Há muito trabalho por trás das câmeras, palco e cenário. O antes, durante e o depois de uma apresentação e todos os profissionais comprometidos - em seus papéis distintos - atuam nos bastidores para que o resultado para o público seja completo.

O diretor, os músicos que fazem a trilha sonora, os produtores são alguns dos profissionais especializados e que estão no mercado de trabalho doando o seu talento no meio artístico e, para o público em geral, não são tão conhecidos. Entretanto, no meio, constroem a sua história, seus nomes são respeitados, tornam-se referência e persistem na arte, muitas vezes, tendo a paixão como principal combustíveis.

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A maquiadora londrinense Evelise Chaiben já trabalhou em 25 filmes. No curta "Jardim Tokio", de Rodrigo Grota, "Mr. H", de Bernard Payen, o longa metragem "Laura", de Jonathan Murphy, a minissérie "Brincando com a Ciência", de Roberta Takamatsuo, e o curta "O Retrato", de Jaqueline Seglin - só para citar alguns.

A maquiadora Evelise Chaiben já trabalhou em 25 filmes e diz que no trabalho o rendimento varia, mas  há produções que pagam a conta do mês
A maquiadora Evelise Chaiben já trabalhou em 25 filmes e diz que no trabalho o rendimento varia, mas há produções que pagam a conta do mês | Foto: Samara Garcia/ Divulgação

Como toda menina vaidosa, gostava de brincar de maquiagem, mas ela se apaixonou mesmo quando aprendeu a maquiar para as apresentações do show "Aplause" de patiação artística. Muito prestigiada no meio cultural, assina a maquiagem do curta "Na estrada para California", de Louisa Sauvignon, o curta "Sob o Céu de Londrina", de Adriano Garib e o filme "Estação Caipira", de Luís Mioto.

Segundo Chaiben, a maquiagem para produção cultural e áudio visual não é muito diferente da maquiagem social e para festas. "No entanto, exige especialização, que inclui conceitos de design e comunicação visual, elementos estéticos da fotografia e pesquisa em tecnologia de produto. O profissional também precisa saber se portar nos bastidores e entender a dinâmica de um Set de filmagens", observa.

Para todo trabalho audiovisual, cultural ou publicitário, a maquiadora relata que existem reuniões, briefing e testes. "Preciso de informações básicas como qual a iluminação que será utilizada; a lente que o diretor de fotografia irá usar; a textura/ tratamento/ proposta estética do filme; as condições de temperatura (se vai ser ambiente externo ou estúdio), a cartela de cores da cena/ cenário, personagem, anúncio, figurino, o tipo de pele do ator e textura que os diretores querem e como será a questão da continuidade", lista.

Ou seja, pela meticulosidade, não é um trabalho isolado e todos os profissionais comprometidos ajudam na construção de cada projeto. o maquiador, sobretudo, precisa ter sensibilidade para entender o que o cliente quer. Qual a mensagem que ele quer passar, para quem e somar todas as informações à criatividade para dar vida ao projeto. "Exige também conhecimento de visagismo e dos elementos da comunicação visual para reforçar a personalidade da personagem.

Os bons produtos e materiais de maquiagem são caros e exigem um grande investimento. "Eu falo que maquiagem é igual vinho: se é caro, é bom. Mas nem tudo que é barato é ruim, pois hoje existem produtos muito bons a valores acessíveis. Entretanto, os produtos profissionais, com tecnologia HD, com resultado satisfatório e durabilidade são caros, sim", admite a expert.

Em relação ao mercado de trabalho e a valorização profissional, Chaiben segue apaixonada pelo faz, mas reconhece que nem tudo são flores no que diz respeito ao investimento cultural no Brasil. "Não há muito segredo, os recursos são baixos e esse pessoal da arte trabalha na raça mesmo e com paixão pelo trabalho. Já fiz trabalhos que ganhei R$38,60 (pelo fine todo!) e já participei de produções que pagaram as contas do mês. Ou seja, varia muito, não há regulamentação de salário. Tudo depende do recurso e como serão distribuídos.

