Nem o presidente da República e muito menos o do Senado recuam em suas posições: Bolsonaro insiste no enquadramento dos ministros do STF, Barroso e Moraes, que Rodrigo Pacheco já disse que vai rejeitar. Bolsonaro promete não cooptar senadores no apoio ao seu pleito, uma forma de manter a demanda e sustentá-la ante o que der e vier. O elástico foi ao ponto extremo, reduzindo espaços para uma conciliação. Tudo é negociado e há até uma trava no momento na indicação de André Mendonça para o STF na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. O fato novo é a disposição de Rodrigo Pacheco no veto ao impeachment dos ministros do STF da mesma forma como Arthur Lira age na Câmara contra o impedimento do presidente. Há, portanto, elementos de resistência à possibilidade de um evento de ruptura. O fato é que a corda esticou como nunca e em certos momentos dá impressão de distanciamento da conciliação.

Pedágio

Há um núcleo minoritário de oposicionistas e independentes no legislativo estadual na tramitação do pedágio: o plano de concessão das rodovias passou em primeira discussão por 41 a 11 e a partir de ontem o texto passou a receber emendas. De um modo geral não há riscos para o governo a não ser que tenhamos dramatização em torno de detalhes como a localização das praças. Há pessimistas que acham que apesar das mudanças para melhor o processo conteria deficiências insanáveis.

No front

A variante delta teria crescido 84% em uma semana. As mortes pela doença no Paraná superaram em 260% registros de 2020. Em algumas capitais com o Rio de Janeiro essa variante mais transmissível predomina e em pelo menos sete cidades há UTIs lotadas e reabertura de leitos, falando-se muito em nova onda. O governador paulista reduziu de 21 para 7 o número de especialistas do conselho contrário à reabertura. Infectologistas não concordam com o excesso de flexibilizações. O Brasil registrou, entre segunda e terça, 1.137 óbitos e 38.218 infecções, Paraná com 60 mortos e 4.747 casos, Curitiba com 20 óbitos e 661 casos. A capital entrou em bandeira amarela, liberação de eventos com público limitado e testado.

Método

A Polícia Federal, em documento enviado ao TSE, afirma que os bolsonaristas usam os métodos de Trump, ex presidente dos EUA, na manipulação das redes sociais nas eleições daquele país de 2016 e creditada a Steve Bannon, seu estrategista, e que foi conselheiro da Cambridge Analytica, empresa envolvida no uso de dados de usuários do Facebook na campanha eleitoral. Diz a PF que o mesmo método foi empregado no pleito de 2018. Uma siderurgia de desinformação, chegando ao público de forma direta com inegável charme revolucionário.

Briga por espaço

A Avenida Paulista é disputada por manifestantes pró e contra Bolsonaro para celebrações e agitos do 7 de Setembro. A data já foi manipulada naquela declaração do artista sertanejo Sergio Reis supostamente em favor dos caminhoneiros, fato que levou a Polícia Federal do DF investigar a convocação. A competição pelo espaço público é coordenada pela Central de Movimentos Populares, mas o presidente está convocando à mobilização os seus seguidores.

Lockdown

A Nova Zelândia é radical no enfrentamento da Covid e tanto que entrou imediatamente em lockdown ante a detecção de um caso de Covid-19 transmitido localmente, o primeiro registro em seis meses no país. No país havia cinco casos provocados pela variante delta e ligados ao primeiro.

Folclore

Beto Richa criou um novo termo, em código, para propina, chamando a gorja de "tico-tico" no sentido de miniatura, que não caberia nas pretensões da Precisa e Envixia que, segundo relatos, pretendiam como intermediárias levar US$ O,40 e US$ 0,75 por dose. Tico-tico tem dimensão poética e fica muito distante de tudo isso.

A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina

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