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Esporte 5m de leitura

Com nova regra, Brasileiro de 2021 tem menos trocas de técnicos que edição anterior

ATUALIZAÇÃO
14 de outubro de 2021

IGOR SIQUEIRA
AUTOR

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - Pode não parecer, mas a atual edição do Campeonato Brasileiro, cujo regulamento traz limitações para demissão de treinadores, ainda tem um número menor de troca de técnicos do que a anterior. A conta considera o ritmo de saídas dos comandantes dos times até o período pós-jogos da 25ª rodada da Série A.

Com a decisão do São Paulo pela saída de Hernán Crespo "em comum acordo", a edição de 2021 do Brasileiro chegou a 16 trocas de técnico. Ano passado, nessa mesma altura da competição, o número de mudanças de treinador estava em 21 —considerando alterações a contragosto dos clubes. Ou seja, redução de 23,8%.

Tirando os casos nos quais o técnico é quem pede para sair, algo que aconteceu duas vezes em 2021, com Lisca (América-MG) e António Oliveira (Athletico-PR), ainda assim o Brasileiro de 2020 foi mais duro com os treinadores: o placar de demissões fica 17 a 14.

Com a saída de Crespo, seis clubes ainda não mudaram de técnico desde o início da Série A: Atlético-MG (Cuca), Fortaleza (Juan Pablo Vojvoda), Palmeiras (Abel Ferreira), Red Bull Bragantino (Maurício Barbieri), Corinthians (Sylvinho) e Juventude (Marquinhos Santos).

O clube gaúcho é o único que briga contra o rebaixamento que não mexeu no comando do time. Por outro lado, olhando para o atual G6, só o Flamengo mudou de treinador, quando sacou Rogério Ceni para trazer Renato Gaúcho.

O artigo 32 do regulamento da Série A, que tenta coibir a dança das cadeiras dos técnicos, estabelece que "somente será permitida uma demissão de treinador sem justa causa, por iniciativa do clube, durante o campeonato".

A regra ainda acrescenta: "Caso o clube demita um segundo treinador sem justa causa após ter demitido o primeiro nessa mesma condição, deverá necessariamente utilizar um treinador registrado há pelo menos seis meses no clube".

Mas mesmo o novo dispositivo do regulamento traz uma brecha: "Eventual pedido de demissão por parte do treinador, demissão por justa causa por iniciativa do clube ou rescisão por mútuo acordo não serão computados para os efeitos deste artigo".

É o tal "comum acordo". Essa modalidade de saída cresceu nas últimas rodadas. Das oito demissões mais recentes, cinco foram assim.

O Bahia, que já trocou de treinador duas vezes, não especificou como fez o acerto para a saída de Dado Cavalcanti e Diego Dabove. O Grêmio, outro que já demitiu dois treinadores no Brasileirão, inseriu tanto Tiago Nunes quanto Luiz Felipe Scolari na modalidade "comum acordo".

Financeiramente, o "comum acordo" não quer dizer que não haverá pagamento de multa por parte de quem demite. O Internacional, por exemplo, quando tirou Miguel Ángel Ramírez do cargo após a segunda rodada, fechou um acerto para não pagar a integralidade da indenização. Fez "acordo", mas não no sentido de fugir do enquadramento do limite de trocas previsto no regulamento.

Olhando a média móvel de demissões, nota-se que, em 2021, os clubes se seguraram no primeiro terço do campeonato —alguns, como o Corinthians, Fortaleza e Chapecoense, trocaram de técnico antes do início da competição. Até a 14ª rodada, tinham sido só seis trocas. Entre a 16ª e o período atual, que antecede jogos pela 26ª, foram dez.

A observação sobre o efeito prático do novo item no regulamento ainda é parcial. Como parâmetro, o ritmo de trocas de técnico no Brasileirão de 2020 após a 26ª rodada diminuiu: só aconteceram mais cinco. Resta saber como será o comportamento do RH dos clubes neste ano.

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Trocas de técnicos do Brasileirão de 2021 até o pós-25ª rodada

1 - Alberto Valentim (Cuiabá) - 1ª rodada, demitido

2 - Miguel Ángel Ramírez (Inter) - 2ª rodada, demitido

3 - Lisca (América-MG) - 3ª rodada, pediu demissão

4 - Tiago Nunes (Grêmio) - 9ª rodada, comum acordo

5 - Rogério Ceni (Flamengo) - 10ª rodada, demitido

6 - Jair Ventura (Chapecoense) - 14ª rodada, demitido

7 - Dado Cavalcanti (Bahia) - 16ª rodada, não revelado

8 - Roger Machado (Fluminense) - 16ª rodada, demitido

9 - Umberto Louzer (Sport) - 18ª rodada, comum acordo

10 - Guto Ferreira (Ceará) - 18ª rodada, comum acordo

11 - Fernando Diniz (Santos) - 19ª rodada, demitido

12 - António Oliveira (Athletico-PR) - 19ª rodada, pediu demissão

13 - Eduardo Barroca (Atlético-GO) - 22ª rodada, comum acordo

14 - Diego Dabove (Bahia) - 24ª rodada, não divulgado

15 - Luiz Felipe Scolari (Grêmio) - 25ª rodada, comum acordo

16 - Hernán Crespo (São Paulo) - 25ª rodada, comum acordo

Trocas de técnicos do Brasileirão de 2020 até o pós-25ª rodada

1 - Ney Franco (Goiás) - 4ª rodada

2 - Eduardo Barroca (Coritiba) - 4ª rodada

3 - Dorival Júnior (Athletico) - 5ª rodada

4 - Daniel Paulista (Sport) - 5ª rodada

5 - Felipe Conceição (Red Bull Bragantino) - 6ª rodada

6 - Roger Machado (Bahia) - 7ª rodada

7 - Tiago Nunes (Corinthians) - 9ª rodada

8 - Thiago Larghi (Goiás) - 12ª rodada

9 - Paulo Autuori (Botafogo) - 12ª rodada

10 - Ramon Menezes (Vasco) - 14ª rodada

11 - Vagner Mancini (Atlético-GO) - 15ª rodada, pediu demissão e foi para o Corinthians

12 - Vanderlei Luxemburgo (Palmeiras) - 16ª rodada

13 - Eduardo Barros (Athletico) - 17ª rodada

14 - Jorginho (Coritiba) - 18ª rodada

15 - Bruno Lazaroni (Botafogo) - 18ª rodada

16 - Domènec Torrent (Flamengo) - 20ª rodada

17 - Eduardo Coudet (Internacional) - 20ª rodada, pediu demissão e foi para o Celta (ESP)

18 - Rogério Ceni (Fortaleza) - 20ª rodada, pediu demissão e foi para o Flamengo

19 - Enderson Moreira (Goiás) - 21ª rodada

20 - Ramon Díaz (Botafogo) - 23ª rodada

21 - Odair Hellmann (Fluminense) - 24ª rodada, pediu demissão e foi para o Al Wasl (EAU)

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