Comprar pela internet é muito cômodo. Uma rápida olhada em qualquer site de busca e lá estão todas as informações sobre o produto desejado. Preço, formas de pagamento, cor, modelo, especificações técnicas e avaliações de outros consumidores. Em questão de segundos é possível até encontrar outros vendedores que oferecem o mesmo item e comparar as vantagens e desvantagens entre cada loja em diferentes partes do mundo. Sem intermédio de um vendedor, sem ter de procurar lugar para estacionar, sem filas, sem sair de casa. Em 2018, o e-commerce cresceu 12% no Brasil, segundo levantamento do Webshoppers, relatório que reúne dados e o desempenho das vendas eletrônicas. Mas embora a internet e as transações on-line tenham revolucionado a forma de se fazer negócios no planeta, o ambiente virtual ainda não é totalmente seguro, dando espaço para a ação de golpistas.

A quarta-feira é o dia com maior atividade de fraudadores: 16,31% das tentativas de golpe no e-commerce contabilizadas foram realizadas neste dia da semana
A quarta-feira é o dia com maior atividade de fraudadores: 16,31% das tentativas de golpe no e-commerce contabilizadas foram realizadas neste dia da semana | Foto: iStock

Assim como as vendas on-line, as fraudes no mundo virtual também cresceram nos últimos anos. Pesquisa realizada pela CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) em parceria com o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) aponta que, entre agosto de 2018 e julho de 2019, 46% dos internautas brasileiros foram vítimas de algum tipo de golpe financeiro, o que corresponde a 12,1 milhões de pessoas. Segundo o mesmo estudo, os prejuízos somaram R$ 1,8 bilhão e acima de um terço dos consumidores lesados não conseguiu recuperar o dinheiro perdido.

Entre as vítimas de fraudes na internet, mais de 50% compraram produtos que não foram entregues, 46% receberam produtos ou serviços diferentes do contratado e 25% tiveram o cartão de crédito clonado. A soma dos internautas que enfrentaram problemas ao comprar em lojas virtuais ultrapassa os 100% porque alguns deles sofreram mais de um golpe. Em 51% dos casos houve perda financeira, com prejuízo médio de R$ 478. A pesquisa ouviu 917 homens e mulheres em todas as capitais do País, com idades acima de 18 anos e de todas as classes sociais, o que demonstra que não há um perfil mais vulnerável aos golpes cibernéticos. O que há em comum entre as vítimas, geralmente, são o descuido e a desatenção.

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Há cerca de 15 dias, a projetista Sueli Ferreira Lima entrou em uma loja virtual confiável e consolidada e se deparou com uma promoção tentadora antecipando as ofertas da Black Friday. Um ar-condicionado de 12.000 Btus que custava R$ 1.900 era anunciado por R$ 780. A irmã dela fez a compra de dois aparelhos com pagamento via boleto bancário. “Na hora de gerar o boleto deu erro e o próprio site orientou a tentar novamente, até que minha irmã conseguiu.”

Por sorte, o marido de Lima desconfiou do preço tão baixo da mercadoria e resolveu procurar uma das filiais da loja física em Londrina para se certificar de que a compra era segura. Na loja, o casal foi informado de que era golpe. “Eu não cliquei em nenhum link. Eu entrei no site da loja e mesmo assim caí em um site falso. Uma funcionária da loja disse que várias outras pessoas caíram no mesmo golpe”, contou a projetista. “Ainda bem que não paguei o boleto. Mas foi a primeira e última vez que tentei comprar pela internet. O meu medo agora é que eles tenham ficado com meus dados.”

Imagem ilustrativa da imagem Fraudes virtuais crescem junto com o e-commerce
| Foto: Folha Arte