Há algum tempo, inovação já não é um assunto tratado nas empresas apenas quando gestores analisam o que pode ser feito para aprimorar o portfólio de produtos e serviços. Na hora em que dirigem seu olhar para desenvolvimento organizacional, muitos deles também costumam, no mínimo, patrocinar a adoção de novas práticas que já se provaram acertadas em outros lugares.


Mas, em contrapartida, não podemos esquecer que alguns desses líderes só querem posar de moderninhos. Ao saberem que uma companhia de renome fez algo fora da caixa, logo correm para copiá-la. Eles adoram modismos de gestão.


É fácil constatar isso durante a apresentação de cases em congressos. Algumas pessoas ficam tão empolgadas, que nem escutam direito o que o palestrante fala. O que elas querem é sair logo dali e aplicar o quanto antes a solução mágica que, acreditam, ser sob medida para todos os problemas que suas companhias enfrentam.


Portanto, os modismos de gestão fisgam, especialmente, líderes que buscam respostas simples para grandes desafios. Assim que encontram algo novo, com um nome em inglês e o frescor da modernidade, eles logo embarcam. Ainda que a estratégia em questão seja bastante similar àquilo que existe há um bom tempo.


Eu mesmo já perdi a conta de quantas vezes fui procurado por altos executivos que queriam saber: "O que você tem de novo para nós? Qual a nova febre do mercado? O que as outras empresas têm feito ultimamente?” Confesso que nessas horas dá vontade de encerrar a conversa.


Algum tempo atrás, um número razoável de companhias que pretendiam conquistar a certificação ISO 9001 nem sabia direito do que se tratava. O que seus gestores buscavam era um diploma para terem no escritório e não uma empresa que exalasse qualidade superior. E o mesmo aconteceu também com inúmeros bons projetos de gestão por competências, avaliação 360º e inbound marketing que nem deveriam ter começado.


Antes de implantar qualquer nova prática, ferramenta ou metodologia de gestão que possa mudar para melhor – ou pior – o curso da sua empresa, avalie o contexto. Nem tudo o que funciona no mercado, serve para vocês. E ainda que sirva, é importante considerar o momento ideal de introduzi-la.


Outra coisa importante é estudar se os colaboradores que trabalham com vocês têm as competências necessárias. Ainda é comum empresas contratarem softwares de gestão robustos e depois não conseguirem rodá-los no dia a dia por falta de gente capaz de operá-los.


Também não ignore os traços da cultura organizacional. Em algumas companhias, por exemplo, a avaliação 360o acaba não dando certo porque a transparência não é um dos valores centrais cultivados. Daí, quando um colaborador recebe o convite para dar feedback sobre o trabalho do chefe, morre de medo do que pode acontecer com ele se falar algo "que não deveria".


Estar aberto às mudanças e saber inovar seguramente são competências-chave em seu negócio, no entanto é crucial você ter a capacidade de reconhecer o que é – e o que não é – adequado no momento atual pelo qual passa a sua organização. Se nem tudo o que é novo ou bonito na casa dos outros cai como uma luva na sua residência, o mesmo vale para algumas práticas de gestão.

* Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial