Depois de obter a medalha de bronze na Olimpíada de Tóquio no ano passado, o atleta brasileiro Alison “Piu” dos Santos agora foi ainda mais longe. No último dia 20/07 ele se tornou o campeão mundial da prova dos 400m com barreiras disputada na Universidade de Oregon (EUA), um dos principais palcos do esporte.

Imagem ilustrativa da imagem Como você performa quando os holofotes estão voltados pra você?
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Para isso, ele superou nada menos do que o norueguês Karstem Warholm, atual campeão olímpico, bicampeão mundial e recordista mundial da prova. E ainda chegou à frente dos norte-americanos Rai Benjamin e Travor Bassitt que fizeram, respectivamente, a sua melhor prova individual da temporada e a melhor marca da vida. Ou seja, o feito de Piu precisa ser comemorado mesmo.

Porém, eu decidi escrever sobre ele na coluna de hoje não por causa do que Piu fez na pista e sim para resgatar o que o atleta brasileiro disse logo depois do título. Em entrevista ao canal SporTV, quando questionado sobre como ele se sentia pouco antes da prova, ele falou:

“Competir é muito fácil. Não tem dor, stress, nada. Fico nervoso nos treinos. Quando estou aqui eu me sinto em casa. Me sinto muito confortável porque sei que a parte difícil já foi".

Para alguns desavisados a frase até pode soar como arrogância de quem chegou ao auge com apenas 22 anos e “se acha”, porém ela ensina outra coisa.

Em um país marcado por atletas promissores que “tremeram na base” na hora em que o mundo inteiro estava de olho neles, o que Piu nos lembra é que o profissional bem preparado tecnicamente e emocionalmente tem tudo para performar acima da média na hora em que os holofotes são ligados.

O difícil mesmo é se tornar melhor do que os principais concorrentes enquanto você treina sozinho, suportar as dores típicas de quem leva seu corpo à exaustão quase todos os dias, manter uma alimentação extremamente regrada, deixar a diversão de lado durante anos e ainda permanecer motivado diante alguns resultados ruins.

Quando Piu lembra que, durante a competição, ele se sente em casa, está nos dizendo que em qualquer hora H, em vez de ficarmos temerosos com o que pode ocorrer, devemos apreciar o momento, principalmente quando a lição de casa foi feita.

Portanto, Piu vê a competição como a recompensa maior e não um ônus a mais. E isso é tão verdadeiro que pouco antes da prova que o consagrou dá para vê-lo sorridente e brincalhão, enquanto que os demais corredores estampam a tensão no rosto. Até lembra o multicampeão Usain Bolt, que também ficou marcado pela descontração segundos antes de qualquer prova.

A partir de hoje preste atenção em como você reage quando os holofotes estão voltados pra você. Nesses momentos você é tomado por temores derrotistas que prejudicam o seu desempenho ou você se sente energizado a ponto de fazer “a melhor prova da sua vida”. Resumindo: os holofotes te fazem encolher ou crescer?

* Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

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