Um acordo firmado no início da semana entre patrões e trabalhadores do comércio de rua de Londrina permitiu a abertura do comércio no feriado do padroeiro da cidade, nesta sexta-feira (24), mas as vendas ficaram abaixo do esperado. Nas ruas do centro da cidade, havia um bom fluxo de pessoas, mas no interior das lojas havia poucos consumidores. O acordo previa expediente das 9 às 18 horas, mas com o movimento fraco, muitos lojistas cogitavam encerrar as atividades mais cedo.

"As vendas ficaram uns 30% abaixo do que a gente esperava. Reduzimos o número de funcionários em cinco ou seis pessoas, mas mesmo assim não compensou. Acho que a maioria das pessoas não ficou sabendo que o comércio iria abrir e outras estão trabalhando ou não quiseram vir mesmo. As pessoas também devem estar sem dinheiro", disse a gerente de uma loja de confecções no calçadão, Jéssica Thais Luiz dos Santos.

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O dia do padroeiro é uma data móvel e a data é comemorada sempre na sexta-feira da semana seguinte ao feriado de Corpus Christi. Neste ano, o feriado religioso caiu no final do mês, o que contribuiu para afastar os consumidores, que já estão com o salário no fim. "Se tivesse caído no começo do mês e se estivesse frio, talvez as vendas tivessem sido melhores", comentou Santos, que avaliava a possibilidade de fechar as portas mais cedo. "A intenção era ficar até as 18 horas, mas está caindo (o movimento) cada vez mais. As pessoas estão só andando. Não estão comprando."

Apesar do grande fluxo de pessoas no Calçadão, poucas pessoas entraram nas lojas para comprar
Apesar do grande fluxo de pessoas no Calçadão, poucas pessoas entraram nas lojas para comprar | Foto: Gustavo Carneiro

No ano passado, o dia do padroeiro foi comemorado na véspera do Dia dos Namorados, o que ajudou a alavancar as vendas, lembrou a gerente de uma loja de calçados também no calçadão, Flaviani Gonçalves. Neste ano, ela avaliou como "fraco" o movimento. "Fizemos uma escala e até com a escala os funcionários estão ficando mais tempo ociosos. Não valeu a pena."

Para a gerente, o que prejudicou o fluxo de consumidores foi o fechamento do acordo com pouco tempo de antecedência, o que prejudicou a divulgação do calendário e confundiu os consumidores. "Como sempre, aqui em Londrina, tudo é decidido em cima da hora. Tivemos um movimento fraco o dia todo."

Nas negociações entre patrões e empregados, ficou estabelecido que funcionários cujos salários ultrapassam o valor do piso receberiam 100% de hora extra. Os trabalhadores que recebem abaixo do piso salarial, deveriam receber, no mínimo, R$ 120 pela jornada extra.

DEMORA DE ACORDO

Proprietário da Londriervas Produtos Naturais, Fábio Francisconi também lamentou a demora do Sincoval (Sindicato do Comércio Varejista de Londrina) e Sindecolon (Sindicato dos Empregados no Comércio de Londrina) chegarem a um acordo. "Eles poderiam negociar com mais antecedência e não deixar para em cima da hora, como foi nesse feriado. Uma hora a imprensa afirmando que o comércio fecha, daqui a pouco solta que abre. Complica para ambos os lados", criticou.

Apesar da definição do acordo a poucos dias do feriado, Francisconi disse ter ficado satisfeito com as vendas desta sexta-feira na loja, localizada na rua Sergipe, onde a circulação de pessoas era um pouco maior do que no calçadão. "As vendas foram melhores do que ontem (quinta-feira). Ainda não fechei, mas acho que aumentou uns 20%", calculou.

Na região central, algumas lojas de operadoras de celulares, filiais de redes varejistas e pequenos comerciantes sequer abriram as portas nesta sexta-feira. O presidente do Sincoval, Ovhanes Gava, lamentou a decisão. "Quando você fecha, você abre para o concorrente. Só na prefeitura, são nove mil funcionários, se contar outras repartições públicas e bancos, vamos supor que tenhamos 20 mil potenciais clientes que poderiam estar circulando no shopping ou no comércio de rua. A loja que não abriu, ajudou a concorrência a faturar mais."

Gava rebateu as críticas de que faltou divulgação, lembrando que desde o anúncio do acordo, o horário do comércio para esta sexta-feira foi amplamente divulgado nos veículos de comunicação. Ele disse ainda que estava monitorando pelos grupos de WhatsApp as vendas dessa sexta-feira nos estabelecimentos comerciais do quadrilátero central e da zona norte e a avaliação era que os resultados ficaram acima das expectativas. "Valeu todo o esforço. Uma minoria reclamou."

PRÓXIMOS FERIADOS

O presidente do Sincoval descartou a possibilidade de abertura do comércio nos feriados do segundo semestre, mas adiantou que tentará acordo com os trabalhadores para compensar os recessos que acontecerão por conta dos jogos do Brasil na Copa do Mundo, em novembro. Um dos jogos da primeira fase já está confirmado para o dia 24 de novembro, uma quinta-feira, véspera da Black Friday. Uma possibilidade aventada por ele seria fechar o comércio no dia do jogo e compensar as horas paradas no dia seguinte, com horário estendido para atender os consumidores atraídos pelas pelas ofertas da Black Friday. "Isso ainda deve ser um instrumento de negociação. E se o Brasil avançar na Copa, vamos ter que fazer os ajustes de última hora", planeja Gava.

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