Se você ocupa uma posição de líder já deve ter percebido que passa boa parte do seu tempo mediando conflitos que envolvem outras pessoas. E esse papel não é nada fácil, pois se manter neutro, justo e coerente no meio de uma discussão – principalmente, quando os ânimos estão exaltados – exige muita sabedoria e criatividade.



Até na Bíblia Sagrada temos passagens que tratam desse tema. Uma delas tem a ver com o dilema enfrentado pelo Rei Salomão quando duas prostitutas se apresentaram diante dele afirmando serem mães de uma criança – e que é narrado no livro de Reis 3,23-27.



Compartilhando a história, as mulheres moravam na mesma casa. A primeira deu à luz um menino e, dois dias depois, a segunda também, bem um período no qual ninguém as visitou.



Certa noite, uma das mulheres rolou sem querer sobre seu próprio filho e o sufocou, matando-o. Ela, então, levantou-se, enquanto a outra dormia, pegou o filho desta última e o colocou em sua cama. Em seguida, ajeitou o menino morto nos braços da outra. Pela manhã, esta percebeu que a criança morta na verdade não era seu filho. A outra, no entanto, afirmava que seu filho estava vivo.



Ambas discutiam e procuraram o rei para ver com qual delas ficaria a criança. Então, o rei Salomão disse: “Cada uma de vocês diz que a criança viva é a sua, e que a morta é da outra”. Então, mandou buscar uma espada e, quando a trouxeram, disse: “Cortem a criança viva pelo meio e deem metade para cada uma destas mulheres”.



A verdadeira mãe do menino, com o coração cheio de amor pelo filho, disse: “Por favor, senhor, não mate o meu filho! Entregue-o a esta mulher!”



Porém, a outra disse: “Podem cortá-lo em dois pedaços! Assim ele não será nem meu nem seu”. Aí ,Salomão disse: “Não matem a criança! Entreguem o menino à primeira mulher porque ela é a mãe dele”.



É claro que Salomão não tinha a intenção de matar a criança. Mas, em contrapartida, ele precisava descobrir qual das mulheres falava a verdade a fim de tomar uma decisão coerente e justa, e que ainda validasse seu comando perante o povo. Conhecedor da alma humana, sabia que a mãe suportaria ficar longe do filho, mas jamais aceitaria passivamente vê-lo ser morto, e por isso instigou o tipo de sentimento que apenas a verdadeira genitora carregava dentro de si.



Portanto, quando estiver diante de um impasse que envolve duas ou mais pessoas, e você for o responsável por mediar alguma saída que ajude a resolver o problema:

Primeiramente, busque opções que fujam do raciocínio convencional;
E, apesar do dever maior de conservar a neutralidade, não deixe de fazer a coisa certa, ainda que você desagrade alguém enquanto cumpre o seu dever.



Pense nisso!


* Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

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