No mundo animal, alfa é uma expressão utilizada para classificar o bicho dominante entre o bando. E, aplicada ao mundo corporativo, diz respeito aos líderes que se destacam da maioria e exalam autoconfiança naqueles momentos em que a maior parte das pessoas não têm ideia de como avançar.

Durante um bom tempo, esse foi o modelo de líder que as empresas buscavam desenvolver sem reservas, ainda que o termo líder alfa não seja tão conhecido assim. E se as biografias de Winston Churchill, Nelson Mandela, Jack Welch, Steve Jobs, Bill Gates e Abílio Diniz, dentre tantos outros exemplos, continuam a fazer sucesso, é porque ainda há fôlego para aprendermos com eles.

É muito fácil nos encantarmos por líderes alfa porque eles são carismáticos, de personalidade forte e ainda por cima entregam ótimos resultados. Todavia, nossas empresas já não podem mais depender primordialmente da competência de quem é visto como fora-de-série. Precisamos desenvolver uma cultura de liderança na qual mais gente tome a frente das coisas, especialmente na hora em que novos problemas aparecem.

Algo com o qual os alfas não concordam muito. Afinal, para eles, dividir o poder de decisão em momentos críticos é um sinal de fraqueza, mesmo que o futuro da companhia esteja em jogo e realmente existam profissionais capazes de ajudá-los a lidar com a incerteza.

Tamanha autoconfiança – ou será arrogância? – não existe por acaso. Eles são pessoas realizadoras. Seu foco no resultado, senso de urgência e precisão cirúrgica os ajudaram a obter sucesso inúmeras vezes. Além do mais, a personalidade forte imprime autoridade a ponto de fazer com que as pessoas os sigam sem grandes resistências.

No entanto, eles também possuem um lado tóxico, que aparece quando as coisas começam a dar errado. A postura dominante e controladora passa a revelar seu lado agressivo na forma como se comunica com as pessoas. Muito impacientes, fazem cobranças excessivas e causam desentendimentos por qualquer coisa. Acuados, agridem justamente quem mais os apoia.

Se você se identifica com estas características do perfil alfa, continue sendo alguém que faz acontecer. Mantenha a coragem que o leva a avançar quando a maioria das pessoas recuaria. Não esqueça de que você inspira o seu time de verdade.

Em contrapartida, cobre menos de você. Aceite que nem sempre terá a resposta certa para os problemas e isso não o diminui perante os outros. Aliás, dê espaço para que gente incrível mostre o seu valor. Pare de acreditar que você é insubstituível.

Essa mudança de mentalidade vai levá-lo a alguns frutos. Você vai pedir mais e mandar menos. As pessoas revelarão coisas para você que antes escondiam. Elogiará mais e repreenderá menos. Seu time deixará de temê-lo e passará a admirá-lo. Às vezes, mostrando fragilidade é que nos tornamos fortes de verdade.

* Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

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