A notícia do afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) movimentou o futebol brasileiro na última quinta-feira (15) e, poucas horas depois, um manifesto assinado por presidentes de 19 das 27 federações do país chamou a atenção pelo tom de rompimento com o mandatário. O documento foi assinado, inclusive, por Hélio Cury Filho, que comanda a Federação Paranaense de Futebol (FPF).

A curiosidade é que na primeira eleição de Ednaldo Rodrigues para o comando da CBF, um dos oito vice-presidentes da chapa era seu pai, Hélio Cury, então presidente da FPF, que passou o comando a seu filho por meio de eleição disputada em chapa única em 2023. Os Cury estão à frente da entidade paranaense desde 2007. Entretanto, na reeleição do baiano, no fim de março deste ano, Cury foi um dos vice-presidentes que perdeu espaço e foi trocado da chapa.

“Uma modificação radical no sentido de abrir a CBF, no sentido de transparência, realizações, com responsabilidade. E dar aos nossos filiados da CBF aquilo que eles precisam, que é apoio total e integral. Criar uma família no futebol brasileiro”, disse Cury, o pai, ex-presidente da FPF, ao site da CBF em 2022, quando assumiu como vice de Ednaldo.

Outro nome que saiu do grupo foi Fernando Sarney, responsável por encabeçar a denúncia que culminou no afastamento de Ednaldo, e nomeado interventor da CBF pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Também foram trocados Francisco Noveletto (RS), Marcus Vicente (ES), Rubens Lopes (RJ) e Antônio Aquino (AC). Das 27 federações, só ficaram fora do manifesto as de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso e Amapá.

“O futebol brasileiro vive um momento decisivo. É urgente enfrentar desafios estruturais que há anos limitam o potencial do nosso futebol (...) Para que isso aconteça, é fundamental garantir estabilidade institucional à CBF. Precisamos virar a atual página de judicialização e instabilidade que há mais de uma década compromete o bom funcionamento da entidade e o avanço do futebol brasileiro (...) Além da estabilidade, o cenário exige uma renovação de ideias, de práticas e de lideranças, bem como a profissionalização definitiva das estruturas de gestão”, destacaram os 19 presidentes em trecho do manifesto.

A FOLHA tentou contato com Hélio Cury Filho para tratar do assunto, mas a FPF informou que o presidente está em viagem e não se encontra "acessível para contato".

À procura de Gilmar

Para se manter no poder, Ednaldo Rodrigues recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para anular a decisão do desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), que o afastou da presidência. O pedido foi encaminhado ao ministro Gilmar Mendes, que foi relator de decisões anteriores que garantiram a permanência do presidente no comando da confederação.

Zefiro indicou Fernando Sarney, um dos vice-presidentes, para atuar como interventor. Na decisão, o magistrado levou em consideração a denúncia de falsificação da assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, ex-vice-presidente da entidade, no acordo homologado pelo STF para encerrar a briga judicial pelo comando da confederação.

Eleições

A CBF, em documento assinado por Sarney nesta sexta (16), comunicou que novas eleições para a presidência da entidade serão convocadas em caráter de urgência e que o edital será divulgado neste sábado (17). O prazo de registro das chapas vai até dia 20 de maio e a assembleia geral eleitoral será realizada dia 25 de maio, domingo, véspera da apresentação de Carlo Ancelotti como novo técnico da seleção brasileira.

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