Agrohackathon 2023 instiga jovens a pensar em soluções para o campo
A primeira etapa da maratona ocorreu nos dias 2 e 3 de setembro, em Curitiba, Pato Branco, Assis Chateaubriand e Ibiporã
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 05 de setembro de 2023
A primeira etapa da maratona ocorreu nos dias 2 e 3 de setembro, em Curitiba, Pato Branco, Assis Chateaubriand e Ibiporã
Douglas Kuspiosz - Especial para a FOLHA

Mais de 250 alunos de universidades e colégios agrícolas do Paraná participaram, no último final de semana (2 e 3), da quarta edição do Agrohackathon. A etapa regional da maratona tecnológica ocorreu simultaneamente em Curitiba, Pato Branco, Assis Chateaubriand e Ibiporã, e selecionou oito projetos que participarão da final no dia 22 de setembro.
Com o tema “monitoramento da propriedade rural”, o intuito foi levar os jovens a pensarem em soluções tecnológicas para os problemas vividos no campo. As quatro melhores ideias passarão por um processo de pré-incubação e podem se tornar produtos para o mercado.
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A maratona é uma iniciativa do CEA (Centro de Economia Aplicada, Cooperação e Inovação) da UFPR (Universidade Federal do Paraná), com realização conjunta do Sistema Faep/Senar-PR, Agrociência Cooperativa e UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná).
O coordenador do DTE (Departamento Técnico Econômico) do Sistema Faep/Senar-PR, Jefrey Albers, que esteve em Ibiporã, explica que, na temática desta edição, podem ser trabalhados aspectos como a geração de bancos de dados a partir de modelos tecnológicos, além do monitoramento do clima e do solo, por exemplo.
“Com esses dados, temos o produtor rural que melhora as informações da sua propriedade e também as empresas, os terceiros, que trabalham com o agricultor - como seguradoras, instituições de crédito e revendas - que, com informações qualificadas, podem atender melhor”, afirma Albers, que cita uma aproximação entre a academia e a realidade do campo.

O professor Ailson Augusto Loper, que faz parte do CEA, conta que a iniciativa nasceu com o professor Gilson Martins “buscando trazer o que tem de mais moderno, o que está na fronteira do conhecimento” para a discussão do campo.
“Estamos cada vez mais vendo que a única forma de trazer uma eficiência, um aumento de produção, é através da tecnologia”, diz. “As agritechs são uma tendência, e não uma moda.”
Loper destaca que a realização do evento é resultado da parceria entre as instituições e que, desde que o Agrohackathon surgiu, várias soluções foram criadas. Mas, para além disso, o sentimento de pressentimento aos alunos é um aspecto de destaque na maratona. “Ele se apropria do poder de resolver.”
O estudante Ryan Felipe da Silva, 17, do município de Assaí, diz que todo hackathon é uma experiência nova, e que o processo de aprendizagem é uma das melhores características do encontro. “Você percebe que não existe só o seu jeito de resolver [o problema]. Toda solução é bem-vinda”, citando a necessidade das discussões em grupo.
Silva, inclusive, vem acumulando participações em maratonas tecnológicas. A primeira foi em 2021, na área da educação; depois, durante a ExpoLondrina, teve oportunidade de pensar em produtos voltados ao agronegócio.
Outro participante em Ibiporã foi o estudante Felipe Viana Romagnolo, 15, também de Assaí, ressalta que a mistura de ideias e de pessoas é a parte mais divertida do hackathon.
“Eu gosto desse sentimento de chegar e perceber que a sua ideia não era nada, e ter pouco tempo para recriar. Esse repensar por completo, aprender com gente diferente”, acrescentando que, nesta edição, tentou pensar em soluções de problemas que presencia na propriedade rural da sua família.
NOVAS IDEIAS
O diretor-financeiro da Agrociência Cooperativa, Jonathan Novak Felini, destaca que, além de premiar os estudantes, o evento é fundamental para fomentar a criação de novas ideias.
A inovação voltada ao agronegócio tem sido um movimento frequente de instituições da área. A partir da discussão dos jovens, as melhores ideias podem ser incubadas e se tornarem um produto ou um servidor para o dia a dia no campo.
Sobre a atuação da cooperativa, Felini conta que a proposta é preencher a lacuna entre o fim da graduação dos estudantes e o início da vida no mercado de trabalho.
“Criamos a cooperativa para que ela servisse como uma ponte para passar por esse abismo e colocar [o estudante] para trabalhar com profissionais da área”, aponta. “No Agrohackathon, a gente promove inovação, incentiva eles a isso, e também traz problemáticas que são realidades do mercado.”
O estudante de engenharia de software da UTFPR, Welyson Carlos, 25, pode ser considerado um veterano de hackathons. A maratona do último final de semana foi sua sétima participação em eventos tecnológicos desta natureza. “Tenho uma perspectiva muito legal, porque os outros que eu participei foram interessantíssimos. A gente consegue conhecer pessoas e se aperfeiçoar cada vez mais.”
SELECIONADOS
Após o período de discussão e mentoria em Ibiporã, as equipes Thinkin’Pink e MRAP foram selecionadas para a final em Curitiba. Os vencedores devem participar por uma pré-incubação por seis meses, contando com auxílio das instituições para o desenvolvimento e evolução dos projetos.
“Quando estamos falando do nível técnico, dos profissionais que encontramos nas escolas técnicas, nas universidade do Paraná, o nível é realmente muito alto. A iniciativa não poderia ter nascido em outro lugar”, finaliza Loper.

