando em cima desse material e devemos ingressar entre hoje (quarta-feira) e amanhã (quinta-feira) com uma notícia de infração no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).”
Segundo Vargas Neto, além das outras medidas no âmbito da esfera criminal, haverá ação também na esfera cível. “Na esfera penal, primeiro é preciso esclarecer que racismo é crime previsto tanto na Constituição Federal quanto no Código Penal. Diante disso, nós comunicamos à autoridade policial e já está agendado também na próxima sexta-feira com a advogada Mayara Suzuki a ida dela com o atleta até o Ministério Público de Londrina para que seja feita a oitiva dele também, para que possamos instruir o inquérito policial e isso depois sirva de base à formulação da denúncia em face dos agressores que cometeram as ofensas e todo tipo de de arbitrariedade.”
Segundo o advogado, o departamento jurídico do clube ingressará com uma ação de reparação de danos. “A gente entende que os danos causados foram de extrema gravidade, não somente ao Celsinho e sua família, mas a toda sociedade. Quando a pessoa comete crime de racismo entendemos que toda a coletividade é atingida. Nesse sentido nós ingressaremos com ação de reparação de danos em face daqueles agressores que cometeram esses atos”, afirmou.
“E em último vamos ingressar também na Justiça Desportiva. A própria Procuradoria de Justiça Desportiva do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) já solicitou as imagens e também a súmula a fim de analisá-los e posteriormente oferecer a denúncia”, destacou.
O departamento jurídico do Londrina, a pedido do gestor Sérgio Malucelli ingressou com uma notícia de infração. “Ou seja, nós estamos comunicando a existência dessa infração e estamos juntando alguns documentos com base nos estatutos da FIFA e também no próprio CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva) requerendo punições severas para o grupo, inclusive a mais severa, que é a exclusão da competição e que o Brusque perca pontos no campeonato. Este é o nosso procedimento a partir de agora”, apontou.
Vargas Neto afirmou que isso será feito diante da gravidade não só dos xingamentos feitos durante a partida, mas principalmente em função da primeira nota emitida pelo clube catarinense sobre o episódio. “Aquela nota desastrosa emitida pelo Brusque comprova todo cunho racista que houve naquela partida, e o pior, tentam atribuir à vítima algum tipo de culpa e de alguma forma tentam intimidar o atleta Celsinho, querendo na verdade calar a vítima para que ela não comunique as autoridades a existência de um crime”, enalteceu.
O advogado do Londrina ressaltou que o segundo comunicado oficial do Brusque, em que pede desculpas pela nota anterior, não isenta o clube de nada. “ Em hipótese alguma. Na verdade acaba reforçando, porque ao pedirem desculpas reconhecem que eles cometeram um ato gravíssimo na primeira nota. Na minha ótica, piora a situação do Brusque”, destacou.
JOGADOR ABALADO
O advogado ressaltou que o jogador está profundamente abalado e consternado com tudo isso. “Já o terceiro caso em um lapso de tempo de pouco mais de um mês. Nos outros dois casos ele não teve qualquer tipo de participação, pois partiram de veículos de comunicação e o Celso só ficou sabendo depois”, apontou.
No caso dos radialistas, por parte do Londrina já foi comunicada à autoridade policial e agora o jurídico está demandando também na esfera cível uma reparação. “Há quem diga que tem alguma coisa oportunista buscar uma reparação de danos. Evidente que não. Nós sabemos que o ser humano só aprende no nosso país principalmente quando toca no órgão mais sensível do corpo humano, ou seja, o bolso, então é isso que nós iremos buscar para que não tenha um cunho de retribuição pecuniária por algum dano. Isso também ocorreu e ele merece ter.” Ele ressaltou que isso deve ser feito principalmente para que tenha cunho pedagógico. “Tem um fim didático para que outras pessoas vejam o resultado e desistam de cometer algum crime dessa natureza.”
“O Celsinho está abalado e muito preocupado. A nossa sorte é que o Celso é um cara muito esclarecido, que inclusive tem formação acadêmica e consegue lidar com isso de uma forma um pouco diferente. Mas seus filhos estão abalados. Por conta dessa situação, o filho dele queria até cortar o cabelo, pois ele tem um cabelo também como o do pai. O prejuízo que isso causou na vida do atleta e no seu convívio com a família repercutiu de forma muito negativa.”
Ele afirmou que é difícil quanto tempo será necessário para que saia uma decisão judicial sobre o caso. “Esperamos que num futuro breve essas questões sejam resolvidas. Muitas vezes pode acontecer até um acordo no âmbito cível, em que o autor reconhece que cometeu um dano à vítima. Eu proponho algum tipo de reparação e se não houver algum tipo de acordo, o processo vai se desenrolar por pelo menos um ano ou um ano e meio. Na esfera desportiva esperamos que seja rápido. Devemos ter um desfecho em torno de 30 a 40 dias.”