Uma das coisas que sempre me encantou na rotina de trabalho como consultor são as oportunidades que esta profissão me proporciona de ter conversas inesperadas e profundamente enriquecedoras com desconhecidos.

Estou falando daqueles bate-papos despretensiosos que surgem na hora do coffee break em um congresso ou enquanto aguardo o embarque na sala de espera do aeroporto. Ou, ainda, quando almoço com os participantes de um treinamento.

Aliás, é fascinante poder sentar à mesa com gente que não se conhece. No início, ninguém sabe como se comportar direito, mas depois de alguns minutos é comum todos já estarem animados com o rumo da prosa. Você deve ter experimentado isso nem que seja em uma festa de casamento ou formatura, não é mesmo?

O problema é que o isolamento social forçado fez com que as conversas inesperadas simplesmente minguassem. Temos trocado boas ideias com um monte de gente pelas plataformas de videoconferência, mas todos esses encontros são programados. Cadê aquela aleatoriedade que tanto fascinava?

Sinto falta de dar aulas em cursos de pós-graduação presencialmente só para poder conversar com os alunos nos intervalos. Dez anos atrás, uma das principais mudanças no meu negócio surgiu exatamente de uma pergunta provocativa e despretensiosa de um deles enquanto tomávamos café.

Quero de volta os almoços de negócios, happy-hours e reuniões de trabalho nos quais alguém diferente aparece compartilhando ideias incríveis. E até mesmo de bater papo com motoristas do Uber. É bom demais aprender com boas conversas que surgem do nada.

Mas, enquanto precisamos continuar em isolamento social, o que pode ser feito? Existem algumas ações simples para criar conexão com gente desconhecida e outras que ajudam a reaproximá-lo de quem já faz parte do seu círculo de relacionamento:

- Experimente utilizar o Clubhouse. O grande benefício dessa nova rede social é proporcionar justamente boas conversas inesperadas. Apesar de tudo acontecer on-line, muitas vezes até parece que estamos sentados em um bar compartilhando experiências junto de um monte de gente. O app QuarantineChat é outra boa alternativa, mas para conversas um-a-um.

- Telefone para pessoas que você não encontra há algum tempo. Crie o hábito de ligar para quatro ou cinco delas semanalmente só para saber como estão, em conversas de dez a vinte minutos. Mas, repito: ao telefone – e sempre que possível, com vídeo. Mensagens via WhatsApp com texto ou áudio gravado não contam, ok?

- Mude a sua forma de abordar os familiares. Quando for conversar com alguém próximo, em vez do popular “Como foi o seu dia hoje?”, teste o “Qual a coisa mais legal que lhe aconteceu hoje?”. O rumo do bate-papo vai seguir para uma direção muito diferente, animada e criativa. Garanto para você!

Ao fim da pandemia continuaremos cuidadosos em relação a ambientes de muita aglomeração, mas não deixaremos de nos encontrar com outras pessoas. Um dos motivos é que precisamos de conversas inesperadas para aprender coisas novas.

* Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

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