A hora da comida é sagrada. Tomando esse princípio como ponto de partida, a refeição da noite de Natal é para muitos especial e para dar conta do recado, donas de casa e anfitriões optam pela encomenda. Do assado à sobremesa, a proposta agrada em razão da praticidade e também da certeza de que o prato não irá desandar e que não haverá nenhum imprevisto com a falta de gás ou que algum tempero estrague os planos do jantar. As reuniões menores e a economia marcam o Natal de 2020 e segundo os consumidores, a ordem é unir só as famílias e não desperdiçar nada.

Em Londrina, vários pontos comerciais ligados à alimentação receberam grande número de consumidores na manhã desta quinta, (24), em busca dos pedidos feitos semanas atrás, ou de algo completar ou decidido momentaneamente - para oferecer um sabor a mais ao festim moderado. Moradora do jardim Sangril-lá, Olinda Satiko, 65 anos, é cliente assídua do Mercadão Shangri-lá e todos os domingos pega ali o almoço da família. Na reunião de natal, não poderia ser diferente: "Somos só eu e meu marido e já que só eu como carne, vim pegar uma costelinha de leitoa assada. Escolhi uma bem pequena e gentilmente aceitaram vender para mim metade, que é o suficiente".

Na base da gentileza: atendente Tiago corta metade do assado para Olinda: "Só eu como carne".
Na base da gentileza: atendente Tiago corta metade do assado para Olinda: "Só eu como carne". | Foto: Walkiria Vieira

O atendente Tiago Michelletti dá conta do intenso movimento desde a abertura das portas do Mercadão e além de garantir aos clientes as encomendas feitas com bastante antecedência, há sortimento de assados também no balcão. Pernil, lombo, traseiro e dianteiro de leitoa são opções, além de frango assado, massas como rondelli, caneloni, frango desossado, lasanha e tortas como a de palmito. "Aqui a pessoa já sabe que pode confiar na mesa completa porque tem o arroz, o assado da escolha, a farofa, a maionese e salpicão", vende. Com 36 fornos e quatro assadeiras de frango, o estabelecimento se preparou para a data.

Frutas e verduras frescas também foram produtos procurados na véspera do jantar natalino. As folhas verdes e frutas como lichia, phisália, pêsseg,o uvas de diferentes variedades - rubi, itália, niágara, núbia, esta sem sementes, eram repostas nas bancas com frequência. A empresária Andréa Ruy, 45 anos, explica que escolheu a manhã do dia 24 para levar para a família frutas frescas e de qualidade. "Será uma reunião pequena, mas não passaremos em branco", diz.

Andréa Ruy: "Fiz questão de vir hoje  comprar frutas frescas"
Andréa Ruy: "Fiz questão de vir hoje comprar frutas frescas" | Foto: Walkiria Vieira

Com um calendário fixado às vistas da clientela desde o início do mês, a Panificadora Rio Branco confirma que trabalhar com planejamento é confortável e o ideal. Para a empresa, os colaboradores, fornecedores e o cliente final. Com mais de 30 anos de tradição, os bolos e kits natalinos são os mais procurados para sobremesa e entradas.

De acordo com a gerente da unidade, Sayuri Arasaki, 48 anos, o número de pedidos desse ano foi bem menor. "Pelo nosso histórico, isso é bem nítido, principalmente em relação aos pedidos de coffee-break que as empresas faziam nesse período de confraternização. A pandemia mudou muitos planos e sabemos que as famílias também optaram por mini-eventos, mas não deixaram de lado a praticidade. Tivemos até pedido de chantilly fresco e nossas confeiteiras estão trabalhando intensamente para atender os pedidos de sobremesas e salgados. Deixamos a vitrine preparada também para os pedidos de última hora porque é comum acontecer de chegarem os pedidos extras", comenta.

Susana Dias, caixa da Panificadora Rio Branco: "Nos planejamos para os fregueses de última hora também"
Susana Dias, caixa da Panificadora Rio Branco: "Nos planejamos para os fregueses de última hora também" | Foto: Walkiria Vieira

Na Casa de Carnes Fraternidade, a freguesia fiel do ano todo marcou presença logo pela manhã. Com senha no display e uma equipe alinhada para manter fila organizada, entregar pedido, cobrar e embalar, a gerente do açougue, Vania Dias, diz que dessa maneira, o trabalho flui. "Tirando a anormalidade da pandemia, que exige cuidados redobrados de todos, o movimento intenso de véspera não nos assusta, é de praxe e fazemos de tudo para atender da melhor maneira", reflete.

A empresária Jaqueline Francielli, 27 anos, é moradora do jardim Morumbi, região leste de Londrina. "Sou freguesa das antigas, venho o ano inteiro e não me incomoda aguardar uns minutos para ser atendida. A qualidade compensa", diz diante da senha de número 118 em mãos. Com a lista de compras anotada no celular, conta que as reuniões serão pequenas e divididas: na casa da mãe dela e na casa da sogra. "Pediram contra-filé, picanha, costela janela, panceta e frango temperado e nesses quatro dias vamos fazendo aos poucos e usando até as sobras para que não tenha desperdício", reflete.