O termo “novo normal” não surgiu agora. Ele foi criado pelo economista americano Mohamed El-Erian, em 2009, para explicar as consequências da grave crise econômica mundial que o mundo enfrentava naquele período. E a ideia central é de que momentos como esse causam rupturas estruturais tão intensas que não podemos acreditar que, mesmo depois que tudo passar, a situação simplesmente será normalizada.

Como bem lembra Raul Zibechi, jornalista e analista político uruguaio: "A rigor, grandes eventos globais, como guerras e pandemias, não criam novas tendências, mas aprofundam e aceleram as existentes". Ou seja, o coronavírus está servindo como um acelerador do futuro.

Na prática, o que será esse "novo normal” no mundo do trabalho?

1) Uso permanente de máscaras. Tudo indica que elas continuarão fazendo parte da rotina de boa parte dos profissionais, mesmo depois da descoberta de uma vacina contra a covid-19. E, além disso, os cuidados redobrados com higienização e limpeza dos escritórios e fábricas também serão a regra.

2) Reconfiguração dos espaços de trabalho. Aquele negócio de dez pessoas ocuparem espremidos uma sala de 15 metros quadrados também vai mudar. Várias empresas já estão se organizando para que seus ambientes fiquem mais arejados, com espaços abertos e sem aglomeração de pessoas. Nesse cenário, os coworkings têm um grande desafio pela frente.

3) Trabalho remoto veio para ficar. Em vez de fazer as coisas direto de casa temporariamente, existem boas chances de você se tornar um teletrabalhador full-time, como outras milhões de pessoas pelo mundo. Empresas estão descobrindo duas coisas hoje em dia: é possível ter um time produtivo a distância e ainda diminuir os custos administrativos. Até candidatos em processos de seleção saem ganhando com isso, pois morar numa cidade diferente de onde fica o seu futuro empregador deixa de ser um problema.

4) Videoconferências frequentes. Durante a pandemia, o tráfego de chamadas por vídeo já aumentou aproximadamente 500% no ambiente corporativo. Se antes muita gente torcia o nariz para esse tipo de interação, agora já percebeu que ela pode ser bastante eficaz e ainda ajuda todo mundo a economizar tempo.

5) Treinamentos a distância. Capacitação sempre foi sinônimo de sala de aula e isso também mudou. Depois das inúmeras lives e cursos on-line assistidos durante as últimas semanas, e o impacto positivo desses conteúdos para o enfrentamento da crise atual, não tenha dúvida de que faremos cada vez mais treinamentos pela web e ao vivo. E também assistiremos à explosão de novas plataformas digitais que nos ligam a professores, especialistas e mentores.

6) Viagens a trabalho menos frequentes. Com a adoção das ferramentas tecnológicas que citei acima e o olhar das empresas dirigido para o corte de custos desnecessários, o número de viagens a trabalho vai diminuir bastante; inclusive para quem ocupa posições de liderança. Algo que transforma profundamente o modelo de negócios de companhias aéreas, hotéis e empresas de eventos.

E na sua empresa, como a aceleração de todas essas mudanças vai afetá-la daqui em diante? Vocês já pararam para falar a respeito?

Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

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