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Economia 5m de leitura

Acil aponta que consumidor está com dificuldades de pagar dívidas

Os resultados de análise nos crediários na rede varejista aponta um maior número de pessoas negativadas

ATUALIZAÇÃO
05 de abril de 2021

Pedro Moraes - Grupo Folha
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O Sistema de Proteção ao Crédito da ACIL (Associação Comercial e Industrial de Londrina) aponta um aumento no número de pessoas que não conseguiram arcar com suas dívidas em março. Os dados em comparação com o mesmo período no ano passado – período em que ficou marcado pelo início da pandemia da Covid-19 – apontam que o número de negativados registrado ficou 9% maior. No entanto, analisar os dois períodos, com momentos tão diferentes, faz com que o resultado seja até positivo. “Em março de 2020, tínhamos um cenário de recuperação. A cidade aumentava os empregos. Hoje, um ano depois, a situação é mais delicada, mesmo que tenhamos recuperado parte dos postos perdidos, o saldo em dezembro foi de 420 postos a menos do que no início do ano passado. Havíamos perdido 5.000 postos de emprego, numa base que já estava enxugada. Diante dessa situação, o resultado nem é tão ruim”, aponta o economista Marcos Rambalducci, consultor da ACIL.

Um reflexo dessa comparação pode ser observado quando a confrontação se amplia para o primeiro trimestre deste ano ao de 2020, no qual aponta que o número de consumidores negativados foi 15% menor. É preciso levar em consideração que a população faz uso da linha de crédito direto nas lojas normalmente é de poder aquisitivo mais baixo e que esses indicativos não incluem gastos com cartões de crédito. Essas pessoas tendem a ser mais conservadoras num momento de crise como a que enfrentamos atualmente. “A autoconfiança em se tornar inadimplente é levada em consideração. A população mais pobre, quando perde o crédito, fica numa situação muito mais complicada. Por outro lado, o desemprego atingiu as classes mais baixas. Essas pessoas que ficaram empobrecidas não vão comprar televisão e geladeira, a prioridade é comprar arroz e feijão”, esmiúça Rambalducci.

Já a quantidade de consumidores inadimplentes que conseguiram renegociar as dívidas foi 10% menor na comparação com março do ano passado. Por isso, o resultado do primeiro trimestre de 2021 foi 31% mais baixo. “O comércio como um todo está apostando na recuperação econômica, o que pode ser visto nos indicadores de geração de emprego formal divulgados pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) que mostram aumento nas contratações. No entanto, ainda há muita apreensão por parte dos lojistas, que continuam esperançosos na retomada mais vigorosa da economia e na ajuda do novo auxílio emergencial”, ressalta Rambalducci. O repasse direto do governo, no entanto, será menor do que o do ano passado, o que pode dificultar tal retomada. Os valores propostos na próxima rodada são oito vezes menores do que o que foi aplicado em 2020.

Na opinião de Rambalducci, uma melhora na economia, não só em Londrina, como em todo o País e no mundo, depende do controle da pandemia. O que, por enquanto, aponta para um amplo processo de vacinação da população. “Vivemos praticamente um momento de uma tempestade perfeita. A produção caiu e o preço subiu. Não podemos esquecer que a quantidade de alimentos não aumenta, o que isso faz é aumentar a inflação. Houve auxílio emergencial, mas, concomitantemente, a elevação dos preços”, explicou. “Podemos ter um aumento na inadimplência, sim, enquanto não gerarmos mais emprego, mais renda. O horizonte ainda está muito nebuloso e, é claro, vai ficar mais conservador”, detalhou.

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