Ao mesmo tempo, reconhece que sempre haverá espaço para bons profissionais. "Pois no caso do mercado de audiovisual em Londrina é muito bom, reconhecido, profissional, qualificado, tem muita coisa boa sendo produzida aqui e declaro isso com muito orgulho". Mas a maquiadora reconhece que nada que se compara a um mercado no eixo Rio-SP, onde há grandes oportunidades nessa área. Com 30 anos de experiência e 12 como profissional, Chaiben é autônoma e atua como microempreendedora individual - MEI.

DIRETOR DO BALÉ INSPIRA ALUNOS

Marciano Boletti é bailarino, coreógrafo, diretor do Balé de Londrina e professor da Escola de Dança. O bailarino está na companhia há 28 anos e começou os seus estudos em dança no ano de 1989, aos 17 anos, na Oficina de Dança. "A dança pra mim significa praticamente tudo, pois me deu base, rumo, caminho, sendo essencial também na minha formação como ser humano", diz.

Marciano Boletti, diretor do Ballet de Londrina: 28 anos de dança, numa profissão que lhe deu "base, rumo e caminho"
Marciano Boletti, diretor do Ballet de Londrina: 28 anos de dança, numa profissão que lhe deu "base, rumo e caminho" | Foto: Divulgação

Boletti considera que o papel do professor de dança e de outras áreas é o de instigar e o motivar a evoluir. "A dança exige muita disciplina, resiliência e superação, pois apesar da beleza que é dançar, o dia a dia de um bailarino é muito intenso, é muita dor, é muito trabalho e isso ajuda muito a formação do caráter de uma pessoa", reflete. Os pais, por sua vez, observam tudo isso e reconhecem como a dança é positiva, independentemente de no futuro o aluno se tornar um médico, por exemplo.

Em relação a viver da dança, Boletti ressalta que a cidade de Londrina tem uma produção artística grande, uma vez que muitos artistas dançam aqui e há bailarinos aqui formados dançando na Alemanha, Israel e em São Paulo. "Tudo o que funciona na Funcart tem apoio da prefeitura e da Secretaria de Cultura. Eu me sinto realizado, privilegiado, pois graças à dança pude alimentar meus filhos. O bailarino lembra que a pandemia foi muito cruel com os artistas, mas quando os alunos puderam voltar, a motivação era evidente.

A CRIAÇÃO DA LUZ CÊNICA

O técnico teatral em iluminação Borracha muitas vezes nem se dá conta de quando o chamam pelo nome de batismo, Altair Fabiano de Sousa, pois a apelido pegou no menino que tinha o pai como dono de borracharia. Ele atua há anos no backstage de teatro, música, cinema.

Altair Fabiano de Sousa, o Borracha, sobreviveu na pandemia graças a um emprego com registro profissional e às oficinas online que criou
Altair Fabiano de Sousa, o Borracha, sobreviveu na pandemia graças a um emprego com registro profissional e às oficinas online que criou | Foto: Divulgação

Desde 2009 é diretor técnico de iluminação do Filo - Festival Internacional de Londrina - atuando na cenografia, som e iluminação, na qual é especializado. Boca de Baco, Expressão Nós da Dança, Cemitério de Automóveis são grupos para os quais já trabalhou. Sobre o mercado de trabalho, reconhece que muitos precisaram abandonar a profissão durante a pandemia. "Viraram motoristas de Uber, motoboys e porteiros de prédio. Superei o período porque presto serviço do Sesc Cadeião, onde sou registrado desde 2016 como técnico de estúdio, som e cenografia, e também graças às oficinas que formatei online naquela fase". Mas recorda que seu rendimento caiu 70%.

As viagens fazem parte de seu trabalho. O dom é essencial para Borracha, que sabe que seu trabalho exige um olhar estético para estética. Sobre suas referências de cenografia, iluminação e criação, cita profissionais como o cenógrafo José Carlos Serroni, Fernando Jacon Filho, Robert Wierzel James Turrell e Dan Flavian, "Temos que ter um pouco de visão estética e já fiquei de um a 20 dias fora de casa. Saudade bate, é cansativo e viramos meio que mambembes, tem que ter juízo para manter a estabilidade com a família," conclui

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