A rapadura é doce, mas não é mole não! O ditado popular nem sempre tão fiel à realidade significa que a vida não é fácil. É boa, mas não é fácil. Acontece que, hoje em dia, não é raro encontrar rapaduras deliciosas e bem agradáveis ao paladar, sem precisar quebrar os dentes para degustá-la. Mais que isso: fiquei espantado ao perceber que há rapaduras de tudo quanto é tipo e sabor! Estive recentemente no Ceará e, em determinado trecho próximo a Fortaleza, há uma grande variedade de engenhos que a produzem e vendem-na na beira da estrada. São verdadeiros shoppings do produto.

Apesar de ser muito abundante no Nordeste brasileiro, devido ao fato de lá ter ocorrido o ciclo da cana-de-açúcar a partir da colonização portuguesa no Brasil, a rapadura é importada. A cultura da cana já existia em outras colônias europeias e, nas Ilhas Canárias, surgiu o doce, no século XVII. O objetivo era substituir o açúcar granulado em grandes viagens. Por isso, produziam pequenos blocos parecidos com tijolos que podiam ser transportados nas bagagens dos passageiros. E foi assim que nas primeiras décadas de 1500 a iguaria chegou ao Brasil.

A rapadura foi incorporada ao mix gastronômico nordestino e se transformou num doce muito popular. Aliás, muito doce mesmo. E muito popular também! Durante minhas andanças pelas praias cearenses, uma das paradas foi em um engenho, entre tantos que existem por lá, num pequeno trecho da CE 040, em direção ao litoral leste, distante uns 30 km da capital. Alguns dos engenhos, que se assemelham com os pontos de compra e venda de mel nas estradas paranaenses, gabam-se de ter “a maior rapadura do mundo”. De fato, eles deixam em exposição o doce, embalado, na porta de entrada do local.

E, ali dentro, você vai se surpreender com as delícias que poderá encontrar. Além da infinidade de cachaças e licores, assim como castanhas, é possível se deparar com sabores de rapadura dos mais diversos. Entre eles, com açaí, cappuccino, chocolate, coco, abacaxi, sabor de chiclete, gengibre, menta, goiabada e por aí vai. São tantos que a gente nem consegue se lembrar de todos. Muito menos experimentar. Afinal, eles dão uma provinha de degustação aos turistas, que têm vontade de comprar tudo.

Como eu estava viajando apenas com bagagem de mão, se despachar, tive que me conter. Trouxe apenas dois pacotinhos, um de sabor tradicional e outro de chocolate, ideais para tomar acompanhando um bom cafezinho. Ou, então, com cajuína. Mas, esse é assunto para uma próxima!

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