Ser professor, médico, secretária, advogada ou bancário. No passado, essas eram algumas das opções para ingressar no mercado profissional e garantir o pão de cada dia. Hoje, há mais possibilidades. Até o conhecido passatempo intitulado Jogo da Vida se adaptou à contemporaneidade e além das profissões tradicionais agora é possível ganhar dinheiro e se realizar profissionalmente como um chef de cozinha, publicitário ou mesmo um empreendedor.

Wellington Moreira: "O trabalhador deve estar ciente de que qualquer mudança cobra ônus e traz bônus"
Wellington Moreira: "O trabalhador deve estar ciente de que qualquer mudança cobra ônus e traz bônus" | Foto: Rafael Porto/ Divulgação

Do ponto de vista do consultor da Caput Consultoria e Treinamento, Wellington Moreira, a geração atual muda mais de profissão sim - e por vários motivos. "As opções de escolha são muito mais amplas hoje em dia, as pessoas estão buscando se dedicar àquilo que traz significado para elas (em diferentes momentos de vida) e muita gente agora encara a mudança não como um insucesso e sim como um novo ciclo em sua jornada de carreira", esclarece.

E como mudar? Antes de mais nada, Moreira alerta que o trabalhador deve estar ciente de que qualquer mudança cobra ônus e traz bônus. Ou seja, existem perdas e ganhos. independentemente da escolha feita. E o fato de ele operar essa mudança na própria profissão ou dar uma guinada na carreira tentando aproveitar novas oportunidades, vai muito daquilo que o profissional almeja, suas experiências de trabalho e as competências que já têm. Para os recém-formados, que diante das dificuldades do mercado se mostram temerosos e até em desistir da área para a qual dedicaram anos de estudo, Moreira orienta: "a sua trajetória de carreira só está começando. Lembrem-se: o sucesso não é igual a uma corrida de 100m rasos e sim uma maratona de 42km. É preciso continuar a fazer a coisa certa e ser paciente. Tem muita gente que, por ansiedade, planta mas depois não colhe os frutos que poderia. Apesar de alguns poucos profissionais progredirem logo de cara, a maior parte das pessoas chega ao auge de suas carreiras só depois de 10 ou 15 anos", afirma.

Coragem, necessidade e razão de viver

O professor, escritor e gerente de Recursos Humanos, Mauricio Chiesa considera que a decisão de mudar é mais que um ato de coragem. "Não apenas de coragem, mas às vezes de necessidade: Seja material ou emocional. Trabalho e carreira são temas sempre em evidência em um mundo de rápidas e grandes transformações. Mudar é um verbo que sempre estará presente". De seu ponto de vista, não se trata apenas da ordem material e objetiva do trabalho, como a atuação e cargo, salário formação. Mas também, pela identidade para com o trabalho e atuação. "Em outras palavras, IKIGAI.Ikigai- que vem do japonês – significa “razão de viver”. Segundo essa filosofia, quanto mais a atuação profissional e vocacional estiverem alinhadas com os princípios de vida e missão (leia-se propósito), mais aderência e satisfação ocorre. "O inverso disto, é a frustração", explica.

 Mauricio Chiesa: "Tenha um plano, com prazos, ações e o planejamento financeiro, pois você precisará de reservas para se manter nessa nova mudança"
Mauricio Chiesa: "Tenha um plano, com prazos, ações e o planejamento financeiro, pois você precisará de reservas para se manter nessa nova mudança" | Foto: Sérgio Ranalli

Chiesa lembra que a internet pode ajudar a pensar essa mudança. "Tenha um plano, constando desde prazos, ações e o planejamento financeiro, pois você precisará de reservas para se “manter” nessa nova mudança. Ter paciência é fundamental e a transição de carreira não acontece da noite para o dia. Mas antes de qualquer mudança esperada (porta afora), devemos sim, mudar internamente.Na maioria das vezes, a mudança significa crescimento. Portanto, use o seu talento, uma dádiva divina, para se reinventar a cada dia. Mude de pouco em pouco. Pois, “virada” repentina ou sem planejamento pode ser traumática. É como entortar um galho seco: quebrará. Não adianta você se identificar apenas com determinada área, função ou atuação profissional. É de fundamental importância que você também tenha engajamento aos valores daquela empresa.E sim, a felicidade (que será demonstrada pelo equilíbrio dos pilares da vida) será um grande indicador se está na hora de mudar.

Plano de ação

(por Mauricio Chiesa)

Seja curioso e pesquise;

Essa oportunidade de criamos um “novo”, é o exemplo vivo que estamos em constante evolução, mas é preciso planejar a transição;

Estou seguro do que quero, gosto ou sou? Ou se trata de modismo?·

É uma oportunidade que impacta apenas financeiramente, ou no âmbito do meu propósito?·

Minha ‘frustração atual” realmente é latente ou se trata de algum ponto isolado que pode ser ressignificado?·

Elaborei um planejamento de mudança (plano de ação, considerando, formação, perda de renda x necessidade de ter reserva)·

Terei um plano B, caso seja necessário

Primeiro: afaste a ideia do que acho, mas não sei! Tenha clareza do que quer, pensa, sente e espera, justamente para conseguir montar um plano de transição com menores chances de equívoco.

Não faça sozinho. Conte com ajuda de profissionais, mentores ou coach de carreira. Inclusive, conversar com pessoas mais experientes sobre essa sua vontade faz toda a diferença. Depois de passar por algumas sessões de coach ou psicoterapia, a pessoa percebe que eram apenas alguns ajustes finos necessários e não frustração com a carreira. E se tivesse mudado, teria se arrependido deveras.

Conhecimentos que se somam na maturidade

Joziane Monteiro: após 20 anos de serviço na Saúde Pública, aprendeu a fazer modelagem de biquínis e lingeries e se deu bem
Joziane Monteiro: após 20 anos de serviço na Saúde Pública, aprendeu a fazer modelagem de biquínis e lingeries e se deu bem | Foto: Walkiria Vieira

Após 20 anos de dedicação à área da saúde, a Técnica em Saúde Pública, Joziane Aparecida Allmeida Monteiro, 58 anos, alcançou a aposentadoria. Paralelamente ao trabalho, realizou o sonho da graduação universitária e se formou em Tecnologia em Alimentos pela UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Em 2015 estava aposentada, graduada e realizada também com o casal de filhos criados. Deu-se ao ao luxo de viver um ano sabático. "Refleti, fiquei em casa sem fazer nada, viajei e também fui em busca do que poderia fazer com o tempo livre. Na faculdade, tive lições de empreendedorismo e por meio da amiga Miriam, conheci a Economia Solidária, onde aprendi modelagem de lingerie e biquíni". Jozi fez cursos gratuitos pelo Sebrae, usou a internet para observar o mercado e decidiu abrir sua porta. "Fui com a cara e a coragem, algumas noções eu tinha, sabia costurar e nunca paguei para um conserto de costura". Sobre a relação da área da saúde com a de confecção, pensa: "Eu gosto de cuidar das pessoas, de me comunicar e a costura mexe com a autoestima das pessoas, é uma outra forma de cuidar e ver a pessoa feliz e realizada", comemora.