Uma pesquisa realizada em 2018 pelo Instituto Ethos revelou que apenas 14% das mulheres ocupam posições de liderança no médio e alto escalão das empresas. Porém, um outro número do mesmo estudo é ainda mais preocupante: as executivas negras somam vergonhosos 0,04%.

O que intriga muita gente é por que as políticas de igualdade de gênero não avançam nas organizações na mesma medida das conquistas femininas em outras esferas da sociedade.

O fato é que a maior parte das empresas ainda mantêm práticas e processos que dificultam o acesso de mulheres a posições de gestão. Além, é claro, de preconceitos, como: mulher chora, mulher casada é mandada pelo marido, mulher que tem filho não consegue se dedicar à empresa de verdade etc.

A consequência disso é que, em algumas empresas, 80% do quadro de colaboradores é composto por mulheres, mas 100% das posições de liderança são reservadas aos 20% de homens. E uma coisa que precisa ficar bem clara é: não existe igualdade de gênero numa companhia na qual só homens tomam as decisões que afetam todo mundo.

Muitas pessoas me perguntam o que as empresas delas podem fazer para facilitar a promoção de mulheres a cargos de liderança? As medidas abaixo costumam ser bastante eficazes:

1) Definam uma política de cotas. Algumas companhias avançaram muito ao criar regras que exigem o acesso de mulheres à média e alta gestão. Várias delas, por exemplo, obrigam que pelo menos 30% dos líderes sejam do sexo feminino. Sei que medidas assim parecem drásticas, mas são necessárias para que, anos depois, diretoras ou gerentes mulheres representem algo corriqueiro na organização.

2) Promovam processos seletivos justos. Muitas empresas têm um discurso bonito de igualdade de gênero, mas seu recrutamento e seleção parecem ser feitos sob medida para a contratação de homens. E como isso se dá? Estabelecem pré-requisitos que retiram as mulheres do jogo logo de cara.

3) Deem um suporte incrível às primeiras mulheres líderes. O sucesso delas é primordial para que as pessoas que dirigem a companhia enxerguem que estão no caminho certo. Anos atrás, fui trabalhar em uma empresa na qual 70% dos líderes são mulheres e todos por lá lembravam que o êxito da primeira delas promovida a líder é que abriu as portas para as demais.

4) Cuidem da base. Se vocês não capacitarem as estagiárias, auxiliares, assistentes e analistas que trabalham hoje em posições operacionais, amanhã também não terão mulheres preparadas para serem as supervisoras, gerentes ou diretoras que a empresa necessita. Portanto, tragam gente que tenha o potencial de, no futuro, fazer bem mais do que aquilo que tem de desempenhar no curto prazo.

É com medidas assim que a sua empresa consegue se tornar uma companhia em que o que vale de verdade é a competência e não o fato de vestirem rosa ou azul.

Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

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