“A sensação para todos é que o STJD absolveu o Brusque”
Afirmação é de Marcelo Carvalho, presidente e idealizador do Observatório de Discriminação Racial no Futebol
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sábado, 20 de novembro de 2021
Afirmação é de Marcelo Carvalho, presidente e idealizador do Observatório de Discriminação Racial no Futebol
Lucio Flávio Cruz - Grupo Folha
A decisão do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) de devolver os três pontos ao Brusque no caso de injúria racial contra o meia Celsinho, do Londrina, não surpreendeu o Observatório de Discriminação Racial no Futebol. No entanto, trouxe grande tristeza ao órgão criado em 2014 com o intuito de monitorar, acompanhar e divulgar casos de racismo no futebol brasileiro.
“O resultado não me surpreendeu porque o histórico do Pleno do STJD é sempre diminuir a pena. Mas me entristeceu bastante por estarmos às vésperas do dia da Consciência Negra e por ter sido praticado por um dirigente. Tecnicamente, o Brusque foi punido com perda de mando e multa, mas a sensação que o STJD passou para a sociedade brasileira é que o Brusque foi absolvido”, comenta o presidente e idealizador do Observatório, Marcelo Carvalho, à FOLHA.
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Após ser punido em primeira instância com a perda de três pontos na Série B, o Brusque recuperou a pontuação no julgamento realizado na quinta-feira (18) no Pleno do STJD. O ato racista contra Celsinho aconteceu durante o confronto entre Brusque e LEC, no dia 28 de agosto, em Santa Catarina.
"O STJD tinha uma grande oportunidade de mudar tudo. De fazer algo bem positivo. Ficar bem visto por todos e acabou dando um tiro no próprio pé. Ao invés de evoluir, eles retrocederam. Muito vergonhoso. Que grande decepção”, afirmou Celsinho ao blog da Gabriela Moreira, do GE.
Durante o julgamento, Celsinho utilizou uma camisa antirracista do Observatório de Discriminação Racial no Futebol.
Para Carvalho, um dos pontos mais emblemáticos do julgamento foi a tentativa dos auditores em determinar se o crime cometido contra o jogador do LEC foi grave ou não. O presidente do Observatório ressaltou que casos como esse só terão um desfecho diferente quando houver uma mudança na estrutura do futebol brasileiro.
“Só vai acontecer quando a composição do tribunal mudar. O futebol brasileiro é comandado por homens brancos, os tribunais também. O que houve no julgamento foi uma falta de entendimento, de empatia sobre o que é o racismo. Falta diversidade no comando do nosso futebol. Enquanto a composição for a mesma, os resultados serão os mesmos”, aponta.
Somente em 2021, o Observatório de Discriminação Racial contabilizou 51 denúncias de racismo no futebol brasileiro.
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