Muitas pessoas só desenvolvem habilidades críticas de liderança e gestão quando aceitam cumprir desafios profissionais que, por sua natureza, são geradores de alavancagem. O que eu costumo chamar de Missões Delicadas.

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business woman is pointing where to sign on document, with documents in background | Foto: iStock

Liderar uma equipe de departamento pela primeira vez, mudar totalmente de área (como o engenheiro que passa a trabalhar em RH), aceitar uma proposta de emprego depois de 20 anos ininterruptos na mesma organização e mudar-se para outro país são exemplos de missões delicadas.

Outras são:

- Atuar como mentor de uma pessoa de alto potencial.

- Trabalhar em um projeto que implica grandes mudanças na companhia.

- Ser responsável pela implantação de um módulo do novo ERP (sistema informatizado de gestão).

- Fazer parte da equipe que conduz um negócio de fusão ou aquisição.

- Trabalhar com um chefe difícil.

- Ter de demitir uma pessoa pela primeira vez.

A grandeza espiritual e a maturidade de uma pessoa se manifestam justamente em sua capacidade de lidar com diferentes tipos de pressão. E são as situações inesperadas e difíceis que fortalecem traços de personalidade importantes na liderança, como a disposição de assumir riscos.

O problema é que nem todo mundo está disposto a vivenciar situações de amadurecimento que impliquem desconforto e dor. Muitos preferem permanecer dentro da área de domínio, onde navegam sem grandes dificuldades.

É por isso que empresas tidas como verdadeiras fábricas de líderes não temem entregar grandes projetos nas mãos de pessoas que, apesar da pouca experiência, apresentam alto potencial. Tais companhias sabem que essa é a melhor forma de fazê-las amadurecer.

Mas não pense que missões delicadas servem apenas para o desenvolvimento da capacidade de liderança de quem ainda está dando os primeiros passos na carreira. Você pode ter sessenta anos de idade e estar diante de uma delas hoje mesmo.

Vou mais longe: o amadurecimento não acontece apenas em situações de trabalho. Também podemos – e devemos – aproveitar os pontos de inflexão que a vida nos oferece. Quem supera a morte de um familiar próximo, cuida de um filho que nasce com alguma deformidade física, enfrenta um câncer sem esmorecer ou recomeça a vida depois do divórcio, geralmente também se torna um líder melhor.

Independentemente da idade ou do papel que você desempenha em sua empresa hoje, quanto mais estiver disposto a suportar diferentes tipos de desconforto, mais se desenvolverá. No entanto, isso implica a coragem de lidar com o fracasso temporário ou as próprias limitações pessoais.

Não podemos ser iguais àquele candidato que estuda durante anos para passar em um concurso público, mas jamais se inscreve para as provas. Protegendo-se da frustração de não ser aprovado, nem tenta.

Lembre-se de que a maior parte dos executivos que você aprendeu a admirar têm algo em comum: eles preferiram investir boa parte do tempo em projetos arriscados em vez de buscarem refúgio naquilo que já tiravam de letra.

Por isso, fica a pergunta: quais são as suas duas ou três Missões Delicadas nos próximos meses?

* Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

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