Empresa com forte influência econômica na região de Londrina – e que atua no segmento agroindustrial -, a RPF Group entrou nesta semana com um pedido de recuperação judicial. Nesta quinta-feira (20), a 10ª Vara Cível de Londrina determinou a análise da documentação para se averiguar a real situação da empresa. O grupo alega que acumula um endividamento de R$ 539 milhões, fora as dívidas que estão sub judice. A empresa mantém uma planta industrial em Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) e tem um escritório sede na zona sul de Londrina, além de unidades em outras cidades paranaenses.

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Na petição protocolada no poder judiciário, e que a reportagem teve acesso, a empresa justifica os problemas financeiros pela crise no segmento da suinocultura, o que gerou aumento no custo dos insumos, a pandemia da Covid-19 e mais recentemente a guerra na Ucrânia, que reduziu as importações de carne suína pelos países e ainda majorou os preços dos produtos usados na produção agrícola. “A margem bruta da operação foi de 16,46% em 2020 (antes da pandemia), caiu para 5,08% em 2021 e veio decaindo mês a mês em 2022”, argumentou.

O grupo, que tem mais de 20 anos de existência levando em conta o atual quadro de sócios, ainda afirmou que as operações se tornaram negativas nos últimos quatro meses. Somente em dívidas junto às instituições financeiras são R$ 201 milhões com apenas uma empresa do grupo. São mais de 700 credores que não estaria conseguindo negociar de forma extrajudicial.

COBRANÇA NA JUSTIÇA

Entre as pessoas que estão cobrando a empresa na Justiça está o produtor rural Cleber Pimenta, que é de Uruaçu, Goiás. Ele tenta receber cerca de R$ 3 milhões por soja que vendeu entre julho e agosto, por meio de três contratos. “Eles compraram 15 mil sacas de soja. Entreguei num armazém em Cascavel (Oeste). Foram 20 caminhões. Tentei receber em Londrina, pediram para parcelar, fiz os boletos, mas não pagaram nenhum”, relatou. Os boletos seriam para pagamento semanal. A empresa faz esmagamento de soja para produção de farelo, óleo degomado e borra.

Cleber Pimenta afirma que tentou receber da empresa várias vezes, mas não foi recebido
Cleber Pimenta afirma que tentou receber da empresa várias vezes, mas não foi recebido | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Segundo Pimenta, ele procurou a RPF Group por diversas vezes, em Londrina e Ibiporã, mas não teria sido recebido. Ele registrou um Boletim de Ocorrência contra a empresa, que fez o mesmo em uma das vezes que ele tentou falar com os representantes. “O oficial de justiça não consegue intimá-los em nenhum endereço. Viajei mais de 1.300 quilômetros para estar aqui e me sinto lesado por uma empresa deste porte. Sou um pequeno produtor, vendi minha produção do ano e ainda comprei soja de outros produtores para repassar para eles e agora estou no prejuízo”, lamentou.

REPOSICIONAMENTO

O desequilíbrio financeiro da empresa acontece pouco mais de um ano após ampliar os negócios e reposicionar a marca, mudando de Frigorifico Rainha da Paz para RPF Group, período em que, inclusive, passou ser um dos principais patrocinadores do LEC (Londrina Esporte Clube). A empresa conta com rede de negócios “Foods”, que engloba a proteína suína e derivados; “Solutions”, que inclui a produção de insumos de nutrição animal e graxaria; e Agro, com o fornecimento de insumos, vacinas, medicamentos e animais.

CONSULTORIA

Recentemente, a organização contratou uma consultoria para orientá-la em uma reestruturação financeira. A RPF Group afirma à Justiça que caso a recuperação não seja aceita, corre o risco de falir, o que geraria a demissão de mais de 1.300 trabalhadores e os credores ficariam sem nenhuma possibilidade de receber. “A RPF Group possui plena capacidade de superação e recuperação financeira, dada sua solidez e relevância no mercado nacional”, defendeu no documento.

O prazo para apresentar um plano de recuperação judicial é de sessenta dias, a partir da decisão - caso ocorra – de determinar o processamento do pedido. A empresa informou que não irá se manifestar. A FOLHA também procurou o escritório que faz a defesa do grupo, mas não teve retorno até a finalização da matéria.

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