O mundo da tecnologia digital é dominado atualmente por grandes empresas. A maioria norte-americana. São as chamadas Big Techs. A concorrência, para infelicidade deles, está aumentando e esse domínio está sendo ameaçado por firmas chinesas, europeias, asiáticas e também brasileiras.

Imagem ilustrativa da imagem Unicórnio com pés vermelhos: unico e Arkivus

Essa semana vimos uma notícia que nos encheu de orgulho no Norte do Paraná. A startup unico, IDTech de soluções de proteção de identidade digital, recebeu aporte de R$ 625 milhões, o que somado a outros investimentos ultrapassou a barreira de USD 1 bilhão, levando-a ao patamar de unicórnio, como são chamadas empresas de crescimento rápido com valor de mercado nesse patamar ou superior.

Nova unicórnio brasileira adquiriu empresa londrinense em 2017

Além se de juntar ao seleto rol de dezessete startups brasileiras unicórnio, a unico se credenciou a se tornar uma Big Tech. Por quê? Porque tem tecnologia própria, a qual foi desenvolvida com a colaboração de uma empresa de Londrina, Arkivus, incorporada pela unico há quatro anos e criada por um egresso do curso de Ciências da Computação da Universidade Estadual de Londrina (UEL): Marcelo Zanelato.

Falei sobre a unico em artigo publicado aqui na Folha em 9 de abril deste ano. E qual foi o título do meu texto? Tecnologias próprias: um caminho a ser trilhado. Minha defesa em torno da necessidade de criar tecnologias próprias para o desenvolvimento da inovação se deu justamente pela concorrência atroz no mercado, sobretudo na área de tecnologia digital. Quem se destaca são as firmas que não dependem de tecnologia de terceiros.

Para desenvolver tecnologia, porém, não basta ímpeto empreendedor. Para criar a Arkivus, Zanelato contou com um ecossistema de inovação trazendo suporte, como na incubação dentro da própria UEL. Lá ele encontrou um ambiente adequado para aperfeiçoar sua tecnologia e desenvolver seu negócio.

Alguns grupos em Londrina têm feito vários esforços nesse sentido, sobretudo integrando entidades públicas cujo foco está em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), cerne da geração de conhecimento. UEL, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Embrapa Soja uniram-se à Fundação ABC, cooperativas e empresas privadas para criar um Hub de Inteligência Artificial do Agro.

A partir dessa iniciativa podem surgir novas Arkivus? Certamente. Assim como já despontaram startups de outros ex-alunos da UEL, a exemplo da Agribela, que destacamos aqui nesta coluna. O mais importante é que todas essas firmas tenham em comum o desenvolvimento de inovação tendo como ponto de partida tecnologias próprias, geradas a partir de pesquisa científica aplicada sob as condições regionais.

Isso não assegura um futuro próspero e de grande sucesso, como obteve a Arkivus, todavia é o único caminho para minimamente buscar um espaço entre as grandes empresas, como a unico mostrou que é possível. Como fazer isso? Isso é assunto para as próximas colunas.

*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.

A opinião do colunista não representa, necessariamente, a da Folha de Londrina

Receba nossas notícias direto no seu celular, envie, também, suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.