Ficar empregado em um mesmo lugar a vida toda é algo que não passa mais pela cabeça da maioria das pessoas. E nos últimos anos já deu para notar que muita gente está optando por, além de trabalhar em várias empresas ao longo da sua trajetória, também construir uma carreira flexível.

Imagem ilustrativa da imagem A construção de uma carreira flexível
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Mas, o que é isso? Carreira flexível é um conceito que está associado ao trabalhador que é capaz de atuar em diferentes tipos de ocupação ou profissão no dia a dia. Como é o caso de quem opera como contador e professor, dentista e músico ou advogado e corretor de imóveis.

Para saber se a sua carreira já é flexível, é só se questionar: “Se a partir de amanhã eu não pudesse mais desempenhar a profissão de onde tiro o meu sustento, o que eu faria?"

Portanto, a carreira flexível só se configura na prática quando você consegue gerar renda em duas ou mais ocupações ou profissões distintas. Se não existe renda, então aquele trabalho é apenas um hobby. E quando a remuneração é instável, trata-se do conhecido "bico".

Nas organizações menos hierarquizadas e com cargos de escopo mais abrangente, profissionais flexíveis têm conseguido ocupar os novos papéis com relativa facilidade. Até lembro de um diretor falando a um candidato certa vez: “Ainda não sei o que você vai fazer por aqui, mas realmente quero que trabalhe na minha empresa”. Ou seja, há companhias que criam cargos para comportar os polivalentes.

O conceito de carreira flexível não é um modismo. Ele veio para ficar porque faz parte do mesmo movimento mundial que tem procurado imprimir métodos de gestão ágil nas organizações. Lembre-se: com pessoas encaixotadas em cargos rígidos nenhuma empresa consegue implantar OKRs, squads ou sprints, por exemplo.

No entanto, existem alguns passos se você enxerga a sua carreira como inflexível e pretende reconfigurá-la a partir de agora. O primeiro deles é discernir que novo tipo de trabalho você pode exercer tomando por base suas competências e experiências profissionais. O segundo é ter a coragem de dar um passo fora da zona de conforto, especialmente se hoje você adora aquilo que faz, é bem remunerado e ainda tem estabilidade.

E mais uma outra coisa importantíssima: precisa estar disposto a reservar um tempo precioso da sua agenda semanal no desempenho da nova atividade, concordando com os impactos indesejados de curto prazo que provavelmente afetarão a renda familiar, o tempo dedicado ao lazer e a sua paz de espírito.

Desenvolver uma carreira flexível não é a melhor escolha para todo mundo e nem pode ser uma estratégia adotada com o intuito único de minimizar as incertezas que existem no mercado de trabalho. Mas, é inegável o seu poder de atração para quem busca diferentes tipos de experiência, quer fugir de uma jornada linear e ainda adora aprender coisas novas.

Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

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