Pesquisa realizada pela Intera, startup especializada em recrutamento para o mercado digital, feita de maneira online no período de fevereiro de 2020 a 2021, mostrou que a busca por outros estímulos e o desejo de trocar de área são as principais motivações para mudar de emprego. A pesquisa - divulgada pela Folhapress - teve a participação de 23,6 mil candidatos de todo o País, que puderam apontar mais de uma razão. Para 47% dos entrevistados, um dos motivos é justamente esse desejo por desafios diferentes.

Marcia Moreno se aposentou como jornalista e atua como terapeuta "Uma área que já me fazia feliz"
Marcia Moreno se aposentou como jornalista e atua como terapeuta "Uma área que já me fazia feliz" | Foto: Laís Magalhães/Divulgacao

A aposentadoria também pode ser um divisor de águas na vida profissional e esse exemplo vem da terapeuta Márcia Moreno. Formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, atuou por 25 anos como assessora de imprensa e há 20 começou os estudos na área das terapias integrativas. Possui formações em Terapia Floral, Cura Prânica (Pranic Healing), Reiki, Massagem Oriental, Jin Shin Jyutsu, EFT (Emotional Freedom Techniques), Body Talk, Aromaterapia, Numerologia Tântrica, entre outros cursos. Atualmente trabalha como facilitadora credenciada em técnicas de Access Consciousness® e é instrutora de Mesa Quântica Estelar e de Mesa Vibracional Vênus.

Aposentada há seis anos do jornalismo, Márcia Moreno revela que a sua transição foi serena. "Embora tudo não tenha sido tão planejado como pode parecer, eu já vinha traçando esse caminho naturalmente porque as terapias sempre me atraíram pelo bem-estar que proporcionam. Quando eu encerrei o ciclo do jornalismo, eu já estava com uma formação consistente, preparada, com um arsenal de conteúdo privilegiado, relacionamentos e bastante energia para atuar nessa nova profissão", divide.

A terapeuta recorda ainda que sua jornada semanal de 30 horas permitia que se dividisse entre o trabalho e investisse nos cursos de terapia e nos cuidados com a família. Sua sede de conhecimento e o prazer pela área a habilitaram a atendimentos individuais e hoje se sente ainda mais realizada por dar cursos e permitir que mais profissionais se formem nas diferentes terapias e possam oferecer atendimento também qualificado. "Em 2019, fui reconhecida e destacada entre as 100 maiores facilitadoras do mundo em razão dos cursos que ofereço e, embora fosse tímida e uma jornalista de bastidores, hoje me realizo como professora, multiplicando conhecimentos e ensinando as pessoas", alegra-se.

Coragem de assumir insatisfação

Psicóloga e especialista em gestão de pessoas, Maria Claudia Martins, do Grupo Imediatta, lembra que nem todo mundo tem uma vocação latente e nem a certeza absoluta do que quer fazer para o resto da vida. "Ouso dizer que a maioria tem mais dúvidas do que certezas. A adolescência é um período cheio de mudanças e desafios para o jovem, então, é normal ter dúvidas sobre tudo."

Psicóloga Maria Claudia Martins, Grupo Imediatta,: Família deve apoiar novos desafios
Psicóloga Maria Claudia Martins, Grupo Imediatta,: Família deve apoiar novos desafios | Foto: Divulgacao

Martins esclarece que o apoio e o entendimento da família é fundamental neste caso, porque é normal o jovem sentir-se culpado, achar que irá decepcionar os pais ou quem lhes é importante, que parar no meio do caminho é fracassar, ser derrotado. "Além de apoiar o jovem nesta mudança ou escolha do curso, recomendo que a família busque ajuda de profissionais da área de Psicologia ou Coach de Carreira. Nós, temos ferramentas que irão ajudar a descobrir os talentos e as potencialidades auxiliando na escolha mais assertiva da área de atuação", observa.

E cita como exemplos os filhos. Um iniciou engenharia e o outro iniciou medicina. Ambos influenciados pela família que considerava o melhor para eles pelas oportunidades e segurança financeira. "Ledo engano, mal sabíamos que estávamos ignorando seus verdadeiros talentos e suas competências emocionais. Ainda bem que descobriram em tempo e tiveram coragem para assumir a insatisfação, receberam nosso apoio e mudaram os cursos." O primeiro formou-se em administração de empresas, hoje ele é meu sócio e diretor administrativo/ financeiro do Grupo Imediatta, o segundo está no último ano de psicologia, atuando na área clínica e hospitalar.

Martins destaca que é essencial atuar na área que faz sentido para cada um, que faz os olhos brilharem e o coração bater mais forte. Quanto à transição de carreira , explica que há uma geração que não se contenta com pouco e nem gosta de ficar no mesmo lugar fazendo a mesma coisa a vida inteira e por isso é movida a desafios. "Se aquele emprego ou profissão esgotou todas as possibilidades de satisfação, vá buscar mudanças. Não tem nada de errado nisso, pelo contrário. Se está infeliz e não está produzindo, mude. Mudanças são necessárias, pois a a vida é como água , precisa fluir", enfatiza. A psicóloga também ensina que basta uma boa dose de coragem e planejamento para fazer a transição. "Se precisar de ajuda, busque a orientação de profissionais", orienta.

Mudar de área também é um gesto de maturidade

Para o administrador Henrique Gambaro, da Gambaro Desenvolvimento Profissional, o fato de uma profissional se dar por volta dos 17 ou 18 anos pode ser encarada como uma pressão, pois o estudante vê a sua frente o desafio de não só terminar o ensino médio como também de dar um rumo a sua vida. "A ideia geral é que no momento da escolha de um curso você está escolhendo o que fará pelo resto de sua vida, e o resto de sua vida é muito tempo", destaca.

Henrique Gambaro, da Gambaro Desenvolvimento Profissional: "
Henrique Gambaro, da Gambaro Desenvolvimento Profissional: " | Foto: Divulgacao

Gambaro é formado em Administração e Direito, dá aulas e conta que em sua rotina como professor universitário sempre observou esta situação com seus alunos - as dúvidas sempre estiveram presentes no dia a dia destes jovens. "Com o tempo, comecei a receber vários questionamentos de pais e jovens de como diminuir a chance de errar, pois um dos medos era o de perder o investimento e perder tempo". Embora entenda que as dúvidas e medos sejam legítimos, Gambaro avalia que as mudanças estão diante de nossos olhos e fazer a faculdade apenas não é mais um grande diferencial. Hoje o jovem precisa buscar uma formação mais abrangente, com cursos livres, cursos técnicos e especializações.

Dentro do atual contexto, candidatos a vagas de empregos com duas graduações e formações distintas é comum e, do ponto de vista do professor e um currículo com experiência abre muito mais portas e possibilidades no mercado de trabalho. "Quando questionados sobre terem feito duas graduações, os candidatos respondem que por diferentes motivos e, com o decorrer do tempo, com o amadurecimento, viram que não era aquilo que queriam para suas vidas", expõe.

Gambaro defende que o mercado hoje procura por profissionais com visões e conhecimentos mais amplos. "O tempo perdido não existe, o que existe é a soma: soma de conhecimento, soma de experiências, soma de competências e por aí vai. Escolher uma profissão tão cedo não deve ser visto como um problema e sim como uma oportunidade. Se você se encontra nesta situação, ou tem filhos que estão passando por ela, não largue o seu curso. Comece a pensar de como este curso irá somar no seu futuro, no seu diferencial e nas suas competências. Não há tempo perdido. Aqui, agora, quanto mais e com qualidade, melhor".

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