Acontece na próxima terça-feira (08), mais uma edição do Encontros FOLHA, projeto da Folha de Londrina que promove o debate a partir de conteúdos de relevância. Perto de completar vinte edições, o evento movimenta a manhã da sala de convenções do Aurora Shopping ao trazer um tema importante não só para o desenvolvimento econômico do Norte do Paraná, mas também por mostrar ao público que as transformações do agronegócio estão além daquelas provocadas pela tecnologia e passam a ser impulsionadas pelo desejo dos consumidores, cada vez mais interessados em colocar para dentro de casa produtos frutos de práticas sustentáveis.

A partir do tema “Celeiro do Mundo – Os Caminhos para o Brasil Alimentar o Planeta e o Papel do Norte do Paraná entre os Grandes Produtores”, três painelistas levam para o palco do Encontros FOLHA todo o expertise de quem faz do agronegócio o seu cotidiano. Participam do evento Isabel Regina Flores Carneiro, coordenadora de ambientes de inovação, da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e Pecuária Marcelo Janene El Kadre, presidente da Sociedade Rural do Paraná, e João Bosco de Souza Azevedo, superintendente comercial da Integrada Cooperativa Agroindustrial. A moderação fica por conta de Lucas Ferreira, consultor do Sebrae Paraná e gestor dos projetos de Agronegócio e de indústria de alimentos.



“O Norte do Paraná sempre foi uma referência na produção agropecuária em termos de volume, diversificação de produção e qualidade dos produtos. Nos últimos anos, temos conseguido nos diferenciar pelo ponto de vista da inovação e ela está diretamente ligada ao ganho de produtividade, ao aumento da produção, ao alcance de mercados que antes não eram explorados. Temos a oportunidade de discutir algo que vai mais longe: a qualidade além de quantidade, a diversificação e diferenciação como forma de ajudar as propriedades rurais a se desenvolverem cada vez mais, gerando um ganho e um desenvolvimento sustentável na nossa região como um todo”, afirma Ferreira, o mediador dessa 19ª edição do Encontros Folha.

“Outros pontos que corroboram para continuarmos sendo protagonistas desse processo, é a adoção de práticas de sustentabilidade, práticas de segurança alimentar, de tecnologias que garantem uma qualidade para os produtos”, completa. Ferreira ainda aposta em um bom debate sobre as mudanças de comportamento de consumo. “As pessoas estão se tornando cada vez mais exigentes na hora de decidir qual alimento levar para casa. Isso faz com que os países exportadores de alimentos, assim como as empresas rurais, tenham que se adaptar com práticas de sustentabilidade, rastreabilidade, segurança alimentar, certificações para garantir uma competitividade dos produtos que são trabalhados aqui na nossa região e no Brasil como um todo”, aponta.


É exatamente esse novo comportamento de consumo e a revolução tecnológica que fazem com que o Ministério da Agricultura e Pecuária invista em novas alternativas de produtos, com um carinho todo especial para as foodtechs. De acordo com Isabel Carneiro, que participa presencialmente do evento, uma das grandes missões da Secretaria de Inovação é promover a transformação digital para o agro através da articulação com diversos stakeholders .“Assim conseguimos fazer uma prospecção para cada vez mais engajar os produtores rurais nesse inexorável caminho do digital e da inovação aberta”, afirma.

Diretrizes estratégicas do Ministério para uma agenda de inovação e a apresentação de uma nova fronteira através da produção de proteínas alternativas ou sistemas alimentares contemporâneos que, como reforça a secretária, não vieram para fazer concorrência com os setores tradicionais, mas apresentar uma nova opção para um consumidor cada vez mais atento a temas como o das mudanças climáticas.


“Oferecer ao consumidor um produto alimentar seguro, com rastreabilidade e certificação e, da mesma forma, garantir uma nova relação de fontes de proteínas. A indústria de plant-based é uma das que mais crescem no mundo e o Brasil, em especial a região de Londrina, tem tudo para dominar esse setor com matéria-prima abundante, logística favorável, parques tecnológicos e institutos de pesquisa, ciência e tecnologia”, comenta.

O Estado do Paraná é um ecossistema voltado para inovação agropecuária, na opinião de Carneiro e Londrina detém o título de primeiro polo de inovação agropecuária reconhecido como tal pelo Ministério da Agricultura em 2019. “Londrina é o meu case de sucesso. A cidade tem sistema maduro, com um APL (arranjo produtivo local) bastante integrado. É uma grande oportunidade para explorar novas fronteiras e isso tudo, em consonância com o desenvolvimento sustentável e preservação do meio ambiente”, cita.



