Qualidade de vida no trabalho tornou-se um valor essencial para os trabalhadores na hora da busca pelo emprego. Não é o caso dos 13 milhões de brasileiros desempregados e nem daqueles 6,5 milhões que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) considera como subocupados.

Mas, para os profissionais bem formados, que atuam em áreas sem faltas de vagas, a qualidade de vida é mais importante do que fazer o que se gosta. É o que mostra a Pesquisa dos Profissionais 2018 da Catho, empresa que trabalha com anúncios de vagas e currículos on-line.

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Em primeiro lugar, as pessoas seguem preocupadas com o salário (77%). Depois, querem perspectivas de crescimento na empresa (70%) e, em seguida, buscam melhorar a qualidade de vida (64%). Só aí vem a possibilidade de se fazer o que gosta (60%). Segundo a Catho, a pesquisa foi feita pela internet e respondida por mais de 2 mil pessoas no País.

Imagem ilustrativa da imagem Profissionais priorizam qualidade de vida



Elen Souza, assessora de carreira da Catho, explica que, no começo da carreira, as pessoas têm outras necessidades mais urgentes, como salário, plano de carreira e estabilidade financeira. E fazer o que gosta acaba ficando em segundo plano. "Já com o passar do tempo e a carreira mais estabelecida, os profissionais notam que qualidade de vida e fazer o que gosta importam e, portanto, procuram empregos nos quais seja possível equilibrar estes dois fatores", alega.

De acordo com ela, os profissionais entendem como qualidade de vida trabalhar perto de casa para evitar a perda de tempo em grandes deslocamentos. "Outras coisas são importantes também. Acredito que carga horária mais flexível, com possibilidade de home office, seja um dos fatores mais determinantes, já que, com isso, os profissionais conseguem ter mais tempo pra fazer coisas que deem mais prazer", alega. Na visão da assessora, as empresas brasileiras começaram a entender que funcionários satisfeitos rendem mais.

Consultor empresarial e colunista da FOLHA, Wellington Moreira concorda com ela. E diz que há muita gente recusando vaga no mercado por não ver qualidade de vida na oportunidade. "Querem trabalhar, mas ter vida fora do trabalho. Antigamente, vivíamos para trabalhar. Agora, as pessoas querem trabalhar para viver. Antes, os jovens profissionais aceitavam de tudo, trabalhar de noite ou sábado pela manhã. Hoje não é mais assim", conta.

Em cidades como Londrina, o transporte até o trabalho não tem tanto impacto na decisão do funcionário. Mas flexibilidade de horário, por exemplo, é uma medida que torna o emprego mais atraente, segundo Moreira. "Poder sair no meio da tarde para ir ao dentista e compensar num outro dia à noite é algo que agrada."

Fazer o que gosta, na opinião do consultor, nunca foi o mais importante na visão de quem procura emprego. "E cada vez mais, percebem que nem sempre é possível fazer o que gosta. Aliás, tem muita gente que nem sabe do que gosta", alega. Ele ressalta que o romantismo relacionado ao trabalho "caiu por terra" e que os profissionais estão cada vez mais racionais e pragmáticos.