Um erro que você não pode cometer na carreira é investir tempo demais no aprimoramento dos seus pontos fracos e, como resultado, tornar-se mediano em muitas coisas. Profissionais fora-de-série se dedicam a desenvolver os pontos fortes que já os diferenciam.

Quem é competente ao realizar apresentações em público, mas fica perdido quando precisa analisar relatórios financeiros, por exemplo, até pode aperfeiçoar a sua capacidade de raciocínio quantitativo e controlar bem planilhas Excel, só que dificilmente será um expert em finanças.

Porém, como você identifica a sua área de singularidade, onde está o talento ímpar? Antes de mais nada, preste atenção às coisas que são fáceis para você e difíceis para os outros. Tarefas que a maior parte das pessoas demora três horas para concluir e você não leva nem sessenta minutos.

O grande Peter Drucker escreveu um belíssimo artigo na Harvard Business Review, em 1999, tratando exatamente dessa questão: "A maioria das pessoas acha que sabe quais são seus pontos fortes ou potencialidades. Em geral, estão erradas. Com frequência, conhecem melhor suas fraquezas – e, mesmo assim, muitas se enganam."

Já presenciei pais investirem muito dinheiro para que seus filhos se tornem músicos ou esportistas profissionais sem que os jovens tenham um talento acima da média. E o resultado é que as carreiras dessas pessoas geralmente não deslancham depois, na vida adulta. Uma coisa é apreciar música e outra bem diferente é tirar seu ganha-pão dali.

Como muitos garotos brasileiros, acalentei o sonho de ser jogador de futebol durante algum tempo. Mas, quando fui participar de algumas peneiras em clubes de futebol, logo descobri que poderia ser um dos melhores do meu bairro, porém não me destacava ao jogar com os melhores do país. Sinalizou que eu deveria redirecionar os planos futuros e jogar meu futebolzinho apenas por diversão.

Escolhas equivocadas na carreira têm sido cada vez mais comuns porque boa parte das pessoas coloca em primeiro lugar a sua busca por trabalhos que sejam incríveis. Em vez de analisarem o que potencializa seus talentos, focam profissões que, acima de tudo, pareçam legais e promissoras.

É o caso das incontáveis pessoas que embarcaram na "onda do coach” sem terem as competências e experiências mínimas para realizar esse tipo de trabalho. Iludidas pelas promessas de altos ganhos financeiros e flexibilidade na rotina, só muito tempo depois descobriram que angariar clientes e orientá-los não era tão simples assim.

Tem gente que diz: “A minha carreira está patinando há anos, mas eu já investi muito tempo da minha vida nisso para mudar de uma hora para a outra!” Assim mesmo só existem duas opções: resignar-se ou promover as mudanças difíceis.

Se você me permite um conselho, não fique tentando descobrir quais tipos de trabalho “dão dinheiro” e sim como a sua área de singularidade pode ajudá-lo a ser bem remunerado. A resposta a esta pergunta certamente lhe abrirá os olhos para uma série de oportunidades que você ainda não enxerga.

* Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

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