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Esporte 5m de leitura

A cultura de ir ao estádio

Quem viveu o gosto de estar em arquibancadas tem relações diferentes com times e estádios

ATUALIZAÇÃO
03 de julho de 2022

Julio Oliveira
AUTOR

Assistindo ao jogo do último sábado do Londrina mais uma vez senti saudades do Estádio do Café. Isso sempre se repete pelas histórias e momentos especiais que vivi ali. Ver o Tubarão, pela TV, é mais que ver uma partida, é também relembrar como é bom ir a um estádio. Chego até ficar na dúvida se a paixão pelo futebol não está diretamente relacionada com a emoção de estar numa arquibancada. Mas isso fica como tema para outra segunda.

 

Minha relação com o Café é desde a inauguração. Eu estava lá naquele agosto de 1976 quando o Londrina enfrentou o Flamengo, de Zico. E não foi simplesmente estar no meio daquela multidão. Eu estava dentro de campo. Fiquei e fotografei ao lado de Zico. Foi do gramado que pude ver aquelas 50 mil pessoas de um ângulo inesquecível. Era como se o olhar girasse e não acreditasse ver tanta gente num único lugar e numa mesma vibração. 

Para mim, gostar de futebol passa por ir a um estádio, enfrentar filas, subir arquibancadas, tomar sol e chuva, vibrar e xingar. E cada um sente de um jeito diferente e cria sua própria história, mas um estádio é único para todos. 

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Voltei, depois daquele dia inaugural e de festa, incontáveis vezes ao Café. Do gramado passei a frequentar as arquibancadas. Memórias foram sendo construídas, como a final do Estadual de 1992, e Londrina campeão. E tantas outras. 

Desci as arquibancadas para frequentar novamente o gramado já como repórter e continuei vivendo as emoções do Café e registrando jornalisticamente. A vitória sobre o Cruzeiro de Edilson e Sorín, pela Copa do Brasil, em 2002, é também uma lembrança especial e podendo ouvir diretamente de Edilson que “o Londrina foi melhor, mas temos o jogo da volta”. Mais de 30 mil pessoas que vibraram com um único gol. Naquele gramado pisei também jogando, em partidas de confraternização no final do ano envolvendo imprensa e comissões técnicas do time.  

Assistir a Londrina x CSA com arquibancadas vazias relembra minha relação com o estádio, mas provoca o sentimento contraditório de que não há mais essa relação “futebol x ir ao estádio”. As arenas criaram um novo padrão de receber o torcedor, hoje mais exigente quanto a conforto e atendimento, embora não acredito que seja apenas isso que afaste a vontade de viver experiências ao vivo, e sim todo um contexto mais profundo. Mas quem viveu o gosto de estar em arquibancadas tem relações diferentes com times e estádios. E como é bom ter essas memórias. Como é bom relembrar do Estádio do Café de vários ângulos. 

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