O perfil típico dos profissionais que ocupam cadeiras nos conselhos de administração das empresas tem mudado. Se antes essa função era exercida exclusivamente pelos chamados “cabeças-brancas”, aqueles executivos na faixa de 60 anos, agora também passou a ser exercida por pessoas com pouco mais de 30.

Com o fácil acesso à informação e inúmeras inovações disruptivas mudando as regras do mercado a todo momento, profissionais jovens estão tendo a chance de viver experiências intensas e enriquecedoras logo de cara. Ou seja, muita gente tem amadurecido mais rápido.

E as empresas estão atentas, em especial, a quem fundou startups bem-sucedidas. Aquele tipo de líder que, apesar da pouca idade, já provou ser capaz de implementar soluções inteligentes para oportunidades de negócios no mundo digital.

E não pense que essa é uma nova “onda”. Na maior parte dos conselhos de administração todos já estão convencidos de que é preciso diversidade no quadro de conselheiros. Sem a presença de pessoas que possam apresentar diferentes perspectivas sobre a forma de se gerir o negócio, o nível de acerto das decisões cai muito.

O mesmo movimento também está ocorrendo em outras searas. Quando falamos em mentoria no modelo tradicional, logo vem à cabeça a ideia de alguém sênior orientando um talento promissor. Agora as empresas também passaram a implantar programas de mentoria reversa no qual profissionais jovens aconselham gestores maduros em questões que estes não dominam, como é o caso de novas tecnologias.

Os congressos de gestão são um outro exemplo. Palestrantes com menos de 30 anos eram artigo raro algum tempo atrás. Nesse ano, em vários eventos, eles já foram maioria na grade de programação.

Muitos profissionais jovens estão preparados para aconselhar gente com décadas de experiência porque os novos problemas de negócios que vêm surgindo exigem abordagens que executivos seniores ainda desconhecem.

Para ser mais claro, quando o problema é antigo, quem é mais velho geralmente se dá melhor porque já o enfrentou antes. No entanto, sempre que o problema é novo, quem tem anos de carreira e quem não tem acabam igualados, saindo na frente aquele que não teme enfrentá-lo primeiro.

Experiência tem a ver com repertório. Por isso, quanto mais situações desafiadoras você encontra em seu dia a dia, maiores são as suas chances de amadurecer. E o contrário também é verdade: num trabalho estritamente rotineiro – sem grandes buchas a serem resolvidas –, você não é estimulado a evoluir.

Os profissionais jovens que passaram a atuar como conselheiros em médias e grandes empresas não estão ali porque são jovens e sim porque conseguem abordar os novos problemas de negócios com a competência e a lucidez que outros profissionais, independente da idade, não conseguem abordar.

Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial