A Bordeaux Fundo de Investimento em Participações Multiestrategia, representada pela Planner Corretora de Valores S.A., de São Paulo, venceu o leilão de desestatização da Sercomtel, realizado na manhã desta terça-feira (18), na B3. O aporte mínimo da disputa estava fixado em R$ 130 milhões.

A investidora foi a única a apresentar proposta e o lance vencedor adquiriu as ações da operadora por R$ 0,10 cada, o que representa um um ágio de 900% sobre o preço mínimo das ações da operadora estabelecido no edital, de R$ 0,01 cada.

A venda das 38 milhões de ações vai render para os acionistas da Prefeitura de Londrina e à Copel aproximadamente R$ 3,8 milhões.

Uma equipe de transição já estruturada dentro da telefônica formada por representantes da operadora e da empresa vencedora do certame deverá começar a trabalhar imediatamente e a expectativa é que a transferência do controle da Sercomtel seja concluída em 90 dias.

O leilão faz parte do processo de desestatização da telefônica, que acumula prejuízos. Atualmente, os maiores acionistas da Sercomtel são o município de Londrina e a Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica). Pelas regras do certame, R$ 50 milhões devem ser pagos como adiantamento e o restante será utilizado conforme a necessidade de caixa da operadora.

A Sercomtel é a penúltima operadora de telefonia pública do país e com a privatização, deverá passar por um processo de modernização. O prefeito Marcelo Belinati, que acompanhou o leilão presencialmente e de forma simbólica bateu o martelo concretizando a transação, disse que a privatização deverá contribuir para o desenvolvimento da cidade. “É um novo passo, um novo momento, no sentido de atrair para nossa cidade emprego e renda, fazendo Londrina se desenvolver e crescer no cenário nacional”, disse ele em coletiva realizada ao final do leilão. “Vejo um futuro muito promissor para a Sercomtel e para a cidade de Londrina.”

Com a venda da companhia, o município liquida a dívida de R$ 30 milhões que tem com a operadora e não será mais necessário o plano de reestruturação aprovado pelo Legislativo que previa a abertura de uma linha de crédito. No leilão, o preço mínimo exigido por ação ordinária era de R$ 0,01 e a empresa vencedora ofereceu R$ 0,10. “O valor da ação é para fins de capitalização. Os investidores vão fazer a capitalização em um primeiro momento. E também em outras questões do restante das ações da prefeitura e da Copel que estão neste processo”, explicou o secretário municipal de Governo, Juarez Tridapalli. “Foi um resultado fantástico (o ágio de 900%) e ainda renderá dividendos para a Prefeitura de Londrina na casa de milhões”, comemorou Belinati.

O presidente da Sercomtel, Cláudio Tedeschi, destacou que o setor público não consegue acompanhar a velocidade das inovações tecnológicas, sendo necessária a desestatização. “É um processo histórico que começa em 1998, quando foi a privatização de todo o Sistema Telebras. Infelizmente, não se percebeu que o mais rápido possível precisava passar para a iniciativa privada um setor de tecnologia que se renova a todo momento.”

“Foi um resultado superpositivo. Um ágio desse mostra que tem gente que acredita na empresa. A Sercomtel, no modelo privado, pode se tornar de novo uma empresa rentável e competitiva”, avaliou o presidente da Copel Telecom, Wendell Oliveira. Nesta quarta-feira (19), ele participa de uma audiência pública na B3 para o processo de desinvestimento.

Próximos passos

Concluído o leilão, virá a fase de homologação da empresa vencedora, a assinatura do contrato e, em seguida, a Bordeaux terá um prazo para apresentar a documentação à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), para aprovação da transação nos dois órgãos. Concluído esse processo, a Sercomtel deverá convocar assembleias para que a empresa faça o pagamento e assuma o controle da operadora. “Já estamos com um cronograma estipulado. Já montamos um ambiente lá dentro para que a gente acelere o mais rápido possível”, disse Tedeschi. Todo o processo deve ser concluído em 90 dias.

A reportagem entrou em contato com a Planner, mas foi informada que a diretoria da empresa só irá se pronunciar sobre o leilão nos próximos dias.

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