O livro bíblico de Eclesiastes foi escrito por volta dos anos 450 e 180 a.C. e traz o seguinte ensinamento: “Quando os dias forem bons, aproveite-os bem; mas, quando forem ruins, considere: Deus fez tanto um quanto o outro para evitar que o homem descubra alguma coisa sobre o seu futuro” (Ecle 7,14).



Realmente, existem alguns dias do ano – em torno de 5% do total – que não fluem, apesar do nosso máximo esforço, a ponto de até pensarmos: “Hoje eu nem devia ter saído de casa pra trabalhar”. O problema é que, quase sempre, não reconhecemos esses dias antes de vivê-los na pele, pois eles vão sendo revelados junto com os obstáculos que surgem pelo caminho.



Também existem os dias incrivelmente bons. Aqueles em que tudo parece dar certo como em um passe de mágica, com a boa sorte ao nosso lado. E é em tais horas que concluímos: “Como eu gostaria de ter mais dias como esse!” Mas eles também são, em média, 5% do seu ano.



E o que compreende os 90% do tempo que temos ao longo de doze meses? Dias normais, sem qualquer ponto fora da curva obra do acaso. E é justamente aí que precisamos focalizar nossa atenção. Enquanto os dias verdadeiramente ruins são capazes de drenar a nossa energia e os bons provocam uma euforia sem tamanho, os dias normais existem para nos dar a chance de construirmos a vida e a carreira que almejamos.



Lembre-se: após um dia comum típico o nosso cérebro nem registra o que se passou. Quer um exemplo? O que ocorreu de extraordinário na sua quinta-feira passada? Não lhe vem nem uma boa nem uma má lembrança? Então, possivelmente foi um dia normal perdido.



Pessoas maduras sabem que, em dias ruins, a melhor coisa a fazer é ser paciente. Afinal, como escreveu William Shakespeare: “Aconteça o que acontecer, os dias ruins passam, assim como todos os outros”. Eles não farão parte da sua rotina, a não ser que você se deixe dominar pela desesperança.



Já nos dias bons é aceitável que a empolgação tome conta de você, pois a clareza de que as coisas estão dando certo costuma provocar um entusiasmo rejuvenescedor. Contudo, tome o cuidado de não ficar extasiado demais a ponto de achar que a boa sorte permanecerá ao seu lado infinitamente.



A notícia animadora é que você pode fazer com que a maior parte dos seus dias normais se tornem incríveis, mesmo que a boa sorte não lhe seja favorável. E, para isso, a grande lição é: evite ficar distraído. Nos dias ruins, naturalmente mantemos o sinal de alerta ligado, mas os dias comuns são convidativos ao piloto automático.



Portanto, não se deixe afetar demais pelas circunstâncias aleatórias dos dias bons ou ruins, já que eles são passageiros. Foque sua energia no que você faz nos 90% de dias que, no fundo, vão torná-lo alguém alienado, acomodado, estressado ou realizado.


* Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

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