Muito se comenta sobre os males da procrastinação, que é o ato de deixar para depois aquilo que se deveria fazer agora mesmo. Mas o contrário também é um problema.

Algumas pessoas entregam as tarefas bem antes do prazo, mas de modo malfeito. Com o intuito de eliminar itens da sua lista de coisas a fazer, elas cumprem o trabalho de qualquer jeito. Praticam o que chamamos de precrastinação.

Um dos principais motivadores que causam essa disfunção é a vontade de limpar a agenda. Em um bom português: livrar-se logo dos afazeres para investir o tempo em outra coisa. Daí a pessoa se satisfaz com a "primeira versão" do seu trabalho.

Isso me lembra a história de um gestor que, meia hora depois de receber o relatório entregue por um dos colaboradores, comentou: “O que está neste documento é o melhor que você pode fazer?” Sem falar nada, o funcionário saiu de perto levando o arquivo em mãos.

No dia seguinte, ao chegar em sua sala, o gestor viu que o documento já estava na mesa. Ele pegou a pasta, foi até o funcionário e novamente disse: “Você tem certeza que isso é o melhor que você pode fazer?" O funcionário, a contragosto, recolheu o documento e garantiu que faria um pente-fino nele.

Depois de receber o arquivo pela terceira vez, o gestor insistiu: "Desculpe tocar no assunto de novo, mas você tem certeza de que fez o melhor que podia?" Daí o colaborador saiu de perto o mais rápido que pôde a fim de não o xingar, tamanha a sua indignação.

Mais atento do que nunca, ele releu cada uma das vinte páginas do relatório, conferiu as tabelas, corrigiu as frases que ainda pareciam um pouco confusas e, retornando, comentou com voz firme: “Chefe, eu fiz o melhor que posso e não aguento mais ler esse documento!" Na mesma hora, olhando para o funcionário, o gestor afirmou: "Ok, então eu já posso ler o arquivo pela primeira vez".

Essa não é mais uma história de liderança tóxica na qual o chefe fica perseguindo o seu liderado. Apenas ensina que não devemos perder tempo com entregas medíocres – e nem gastar o tempo do outro.

O perfeccionismo é um grave defeito, mas o baixo compromisso em fazer as coisas com excelência é um defeito maior ainda. E a capacidade de antecipação só pode ser considerada virtude quando combinada com um desempenho acima da média.

É por isso que, se você tem um trabalho para entregar na semana que vem e já está pensando em encaminhá-lo por e-mail para se livrar logo dele, que tal aproveitar o tempo que ainda resta encontrando aquele 1% de melhoria, por exemplo, nos próximos três dias? Daqui a alguns anos essa pequena escolha vai explicar por que você chegou aonde chegou.

Pense nisso!

* Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

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