Encontros Folha discute o agro na promoção da segurança alimentar

A indústria de alimentos é um dos setores mais promissores da economia mundial e um dos que mais crescem no planeta atualmente. Mas ao mesmo tempo em que países onde o agronegócio é forte, como o Brasil, atingem recordes de produtividade no campo, também aumenta a parcela de famintos entre a população global. Somente no Brasil, há 21 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, o que corresponde a 9,9% dos habitantes do país. Quando incluídos nessa estatística também os que estão em situação de insegurança alimentar moderada, o número sobe para 70 milhões e chega a 32,8% da população nacional. No mundo, são 735 milhões de pessoas sem acesso a alimentos ou, ao menos, a alimentos de qualidade. Desde 2019, o número de famintos cresceu 122 milhões.

Diante de dados tão alarmantes, torna-se urgente posicionar o agronegócio brasileiro para que o país atenda os objetivos de desenvolvimento sustentável da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e da ONU (Organização das Nações Unidas). Instituída pelo decreto federal 10.531, de 26 de outubro de 2020, a Estratégia Federal de Desenvolvimento para o Brasil no período de 2020 a 2031 trata do fomento do agronegócio para que o setor passe a ser visto como uma referência na promoção de saúde e de qualidade de vida para a população mundial.

O caminho que o Brasil deverá traçar para chegar a esse patamar baseia-se em cinco eixos estratégicos, amparados pelo decreto federal. São eles: sustentabilidade; bioeconomia, digital; inovação aberta e foodtech. “Não basta produzir, mas pode agregar e ser melhor remunerado pelos seus produtos”, destacou Isabel Regina Flores Carneiro, coordenadora de Ambientes de Inovação da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Carneiro esteve em Londrina nesta terça-feira (8) e foi uma das painelistas convidadas para participar do Encontros Folha, realizado no Centro de Convenções do Aurora Shopping. Em sua 19ª edição, o evento trouxe o tema “Celeiro do Mundo - Os Caminhos para o Brasil Alimentar o Planeta e o Papel do Norte do Paraná entre os Grandes Produtores". A coordenadora do Mapa dividiu o palco com o superintendente comercial da Integrada Cooperativa Agroindustrial, João Bosco de Souza Azevedo, e o presidente da SRP (Sociedade Rural do Paraná), Marcelo Janene El-Kadre.

Dentro dos cinco eixos estratégicos elaborados pelo governo federal, Carneiro chamou a atenção para o foodtech, termo em inglês originado da junção das palavras food (alimento) e tech (tecnologia) e que é utilizado para se referir às empresas que atuam no desenvolvimento de soluções inovadoras para a alimentação.

A coordenadora do Mapa ressaltou a importância do mercado global de proteína plant-based, que somente no Brasil cresceu 70% entre 2015 e 2020. “Se o Paraná tem a faca e o queijo na mão, matéria-prima abundante, logística interessante, com os portos de Paranaguá e de Santos, e começa a ter o polo agroindustrial, por que não fazer esses investimentos aqui?”, provocou.

Azevedo salientou a importância do cooperativismo na produção agrícola do Estado e as práticas de inovação e sustentabilidade que, aos poucos, vêm sendo adotadas pelos cooperados. De todo o volume de grãos produzido nas lavouras paranaenses, 65% saem das terras de cooperados. Mas além da quantidade, as cooperativas se preocupam cada vez mais com as boas práticas de sustentabilidade e a rastreabilidade do que é produzido por seus associados. A Integrada mantém uma equipe trabalhando exclusivamente na área de inovação, uma unidade de desenvolvimento tecnológico, a smart farm, se prepara para entrar em funcionamento e a produção sustentável tem avançado. “Não basta ser referência como produtor, são pessoas que colhem muito bem, mas querem ser reconhecidas por fazerem tudo dentro das boas práticas sustentáveis.”

Aproveitando a existência do polo de tecnologia de Londrina, a SRP criou o SRP Valley, iniciativa que reúne um ecossistema que promove a inovação “dentro e fora da porteira”, e a entidade tem ampliado os eventos vinculados à inovação e a tecnologia por entender que são esses os caminhos para se agregar valor à produção e manter o homem no campo. “A função da SRP é trazer tecnologia, baixar custos e aumentar a rentabilidade do produtor para que ele continue no campo”, disse El-Kadre.

O Encontros Folha é um projeto idealizado pelo Grupo FOLHA de Londrina para promover a discussão de temas relevantes e que contribuam para o desenvolvimento de Londrina e região. O superintendente do Grupo FOLHA de Londrina, José Nicolás Mejía, ressaltou que dada a importância e a enorme representatividade do agronegócio para a economia do Paraná, este é um tema que sempre retorna à pauta do evento. Nesta edição, afirmou ele, a proposta é trazer para o centro da discussão a qualidade da produção agrícola brasileira. “Vemos que o tema agro é praticamente obrigatório em todos os anos. Temos discutido aqui temas sobre logística, produtividade, tecnologia, inovação, cooperativismo, ativismo. Subtemas muito importantes para o agro e que têm dado resultados muito grandes. Hoje, a representatividade do Paraná dentro do agro, de maneira geral, é sumamente significativa. Mas agora temos que dar o seguinte passo e não só falar em quantidade de produção, mas em qualidade. Temos que tocar no tema sustentabilidade em todos os sentidos da palavra, gerando valor adicional aos produtos.”

O Encontros Folha é uma realização do Grupo FOLHA de Londrina e Codel; correalização do Sebrae; conta com patrocínio da Integrada Cooperativa Agroindustrial e TCS - Tata Consultancy Services; e o apoio é da Frezarin Eventos e Unimed.

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