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Economia 5m de leitura

Médicos do INSS paralisam perícias nesta segunda

Categoria, que cobra melhores condições de trabalho, estima que 25 mil perícias agendadas devem ser afetadas pela mobilização em todo o país

ATUALIZAÇÃO
31 de janeiro de 2022

Suzana Petropouleas - Folhapress
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Médicos peritos do INSS paralisaram os serviços nesta segunda-feira (31) em todo o país. De acordo com a ANMP (Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais), que organiza a mobilização, cerca de 25 mil perícias agendadas devem ser afetadas.

A entidade afirma que o protesto ocorre após tentativas frustradas de negociação por melhores condições de trabalho com o Ministério do Trabalho e Previdência.

Os segurados afetados deverão procurar o INSS para reagendamento da perícia, diz a ANMP. As consultas não realizadas serão remarcadas e a nova data dependerá da agenda de cada agência do INSS.

As perícias médicas são exigidas pelo órgão para concessão ou prorrogação de benefícios previdenciários, como a aposentadoria por invalidez e o auxílio-doença. Também são realizadas para liberar o empregado para a volta ao trabalho.

Segundo o presidente da ANMP, Luiz Carlos Argolo, em entrevista recente, a previsão era de que 2.000 dos 3.000 peritos em atividade paralisassem os trabalhos nesta segunda-feira.

"Os outros mil servidores são apadrinhados da atual gestão do órgão e estão em regime trabalho remoto, mesmo sem respaldo legal para isso. Inclusive, essa é uma das reivindicações: o retorno de todos os servidores para o atendimento presencial direto ao segurado da Previdência Social", diz Argolo.

Os 25 mil atendimentos que serão afetados representam 5% das 500 mil perícias realizadas mensalmente pelo órgão, diz a associação. "Esse número de atendimentos mensais poderia chegar a 800 mil, caso a atual gestão retirasse os apadrinhados do trabalho remoto e fosse competente sob o ponto de vista gerencial", diz o presidente.

A reportagem entrou em contato com o INSS e o Ministério do Trabalho, mas não obteve retorno até a publicação do texto.

De acordo com ofício enviado pela ANMP ao Ministro de Estado do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, a paralisação de um dia, chamado de Dia Nacional da Advertência pela Valorização da Perícia Médica Federal, será realizada em razão do "quadro caótico" que se apresenta à categoria.

A associação, que representa legalmente a os peritos federais, afirma que "tentou, em centenas de ocasiões, instaurar rodadas de negociações com a administração pública federal, todas infrutíferas".

Os peritos reivindicam também a fixação do número máximo de 12 atendimentos presenciais como meta diária, distribuição igualitária de agendamentos entre os peritos dos turnos da manhã e tarde, direito a feriados e recessos sem atendimentos e o fim das lacunas na agenda (espaços de tempo sem atendimentos).

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Segundo Argolo, "por um erro do sistema e pela incompetência dos atuais gestores" milhares de servidores que trabalham à tarde realizam poucos ou nenhum atendimento.

A entidade demanda também o fim da teleperícia (Perícia Médica com Uso de Telemedicina ou Teleavaliação), que considera desnecessária para diminuição da fila e ineficaz para fins da avaliação médica, e realização de concurso público para preencher uma lacuna de 3.000 vagas.

A paralisação ocorrerá cerca de uma semana após o anúncio de corte de R$ 998 milhões nas despesas do INSS previstas no Orçamento. O valor representa 41% da verba de R$ 1,4 bilhão inicialmente prevista para o órgão. A medida ameaça o atendimento dos segurados e é vista como inferior ao mínimo necessário para assegurar as atividades do órgão. A fila de espera por benefícios acumulava 1,8 milhão de pedidos em novembro.

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