Os estragos causados pela forte chuva da noite de segunda-feira (17) e madrugada desta terça-feira atingiram em cheio os agricultores, especialmente os produtores de olericultura. Em toda a Região Norte do Estado, houve prejuízos nas lavouras, mas as mais afetadas estão localizadas na região de Faxinal e Mauá da Serra, onde além do grande volume de água, caiu granizo. O excesso de umidade no solo também já compromete o plantio de grãos. Quem está esperando o solo encharcado secar um pouco para poder semear soja, milho e feijão começa a ficar impaciente. Desde setembro, o tempo chuvoso tem obrigado agricultores a atrasarem o cultivo da safra de verão.

Em Mauá da Serra, o produtor Carlos Roberto da Silveira Costa cultiva hortaliças tanto no campo quanto na estufa e nas duas formas de cultura houve perdas em razão da chuva de granizo que atingiu a cidade no final da tarde de segunda-feira. As pedras de gelo perfuraram a lona que cobre as estufas e os pés de tomate tombaram com a ventania. Costa tem três propriedades no município e em todas elas houve prejuízos, que chegaram a 80% em uma área de cinco alqueires na qual cultiva repolho, brócolis e cenoura, segundo informou ao site do jornal Tribuna do Norte, de Apucarana.

Em outra área, foram perdidos 4.400 metros quadrados de estufas onde plantava tomate. Das 40 estufas que ele mantém, pelos menos quatro foram completamente destruídas e outras foram parcialmente danificadas.

O secretário municipal de Agricultura de Mauá da Serra, Paulo Lourenço, disse que no município foram prejudicados os produtores de hortaliças e os agricultores que estavam com trigo e aveia no campo prontos para serem colhidos. “O pessoal que mexe com estufa foi bastante afetado e na cultura de trigo e aveia, 10% ficaram sem colher.”

Até o final da tarde desta terça-feira, informou Lourenço, o município ainda fazia um levantamento das perdas e disse que a prefeitura se propôs a ajudar os produtores com mão de obra e material. “Estamos fazendo um levantamento preliminar para ver quanto ficaria essa ajuda.”

Em Londrina, os estragos foram um pouco menores, mas já há agricultores contabilizando as perdas. Produtor de hortaliças no Patrimônio Selva, na zona sul da cidade, Eliel dos Santos Silva diz que não há plantação que suporte tantos dias de chuva seguidos. A água em excesso é porta de entrada para as doenças e o resultado é a queda de qualidade e a alta de preços.

Na área de sete hectares, Silva cultiva 25 variedades de vegetais e em todos eles já é possível observar danos. Sensíveis à forte umidade, brócolis e couve-flor apodrecem na horta. As folhas das rúculas estão com manchas, na alface e na salsinha o produtor notou a presença de bactérias e insetos e a plantação de espinafre começou a estragar. “Não tem como aplicar preventivo para segurar porque chove todos os dias”, lamentou. “A gente está com um tempo que até a meteorologia está errando. Está chovendo mais que o esperado. A gente precisa de chuva boa, abençoada, calma, mas ultimamente, a gente tem até trauma porque uma hora é vendaval, uma hora é granizo, chuva demais. Tempos atrás tivemos uma seca muito louca e agora, essa chuvarada todos os dias. A terra está bastante úmida e qualquer chuvinha que dá, já começa a estragar as plantas”, desabafou o olericultor.

Silva não sabe precisar os prejuízos em reais, mas afirma que a quebra já é de 40% e a partir desta quarta-feira (19), os consumidores deverão sentir nas feiras, sacolões e supermercados os efeitos da chuvarada. “A gente precisa de quatro a cinco pés de almeirão para tirar um maço, dois ou três pés de alface para fazer um maço. Vai ter que repassar esse preço para o consumidor. A partir de amanhã, na Ceasa, já vai ter alteração de preço.”

Segundo o Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, avalia que as chuvas frequentes registradas em setembro e na primeira quinzena de outubro dificultam a colheita de trigo, assim como o plantio de soja, milho e feijão no Paraná. Para as lavouras já implantadas, o excesso de umidade provoca a perda da qualidade. A análise está no Boletim Semanal de Conjuntura Agropecuária elaborado pelo Deral, referente ao período de 7 a 14 de outubro.

Aproximadamente 50% de toda a safra de trigo está no campo à espera da colheita, mas com as chuvas, as áreas consideradas ruins subiram de 4% para 7% em uma semana. Dos cerca de 500 mil hectares que faltam para ser colhidos, 69% estão em condições boas - eram 73% no boletim anterior - e 24%, em situação média de qualidade. As lavouras melhores foram plantadas mais tarde e podem necessitar de mais aplicações de fungicidas, o que eleva os custos e, possivelmente, restringe a produtividade, avalia o Deral.

MILHO E SOJA

Com dificuldade para entrar nas áreas de produção com o maquinário por causa do solo encharcado, os agricultores foram obrigados a postergarem o plantio da soja e do milho, que evolui de forma mais lenta no Estado. As temperaturas mais baixas que o esperado para o período também afetaram o planejamento dos produtores.

A semeadura do milho já atingiu 75% da área estimada e o desenvolvimento é satisfatório, com 91% em boas condições e 9%, medianas. A soja segue com menos intensidade de plantio, alcançando 26% da extensão projetada. No campo, 98% têm condição boa e 2%, mediana.

FEIJÃO

A mesma situação prejudicial ao plantio se verifica com o feijão, que tem aproximadamente 54% já semeados. O excesso de umidade e as baixas temperaturas também não favorecem o desenvolvimento do que já está no campo. Mesmo assim, ainda é mantida a expectativa de que sejam colhidas 243 mil toneladas, o que significa aumento de 24% em relação ao obtido no ano passado, quando a estiagem afetou profundamente a produção.(Com informações da AEN)

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