O recurso humano também se torna protagonista nesse novo cenário. Para o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Marcelo El Kadre, é uma peça importante na inovação e nos novos modelos de gestão das propriedades rurais. “Existe uma nova geração que está assumindo o campo, sucedendo os avós e pais que estão fazendo um caminho inverso, indo estudar nas cidades para voltar para o campo. É uma mão de obra capaz de realizar uma gestão mais produtiva, vem mais preparada com mais instrumentos graças à instrução. Estamos numa projeção geométrica excepcional em relação à produtividade, o Paraná tem uma porcentagem muito maior de terras férteis quando comparado a outros estados. Ainda assim, a essência do ‘caipira’, como aquele que tem um sentimento e respeito pela natureza permanece”, diz.


Uma das preocupações da SRP é trazer para os associados o que existe de mais moderno em termos de inovação e conhecimento. “O que temos feito muito bem é conseguir produtividade com sustentabilidade, através da racionalização de insumos agrícolas, por exemplo, tecnologia e muita inovação. É uma atividade econômica como qualquer outra, que exige estudo, pesquisa e uma série de ações. A produtividade pode não ser rentável, às vezes, e isso porque o produtor não soube como agregar valor ao que produz. Como entidade de classe, temos o compromisso de representar o produtor, seja ele pequeno, médio ou grande, junto ao governo federal, estatual e municipal para viabilizar a produção de todo e qualquer sócio e não sócio”, pontua.

No Paraná, a grande maioria dos produtores se enquadraria na categoria de médios. “Tanto o pequeno, quanto o médio e o grande tem o mesmo sobrenome: produtor. Está sujeito aos mesmos problemas e desafios. Uma centena de pequenos produtores se tornam grandes através do cooperativismo ou do associativismo”, completa o presidente da SRP.

A tecnologia para auxiliar na qualidade da produção das propriedades rurais gerando desenvolvimento sustentável para atender o consumidor cada vez mais exigente estará em foco no Encontros Folha
A tecnologia para auxiliar na qualidade da produção das propriedades rurais gerando desenvolvimento sustentável para atender o consumidor cada vez mais exigente estará em foco no Encontros Folha | Foto: Arquivo Folha

"PRODUÇÃO DE ALIMENTOS É UM PROPÓSITO"


Para João Bosco de Souza Azevedo, superintendente comercial da Integrada, a produção de alimentos é mais do que uma vocação, é um propósito. “O produtor rural tem esse propósito e um detalhe importante é que no Paraná conseguimos fazer isso em pequenas propriedades”, diz.

De acordo com o superintendente, 92 % da produção de grãos do Paraná sai de propriedades que têm menos de 100 hectares. As cooperativas acabam assumindo um papel fundamental e de grande relevância, principalmente para o Paraná que hoje conta com 223 cooperativas, das quais 61 estão no ramo agropecuário. Todas juntas registraram um faturamento ano passado de R$ 186,1 bilhões, representando 3,13 milhões de cooperados, gerando empregos diretos e uma riqueza de R$ 9,2 bilhões, dinheiro que ficou no município sede de cada uma dessas cooperativas.

“As cooperativas representam 65 % da produção de grãos do estado e 45% da produção de carnes e lácteos do Paraná com uma diversificação de produção enorme”, informa Azevedo que também destaca os avanços nas últimas décadas em relação aos cuidados com o meio ambiente.

“Hoje temos propriedades trabalhando fortemente em cima de plantio direto, a cooperativa dando apoio aos produtores para que eles façam a recuperação de matas ciliares, apoiando os produtores para que eles possam fazer as recuperações de nascentes; o repovoamento de árvores no entorno de nascentes, até a cooperativa chamar o produtor para fazer solturas de peixes, de várias espécies nativas em vários rios da região. Isso tudo tem um impacto muito forte dentro do ambiente e o produtor se sente orgulhoso. Nosso maior desafio é comunicar isso”, comenta.

Em abril, a Cooperativa Integrada lançou o próprio Relatório GRI que mostra as atividades no campo social, ambiental e de governança. “Fazemos tudo isso através dos produtores e associados. O produtor do Paraná, o segundo maior estado da Federação em produção de grãos, pode ter orgulho do que faz e isso acontece porque ele usa as melhores práticas hoje e continua a evoluir”, afirma.


Azevedo também vê nas práticas de sustentabilidade, um diferencial que pode atrair cada vez mais o mercado. “Os compradores lá fora estão valorizando cada vez mais produtos que recebem selos de garantias ambientais e através de boas práticas. É um caminho sem volta. Quando lançamos o programa de propriedades sustentáveis éramos uma pequena quantidade e hoje, já somos quase 50 produtores aderindo ao programa de transformar e certificar a propriedade através de uma certificadora referendada como sustentável. Ele não somente quer produzir bem, quer também ser reconhecido por usar as melhores práticas agrícolas que agridem o menos possível o meio ambiente. Estamos caminhando em direção às tendências globais de produzir dentro de critérios de sustentabilidade”, completa.



Encontros Folha é uma realização do Grupo Folha de Londrina e Codel; correalização do Sebrae; conta com patrocínio da Integrada Cooperativa Agroindustrial e TCS - Tata Consultancy Services; o apoio é da Frezarin e Unimed.

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