Às vésperas do dia da Consciência Negra, que será comemorado no sábado (20), o Pleno do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) acatou o recurso do Brusque e devolveu os três pontos perdidos pelo time catarinense no caso de injúria racial cometida contra o meia Celsinho, do Londrina. Com isso, o Brusque subiu para 44 pontos na classificação da Série B e se afastou da zona do rebaixamento.

Imagem ilustrativa da imagem Ex-presidente do LEC faz defesa do Brusque, que retoma pontos e se afasta da ZR da Série B
| Foto: Ricardo Chicarelli/LEC

O julgamento, on-line, durou quase cinco horas e seis dos oitos auditores reformaram a punição imposta em primeira instância pela Quinta Comissão Disciplinar. Em troca dos três pontos, o Brusque perdeu um mando de campo e foi multado em R$ 60 mil. O presidente do Conselho Deliberativo do clube, Júlio Antônio Petermann, autor das ofensas a Celsinho, foi suspenso por 360 dias e multado em R$ 30 mil.

O único auditor que manteve a perda de pontos do time catarinense foi Paulo Feuz, além do relator Maurício Neves Fonseca. Celsinho acompanhou o julgamento e foi o primeiro a falar. "Tenho um filho que me pergunta se já acabou esse problema do meu cabelo e das pessoas me xingarem. Como presidente do conselho ele deveria dar o exemplo".

A injúria racial contra o londrinense aconteceu durante a partida entre Brusque e LEC, no dia 28 de agosto. O jogador foi xingado por Peterman, que estava na arquibancada e que usou a seguinte expressão: "vai cortar esse cabelo, essa cachopa de abelha".

No dia 10 de setembro, o LEC entrou com uma notícia de infração no STJD e o Brusque foi denunciado no artigo 243-G do CBJD.

Advogado de defesa do Brusque, Osvaldo Sestário, ex-presidente do LEC, argumentou que o caso não poderia ser enquadrado como gravíssimo e que não poderia ser pautado por estar às vésperas do dia da Consciência Negra. "Temos que estar voltados 365 dias no ano para o combate à discriminação. Uma grande parte dos atletas, cerca de 70% do elenco, é negra.", enfatizou.

A maioria dos auditores seguiu a relatoria e condenou o ato de racismo, mas eles entenderam que o caso não se enquadrava em uma situação gravíssima e, por isso, não se justificava a perda de pontos.

Para o advogado do LEC, Eduardo Vargas, o Brusque deveria admitir a punição. "Até quando toleraremos isso no futebol brasileiro e na sociedade brasileira? Até quando relativizaremos condutas criminosas que atentam contra a raça e cor?", questionou.

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